Tuesday, December 03, 2013

Saint-Gobain aposta em novos produtos para crescer

Com o mercado de material de construção altamente impactado pela desaceleração da economia, o grupo francês Saint-Gobain tem canalizado grande parte dos esforços para negócios com alto potencial de crescimento, como placas de gesso, por exemplo, o chamado drywall. "Novos materiais irão puxar a nossa atuação no Brasil", afirmou ao DCI o presidente da companhia, Benoit d'Iribarne.
Somente o negócio de drywall da Saint-Gobain, material mais utilizado em prédios comerciais e hotéis pela rapidez na instalação, deve registrar crescimento de 15% em 2013.
"O mundo inteiro usa muito a placa de gesso e, no Brasil, ainda existe bastante espaço para que este negócio evolua", destaca d'Iribarne. No final do ano passado, o grupo anunciou investimento de R$ 125 milhões para a construção de uma nova fábrica de placas de gesso em Feira de Santana (BA), de olho na demanda em ascensão, no País. Com o aporte, a capacidade de produção de drywall da companhia deve dobrar para 40 milhões de metros quadrados.
E apesar de saber da importância dos mercados do Norte e Nordeste, o presidente da Saint-Gobain destaca que a companhia não irá priorizar apenas uma região. "A ideia não é limitar a nossa atuação e, sim, abastecer o mercado nacional inteiro", diz d'Iribarne.
Para tanto, o grupo pretende investir cerca de R$ 350 milhões anualmente para continuar registrando índices de crescimento acima da média do setor. Segundo d'Iribarne, a companhia deve ter um incremento de 10% neste ano no País, mais que o dobro do projetado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). De acordo com a entidade, a atividade deve crescer 4%, neste ano, em relação a 2012.
Além de fortes investimentos anuais, outra prática do grupo é manter o máximo de capilaridade possível. "Nossa estratégia é estar perto do cliente", diz d'Iribarne. Isso porque o alto custo de logística no País geralmente obriga fabricantes de material de construção a operarem em diversas unidades fabris. Atualmente, a Saint-Gobain possui 53 fábricas no Brasil para as diversas marcas que detém. Duas das mais conhecidas pelos consumidores são Brasilit (telhas e caixas d'água) e Quartzolit (argamassas).
A companhia francesa aposta também em outro produto pouco conhecido no País, a placa cimentícia, para fortalecer os seus negócios. De acordo com o presidente da Saint-Gobain, este material substitui a fase do acabamento e reduz em 50% o tempo de construção, fator que impacta consideravelmente os custos de uma obra.
"O chamado sistema de construção a seco possui um custo muito competitivo, sem comprometer acabamento e isolamentos térmico e acústico", garante d'Iribarne. Ele ressalta que o sistema está presente em residências construídas pelo programa Minha Casa Minha Vida. E, apesar de custar cerca de 5% a mais que o sistema convencional, o executivo reforça que os custos serão amplamente compensados pela redução de tempo da obra e também de rejeitos.
Enquanto a construção civil continua balizando o crescimento da companhia, o negócio de vidro (através da empresa Verallia) da Saint-Gobain segue com uma pedra no sapato, a importação, oriunda principalmente da China. "No país asiático, existem mais de 230 fábricas de vidro. É uma supercapacidade que eles precisam escoar para o mundo a qualquer preço", diz d'Iribarne.
A companhia possui cinco unidades fabris de vidro no País e para continuar sobrevivendo, o setor já possui pedidos no governo para travar o aumento das importações. "Temos o pleito de antidumping e esperamos que entre em vigor em breve. Tivemos uma invasão da China no segmento", destaca d'Iribarne.
Conjuntura
O presidente da Saint-Gobain está mais otimista em relação a 2013. "O ano de 2012 foi muito difícil. Este deve ser bem melhor", afirma o executivo. Porém, a economia brasileira patinou desde meados do segundo trimestre, principalmente diante da inflação que, no teto da meta estabelecida pelo governo, reduziu muito o poder de compra do brasileiro. E o setor de material de construção é altamente sensível à renda.
"Acreditamos que a inflação deva melhorar um pouco mais no País", diz d'Iribarne. O executivo acredita também que as eleições de 2014 podem ajudar a melhorar o ambiente doméstico.
d'Iribarne destaca que a empresa trabalha sempre no longo prazo e a desaceleração que a economia brasileira atravessa, no momento, não será suficiente para frear os planos da Saint-Gobain. "A dinâmica está um pouco mais lenta do que gostaríamos. Mas acreditamos em projetos de longo prazo", diz.
O executivo ressalta que alguns fatores controlados pelo governo - como o preço do gás natural, insumo importante para a empresa francesa - podem minar a indústria no País. "O governo precisa olhar para a competição desleal, há ainda muito que se fazer por aqui. O Brasil tem um potencial grande de crescimento", diz.
Diário Comércio Indústria e Serviços – 02/12/2013
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