Tuesday, December 17, 2013

Produção de ração só deve se recuperar no próximo ano

A indústria nacional de rações só deve recuperar seu nível de produção alcançado em 2011 no próximo ano, após dois anos amargando com a disparada no preço das commodities, que afetou a demanda por parte da produção de carnes. A expectativa para 2014 é que a produção suba 3% e alcance 64,89 milhões de toneladas, após um ano de produção estável, assinalou Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), durante evento em São Paulo.
Neste ano, a produção deve ficar em 63 milhões de toneladas, o mesmo volume produzido no ano passado, o que deve movimentar R$ 40 bilhões. Apesar de ter havido uma redução no preço do milho, houve falta de demanda, já que em 2012 as indústrias de aves e suínos reduziram o plantel de reposição, o que se refletiu em uma menor quantidade de leitões e pintinhos neste ano.
Já no próximo ano, Zani vê um crescimento da demanda, já que os setores de aves e suínos, que representam 80% da demanda por rações no País, também estão estimando avanço de produção. No caso da avicultura, a expectativa é de crescimento de 3% do volume exportado e de 4% na produção, enquanto a suinocultura acredita em um avanço de 9% na atividade. "Pela média ponderada de cada setor, o avanço do nosso deve ser no máximo 3%", atesta Zani.
A demanda externa por carne vermelha, que deve aumentar no ano que vem, é uma das principais apostas do setor. Neste ano, a demanda da pecuária de corte por ração caiu 4,2% por causa da valorização do bezerro e do boi magro, o que fez o produtor preferir engordar o boi no pasto que com ração no confinamento.
A produção de suínos e aves também deve consumir mais ração, após reduzirem a demanda em 0,6% e 1,3%, respectivamente. Até setembro, a avicultura consumiu 22,1 milhões de tonelada de ração, enquanto a suinocultura foi responsável por 10,89 milhões de toneladas. O setor vendeu de janeiro a setembro 46,5 milhões de toneladas.
Já a produção de ração para a produção de peixes foi um ponto fora da curva neste ano e cresceu 12,2%, consumindo até setembro 550 mil toneladas. Segundo Zani, o segmento promete continuar com um aumento na demanda acima de 10%.
A criação de aves para a produção de ovos e a de vacas para a produção de leite também foram bons mercados consumidores de ração neste ano e prometem ao menos manter o mesmo nível de consumo no próximo ano.
No caso da produção de ovos, Zani afirma que a superprodução deste ano já está se refletindo em preços menores para o produtor, o que pode levar ao efeito reverso no próximo ano. A produção de ovos consumiu 5% mais de ração até setembro deste ano, com 4,18 milhões de toneladas. O mesmo efeito pode ocorrer na produção de leite, que neste ano consumiu 3,88 milhões de toneladas de ração até o terceiro trimestre, alta de 2,5% na comparação anual.
Apesar da previsão de crescimento, o setor deve apenas recuperar o nível produzido em 2011. No ano seguinte, quando os Estados Unidos foram atingidos por uma seca que cortou sua produção de grãos, o setor no País foi pego de surpresa com a alta no preço do farelo de soja e do milho.
O vice-presidente executivo do Sindirações diz que o setor está vendo para o ano que vem uma tendência de novas reduções no preço do milho, mas um cenário de sustentação dos preços do farelo de soja, com viés de alta. "A China ainda está importando muito e esta mantendo a demanda aquecida", afirmou.
Suplementos nutricionais
A indústria de suplementação nutricional de animais fabricou 2 milhões de toneladas neste ano. O volume se manteve estável e não recupera as perdas do setor, já que no ano passado a produção foi 20% menor que em 2011. Segundo o vice-presidente executivo da entidade, "há resistência do produtor à tecnologia, que encara a suplementação como um custo, e não como investimento".
O Sindirações pretende criar uma ação no próximo ano para incentivar o segmento que, segundo Zani, tem potencial para oferecer 6 milhões de toneladas ao mercado interno, o triplo do consumido atualmente.
Tarifação desigual
O vice-presidente do Sindirações afirmou ainda que a desoneração de apenas alguns elos da cadeia de produção de proteína feitos até agora prejudicaram o segmento de produção de rações, que não foi desonerado. Em outubro, o governo desonerou os produtores de soja e milho do PIS-Cofins, assim como já ocorre no segmento de produção de aves e suínos desde 2010. Como o setor de ração continuou tributado, acumulou um crédito que não pode ser compensado, o que vira custo. "Ou a indústria absorve esse custo e reduz a margem, o que a faz perder competitividade, ou repassa em preço", atestou. Segundo Zani, o efeito pode ser o encarecimento dos alimentos para o consumidor, efeito contrário ao que o governo pretendia ao desonerar segmentos isolados da produção de proteína.
Diário Comércio Indústria e Serviços – 16/12/2013
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