Tuesday, December 17, 2013

BMW planeja montar cinco modelos no Brasil

Um sedã com motor flex (bicombustível), equipado com turbo e vendido hoje no Brasil ao preço de R$ 130 mil será o ponto de partida na fábrica que está sendo erguida pela BMW no norte de Santa Catarina. Ontem, a direção da montadora alemã anunciou que o 320i - que compõe a Série 3 da marca - será o primeiro modelo a ser montado no país.
O carro foi apresentado como o único desenvolvido no segmento premium para rodar tanto com gasolina como com etanol, ao mesmo tempo em que alia no sistema de propulsão um turbocompressor e o mecanismo de injeção direta de combustível na câmara de combustão - duas soluções que permitem reduzir o tamanho dos motores, sem comprometer a potência do veículo.
Depois do sedã da Série 3, passarão a ser produzidos na fábrica brasileira, não necessariamente nessa ordem, um hatch da Série 1 e dois utilitários esportivos - X1 e X3. Como havia antecipado o Valor, o Mini Cooper também será montado no local. Segundo a BMW, o modelo será produzido no país na versão Countryman, uma espécie de utilitário esportivo da família dos minis ingleses que integram o portfólio do grupo.
Os cinco modelos, todos a serem montados numa única linha de produção, foram anunciados ontem pela BMW durante o lançamento da pedra fundamental da fábrica que está sendo erguida pela no município de Araquari, em Santa Catarina. Cerimônias do tipo são realizadas para oficializar o início das obras de uma fábrica. Mas no caso da BMW, a cerimônia teve aspecto meramente protocolar porque desde maio a montadora prepara o terreno e a construção já entrou na fase de fundações.
O plano da empresa é concluir as obras até setembro do ano que vem para iniciar a produção no mês seguinte. O investimento supera € 200 milhões, ou aproximadamente R$ 600 milhões. A capacidade de produção anual da linha, que a BMW almeja alcançar em três anos, será de 32 mil veículos em um único turno de trabalho, com a geração de aproximadamente 1,3 mil empregos diretos e outras 2,5 mil vagas em fornecedores e concessionárias de carros.
A fábrica vai ocupar um terço de um terreno de 1,5 milhão de metros quadrados. Terá linhas de montagem, soldagem, sistemas de pintura e logística, além de prédios administrativos e auxiliares. Ao incluir todos esses processos, deixando de fora poucas linhas, como estampagem e motores, a montadora diz que o empreendimento consegue atender a todas as exigências do Inovar-Auto, o programa do governo federal que concede incentivos fiscais em troca da nacionalização de veículos.
Junto com a fábrica, o grupo está montando um centro de treinamento em Joinville, cidade a 20 quilômetros de Araquari. O local vai abrigar uma réplica da futura linha de montagem para preparar, a partir do mês que vem, os futuros operários da empresa.
Ao discursar na cerimônia de pedra fundamental, o chefe da BMW na região das Américas, Ludwig Willisch, destacou os dois principais motivos que levaram a montadora a investir no norte de Santa Catarina: o acesso à mão de obra qualificada de um polo metal-mecânico, mais a proximidade a cinco portos do Estado.
Segundo ele, o investimento no Brasil - quarto maior mercado automotivo do mundo - está alinhado à estratégia da montadora alemã de produzir onde há demanda aquecida. "Esse é um sinal claro de que estamos assumindo com o Brasil um compromisso de longo prazo e com a sustentabilidade", afirmou o executivo, ao abordar também o desenvolvimento do motor flex para o 320i. Na Europa, a montadora trabalha para levar a tecnologia bicombustível, consagrada entre os consumidores brasileiros, aos demais modelos que serão produzidos no país.
Apesar da expectativa de muitos de que a produção de carros premium no Brasil poderia torná-los mais acessíveis, o presidente da BMW no país, Arturo Piñeiro, adiantou que os preços da marca não devem mudar quando a fábrica estiver concluída.
Segundo ele, os preços da BMW já são competitivos, dados os incentivos obtidos com sua habilitação ao Inovar-Auto. Com a adesão ao programa, a BMW pode vender até 12,8 mil carros por ano no mercado brasileiro sem ter de pagar os 30 pontos percentuais extras do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicados nos veículos importados. O benefício é dado em contrapartida aos investimentos feitos pelo grupo no Brasil.
Quando a fábrica estiver pronta, a BMW vai escapar também dos 35% do imposto de importação, mas Piñeiro disse que, apesar disso, os custos de produção no país são muito parecidos com o que a empresa enfrenta em outras regiões do mundo.
"Portanto, não existe redução de preço radical, como as pessoas imaginam. Os preços ficarão no mesmo nível que estão agora", afirmou o executivo. Hoje, os preços da BMW no Brasil partem de R$ 99,9 mil, no modelo 116i, e chegam a quase R$ 525 mil, caso do utilitário esportivo X6.
Além da BMW, a direção da Mercedes-Benz, que vai construir uma fábrica no interior paulista, já adiantou que a nacionalização dos modelos não vai acarretar reduções de preço. A justificativa é que, apesar dos benefícios fiscais permitidos por uma fábrica no Brasil, as montadoras precisam buscar o retorno dos pesados investimentos feitos nas linhas de montagem.
Ao falar com jornalistas após a cerimônia de pedra fundamental, Piñeiro disse que, com a ascensão social no país, o mercado de carros premium deve crescer de um volume anual de 50 mil para mais de 100 mil veículos nos próximos cinco anos.
O objetivo da marca é conquistar cerca de 40% desse volume com a produção de 32 mil automóveis em Araquari, mais a importação de outras 8 mil unidades.
Valor Econômico - 17/12/2013
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