Tuesday, October 15, 2013

Preço alto e margem baixa no celular

Chama atenção o estudo internacional que apontou que o Brasil tem a tarifa de celular mais cara do mundo porque, do ponto de vista das empresas, o país está entre os que geram menor margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) na telefonia móvel, o que sugere competição acirrada.
Levantamento do Valor com base em dados sobre o período de 2009 a 2012 mostra que a margem Ebitda média no segmento ficou em 27% no Brasil, índice que fica acima apenas daquele observado no segmento de telefonia celular dos Estados Unidos, de 25%, e no mercado de telefonia com um todo do Reino Unido, de 24%.
Aparentemente, portanto, vive-se o pior dos mundos. O serviço é caro para quem paga, a qualidade é ruim e as empresas não conseguem ganhar tanto dinheiro com o negócio.

O estudo pesquisou números referentes a 16 empresas do setor, em 22 países ou regiões. Entraram no levantamento as americanas AT&T, Verizon, Sprint e Metro PCS, a mexicana América Móvil, a espanhola Telefónica, a alemã Deutsche Telekom, as britânicas Vodafone e British Telecom, as francesas France Telecom/ Orange e Vivendi , a italiana Telecom Italia, a sueca TeliaSonera, a holandesa KPN e a portuguesa PT, além da brasileira Oi.
No serviço de telefonia fixa do Brasil, a margem média é maior, de 36% no período analisado, na metade menos competitiva da amostra estudada.
Cabe lembrar que, uma vez apurado o Ebitda, a empresa ainda precisa custear investimentos e pagar credores e tributos antes de remunerar o acionista.
O levantamento coloca Itália, República Tcheca e México como os países em que a margem Ebitda média é mais alta, em 46% nos dois primeiros casos e 42% no terceiro (para esses países os dados se referem a apenas duas concorrentes).
Uma característica que fica evidente no estudo é que, entre as companhias com atuação internacional, a regra é ter margens maiores nos seus mercados de origem, onde costumam possuir uma posição relevante de mercado.
A margem Ebitda da América Móvil no México é de 50%, ante um índice de 38% quando se olha seu resultado global. A Telefónica tem margem de 43% na Espanha, ante uma taxa de 37% no consolidado. A Deutsche Telekom ganha 40% de cada 100 euros de receita na Alemanha, ante 32% no resultado total. O mesmo ocorre com Orange, Telecom Italia e Telia.
Além da facilidade maior para impor preços, isso decorre também de ganhos de escala e de custos menores com interconexão.
Os dados capturados permitem observar também uma queda na lucratividade das empresas, com estagnação ou retração das receitas de telefonia fixa. A margem Ebitda média caiu de 34% em 2009 para 31% em 2012, com 12 empresas da amostra apontando redução no indicador, uma com nível estável e apenas três com elevação.
No Brasil, as margens consolidadas (incluindo telefonia fixa e celular) ficaram praticamente estáveis em 33% desde 2009. Mas quando se observa uma série mais longa, nota-se que apenas recentemente a competição com os celulares e com os telefones tipo VoIP (voz sobre IP) provocou redução importante das margens da telefonia fixa.
Após a privatização, entre 1998 e 2002, quando o modelo previa concorrência apenas com empresas-espelho de pequeno porte, Telesp, BrT e Telemar apresentavam margem Ebitda média de 52%, 47% e 44%, respectivamente.
Já no último quadriênio para o qual existe dado disponível de todas as empresas para o segmento - de 2007 a 2010 -, a margem média da Telesp e da BrT tinha recuado para 41%, enquanto da Telemar ficou em 36%.
No ramo de telefonia celular, de 2005 e 2007 as margens foram mais apertadas, com elevados subsídios para compra de aparelhos. Já os dados mais recentes apontam para uma acomodação em torno de 30% ou um pouco abaixo disso, sendo que TIM, Claro e a antiga BrT Móvel puxam a média para baixo e Vivo e Oi para cima.
Valor Econômico - 15/10/2013
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