Thursday, October 31, 2013

Goodyear prepara mais investimentos

Perto de concluir um programa de expansão que somou aportes superiores a US$ 240 milhões nos últimos dois anos, a Goodyear, terceira maior fabricante de pneus do mundo, começa a preparar um novo ciclo de investimentos no Brasil. A subsidiária da empresa espera até o fim deste ano o sinal verde da matriz do grupo em Ohio, nos Estados Unidos, para levar adiante o que está sendo chamado internamente de "segunda fase" de desenvolvimento dos negócios no país, dando sequência à retomada dos investimentos da marca para enfrentar a crescente concorrência dos importados e a chegada de novos fabricantes de pneus.
A primeira fase teve como foco o desenvolvimento de pneus de alta performance para carros de passeio e utilitários leves, junto com a modernização e ampliação da fábrica em Americana, no interior de São Paulo. A direção da empresa na região não dá muitas pistas de qual será a próxima etapa, mas adianta que já solicitou à controladora americana a aprovação de mais um "aporte importante" na operação brasileira.
Alguns estudos encomendados a consultorias para identificar as preferências dos consumidores de pneus, assim como os segmentos de mercado mais promissores, devem ser concluídos em breve para pautar os próximos passos da companhia. Segundo Jaime Szulc, presidente da Goodyear na América Latina, a ideia é entender, a partir de uma eficiente base de dados, quais são os produtos adequados às necessidades do mercado local e, a partir daí, manter o foco neles.
Embora as vendas de veículos no Brasil tenham mais do que dobrado na última década, o bolo do mercado automotivo passou a ser dividido por um número crescente de marcas de pneus. Só no ano passado, as importações superaram 26 milhões de pneus, um volume que preencheu 40% do consumo e que justificaria a construção de duas fábricas no país, segundo a Anip, a entidade representante da indústria nacional de pneumáticos. Concomitantemente, novos grupos se estabeleceram com unidades produtivas no Brasil - o último foi a Sumitomo, quinto maior produtor de pneus do mundo, que, recentemente, começou a produzir no Paraná.
"Quando se tem mel, as abelhas vêm, não tem jeito. Temos um mercado maravilhoso, mas as empresas precisam agora lutar como nunca pelo share [participação de mercado]", diz Szulc. A resposta da Goodyear ao acirramento da concorrência foi ampliar a cobertura de mercado em direção a novos segmentos - sobretudo em pneus de alto valor agregado - e eliminar os produtos menos rentáveis na busca por maior eficiência comercial e industrial.
Como resultado dos investimentos mais recentes, a Goodyear, segundo Szulc, dobrou a capacidade de produção de linhas que estão no "mercado-alvo", como os pneus de alta performance que equipam carros de luxo. O executivo é cauteloso ao abrir números, mas cita como exemplo o segmento de automóveis de grande porte importados, no qual a cobertura da fabricante saltou de 7% para 68% com os últimos lançamentos.
Ele diz que o desempenho da Goodyear no Brasil foi muito sustentado neste ano pelo aumento da produção de veículos, mas que, em 2014, cerca de 60% do crescimento das vendas virá de novos produtos colocados no mercado.
Ao mesmo tempo, a companhia tem como meta eliminar entre 30% e 40% dos pneus que não agregam valor, acabando, por exemplo, com a sobreposição de produtos que competem em um mesmo mercado. Szulc diz que a Goodyear, em alguns casos, chega a ter dois ou três opções de pneus dentro de uma única medida, o que confunde o consumidor e gera ineficiências de produção.
A estratégia já produz bons frutos nos resultados do grupo. Ontem, ao divulgar o balanço do terceiro trimestre, a empresa informou que a América Latina, onde o Brasil representa o maior mercado, teve crescimento de 82% no lucro operacional, comparativamente ao mesmo período de 2012. Nos três meses encerrados em setembro, os ganhos da Goodyear na região somaram US$ 89 milhões.
O desempenho refletiu a melhora no mix de preços dos produtos vendidos, dado o crescimento dos volumes no mercado de reposição em relação aos pneus vendidos a montadoras, onde as margens são mais apertadas. Tal fator se combinou a menores custos de matérias-primas, compensando impactos negativos da conversão dos resultados para valores em dólares, maiores despesas com vendas e administrativas e a queda de 4,3% no volume total de pneus vendidos na região, para 4,5 milhões de unidades entre julho e setembro de 2013. Nos nove primeiros meses do ano, os ganhos na América Latina somaram US$ 231 milhões, uma alta de 42,6%.
Já na soma de todas as operações no mundo, a Goodyear teve lucro líquido de US$ 166 milhões no terceiro trimestre, resultado recorde para o período e 51% acima da cifra de um ano antes. Apesar da queda de 5% no faturamento global, que somou US$ 5 bilhões, os resultados da Goodyear foram favorecidos pela redução nos custos de matérias-primas e pela melhora dos níveis de produção.
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