Tuesday, January 08, 2013

Produção de pneu recua na briga com asiáticos

Com o recorde nas vendas de carros e as medidas do governo contra a entrada de produtos importados, a indústria brasileira de pneus tinha motivos para acreditar em resultados positivos no ano passado. Contudo, o setor perdeu mais uma vez a briga para a concorrência asiática e fechou 2012 com o segundo ano consecutivo de queda na atividade.
Nas contas da Anip - a entidade que abriga os fabricantes nacionais de pneumáticos -, a produção ficou de 7% a 8% abaixo dos volumes de 2011, quando 66,9 milhões de pneus saíram das fábricas.
Mesmo com os emplacamentos de carros chegando a níveis históricos após os cortes, em maio, no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o avanço das importações no mercado de reposição e o cenário ainda difícil para as exportações pesaram contra os pneus nacionais.
Além disso, o setor foi prejudicado pelo descompasso entre as vendas e a produção das montadoras, como resultado do péssimo desempenho da indústria de caminhões e dos ajustes nos estoques de carros durante a primeira metade do ano. Apesar do crescimento próximo a 5% nos licenciamentos - o que manteve o Brasil como o quarto maior mercado automotivo do mundo -, a fabricação de veículos caminhou na direção oposta e mostrou queda de 2,1% até novembro.
Essa combinação de fatores resultou em um recuo de 7% na produção de pneus nos onze primeiros meses do ano passado, num total de 57,9 milhões de unidades, segundo os números da Anip. Até outubro, as exportações, que respondem por um quarto da produção, cederam 24,2%, enquanto as importações - vindas, principalmente, da Ásia - alcançaram 40% do mercado, que soma cerca de 90 milhões de pneus por ano.

"Sempre tivemos a balança comercial positiva, mas desde 2011 ela está negativa", diz Alberto Mayer, o novo presidente da Anip, ao informar que o setor marcou déficit comercial pelo segundo ano seguido em 2012.
Em relação aos volumes de 2005, quando a participação dos importados era de 24%, as importações de pneus já cresceram mais de sete vezes, informa o executivo. Segundo ele, a recuperação do dólar deu um alívio, mas a competitividade da indústria brasileira continua pressionada pelo alto custo das matérias-primas, como a borracha natural, a borracha sintética e os derivados de petróleo, cujos preços são definidos pelo mercado internacional.
O apoio do governo veio com a inclusão dos fabricantes de pneus entre os setores que tiveram desoneração da folha de pagamento, junto com o aumento, de 16% para 25%, nas alíquotas de importação de algumas linhas. A disputa contra os importados ainda inclui investigações de dumping envolvendo pneus de carros e de motocicletas vindos de países asiáticos, incluindo China, Taiwan e Tailândia.
Mas, para o setor, o governo está gastando sua munição em apenas uma parcela do mercado, sendo incapaz de reequilibrar as forças entre a indústria nacional e uma concorrência que a Anip já classificou como desleal e oportunista, ao questionar a qualidade de parte dos produtos vindos do exterior.
Representantes da indústria brasileira de pneus também dizem que o custo de responsabilidade ambiental, decorrente da coleta e reciclagem dos pneus, coloca os fabricantes brasileiros em desvantagem maior na disputa com os já competitivos preços da Ásia.
Essa argumentação, contudo, vem sendo rebatida pela Abidip, a entidade que representa os importadores, que diz que seus associados também são obrigados a contratar empresas credenciadas pelo Ibama para dar destinação aos seus pneus usados.
Para Mayer, a decisão do governo de manter por mais um ano a desoneração das exportações - dentro do regime conhecido como Reintegra - constitui um ponto de partida para a melhora da competitividade e, como consequência, a retomada dos níveis de produção em 2013.
Diante de expectativas que apontam para um crescimento contínuo das vendas de veículos - com potencial de colocar o Brasil entre os três maiores mercados do mundo nos próximos anos -, os fabricantes de pneus investiram R$ 7,3 bilhões entre 2006 e 2011. O programa de investimentos em curso - por empresas como Pirelli, Goodyear e Bridgestone - prevê desembolsos de R$ 3,4 bilhões no período de 2012 a 2015.
Valor
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