Thursday, January 17, 2013

Mercado dos EUA volta a animar montadoras

A indústria automobilística americana abriu nesta semana as portas do Salão do Automóvel de Detroit disposta a mostrar que tem fôlego para manter em 2013 a trajetória de recuperação iniciada há três anos.
As projeções anunciadas durante o evento apontam para o quarto ano seguido de crescimento nas vendas, mas em um ritmo mais lento se comparado ao avanço de 13,5% dos emplacamentos do ano passado.
A Ford é uma das mais otimistas. Partindo da expectativa de uma evolução de 2,5% da economia, a montadora trabalha com um mercado na faixa de 15 milhões a 16 milhões de veículos leves, o que, na melhor hipótese, significaria voltar ao patamar de antes da crise financeira de 2008. Em 2007, o mercado americano ficou na casa das 16 milhões de unidades.
Os números da General Motors (GM) - a maior montadora do país - também partem de 15 milhões de carros, mas têm um teto mais conservador: 500 mil unidades abaixo da melhor previsão de sua concorrente.
Se confirmado o volume previsto pela maioria das empresas, as vendas nos Estados Unidos vão alcançar neste ano um volume ao redor de 15 milhões de carros, com alta de 3,5% - uma variação positiva próxima ao que também se espera para o mercado brasileiro, o quarto maior do mundo.
Conforme a economia americana vai aos poucos se ajustando, o desempenho nos Estados Unidos passou a ser uma das molas propulsoras nos resultados dos grandes grupos automotivos e tem ajudado a aliviar a crise enfrentada pelo setor na Europa.
Na Mercedes-Benz, que vendeu mais de 305 mil carros no país em 2012, os Estados Unidos superaram a Alemanha e se tornaram o principal mercado da marca. Não à toa, Dieter Zetsche, o presidente do grupo Daimler, disse, na véspera da abertura do salão, que fica aliviado toda vez que liga para sua subsidiária americana após ouvir as más notícias no velho continente.
Da mesma forma, a Volkswagen vem crescendo no mercado americano a um ritmo de dois dígitos nos últimos anos. Só em 2012, a alta foi de 34,2%, para 444,2 mil carros, dentro da marca inédita de mais de 9 milhões de veículos vendidos pelo grupo no mundo.
A situação não é diferente para as montadoras locais, que também comemoram marcas históricas. Pouco antes de apresentar a sétima geração do Corvette no Cobo Center - o centro de convenções que abriga o salão-, a GM informou que as vendas da marca Chevrolet no mundo alcançaram o recorde de 4,95 milhões de unidades em 2012.
Com uma indústria ainda distante da pujança de outrora, mas que busca agora retomar seu prestígio como maior centro automotivo do mundo, as ruas de Detroit traduzem o momento vivido pelas montadoras americanas. Ainda se vê, como resquício da crise, algumas casas vazias na cidade. Porém, os centros comerciais registram uma movimentação considerável.
E, para continuar crescendo de forma sustentável no futuro, as montadoras mostraram no salão que estão preocupadas em renovar seu público. A atualização de carros de entrada, junto com novas ferramentas de conectividade e lançamentos sendo transmitidos ao vivo pelo Facebook por marcas como Jeep e Chevrolet, são alguns dos sinais da disposição da indústria em rejuvenescer o consumidor de automóveis. Essa mensagem fica ainda mais clara no slogan da edição deste ano da feira: "O amor pelos carros começa cedo", numa tradução livre.
Também não faltou pirotecnia nos dias em que jornalistas de diversas partes do mundo visitaram o salão, com o ponto alto na apresentação da Ford, que desceu uma picape desde a cobertura do ginásio Joe Louis, usado em partidas de hóquei no gelo.
A presença do Brasil no evento é apenas discreta, representado por dois carros expostos no estande da Chevrolet: a minivan Spin, produzida em São Caetano do Sul (SP), e o compacto Onix, montado em Gravataí (RS).
Apesar disso, os grandes chefões das montadoras mostraram entusiasmo nas declarações sobre os resultados do mercado brasileiro. "O Brasil está com tudo. Amamos o Brasil. Temos uma forte presença no país e vamos levar para lá nossa próxima geração de veículos", disse Alan Mulally, presidente global da Ford, empolgando-se após responder perguntas sobre os cortes de produção feitos pelo grupo na Europa.
Já o executivo Carlos Ghosn, que comanda a Renault Nissan, comentou durante o evento que o mercado brasileiro tem potencial para crescer acima do que se vê hoje. "Não estou pessimista com o mercado brasileiro pelo tamanho do país, seu desenvolvimento e a ascensão da classe média. Tudo isso leva a mais motorização no país."
Porém, Ghosn, que acompanha de perto o que acontece no Brasil, disse prever uma acomodação das vendas durante o primeiro semestre, como resultado da retirada gradual nos descontos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Mais econômico nas palavras, o presidente mundial da GM, Dan Akerson, citou os sete lançamentos feitos pela empresa no Brasil em 2012, assim como a rentabilidade obtida pelo grupo na América do Sul no período.
Valor Econômico
Related products
See this news in: english
Other news
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 third floor 01452-001 São Paulo/SP