Tuesday, January 08, 2013

Mercado de sorvetes desacelera em 2012

O mercado de sorvetes desacelerou neste ano. Além das chuvas e temperaturas mais baixas no primeiro semestre, a economia não ajudou. A renda disponível para compras de impulso, como o picolé, está mais escassa. No bolso do consumidor, o sorvete, que ficou quase 13% mais caro neste ano, disputou espaço com o telefone celular.
O crescimento do volume vendido neste ano não deve chegar a 5%, marca registrada no ano passado, quando a indústria produziu 1,16 bilhão de litros. O setor, que reúne cerca de 10 mil empresas, incluindo as informais, faturou R$ 4 bilhões em 2011. "Nosso maior inimigo é o celular, que disputa o dinheiro disponível no bolso do consumidor", diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (Abis), Eduardo Weisberg.
Ainda assim, o setor achou espaço para reajustar preços. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que mede a inflação oficial do país (IPCA), o preço do sorvete subiu 12,68% entre janeiro e novembro - no mesmo período o IPCA subiu 5,01%. No ano passado, quando o IPCA teve alta de 6,50%, o preço do sorvete deu um salto de 16,41%.
Nesse cenário de preços mais salgados, as sorveterias regionais crescem mais do que a média do setor. O mercado é dominado pelas multinacionais Unilever, dona da marca Kibon, e Nestlé, que juntas detêm mais de 70% do mercado. Mas as regionais, de menor porte, conseguem fortalecer suas operações com produtos mais baratos e sabores diferentes como castanha, tapioca, bacuri, taperebá.
A Zeca's, marca pernambucana, com 37 anos de mercado, aumenta presença em oito dos nove Estados do Nordeste. "O poder aquisitivo melhorou na região. Os potes de sorvete de dois litros e as sobremesas geladas passaram a fazer parte das compras semanais", diz o empresário Paulo Oliveira, proprietário da Zeca's há 21 anos. Neste ano ele lançou dez sabores de sobremesas geladas. E seus preços são menores do que os dos sorvetes vendidos por Nestlé e Unilever.

"A gente acredita que existe muita oportunidade que não foi explorada pelas grandes marcas, como por exemplo oferecer produtos de qualidade com preço 25% menor do que os das marcas líderes", diz o presidente executivo da Jundiá, César Bergamini, marca paulista que atua nos mercados de São Paulo e Rio e estima deter 6% do mercado. A Jundiá tem em seu portfólio o sorvete Max, semelhante ao Magnum da Kibon, e ao Mega, da Nestlé.
A Jundiá, com sede em Itupeva (SP), prevê inaugurar sua nova fábrica, no primeiro trimestre de 2013. O faturamento, de R$ 90 milhões em 2011, deverá crescer 15% neste ano. Atualmente a Jundiá, com 25 mil pontos de venda, planeja chegar a 40 mil em cinco anos. "O consumidor tem que ter acesso fácil ao sorvete", diz.
A distribuição é um fator crucial nessa indústria. Ter o controle sobre os caminhões refrigerados a 35 graus negativos que saem da fábrica em direção ao ponto de venda é importante. A Unilever, dona da marca Kibon, líder com mais de 50% do mercado, segundo a Nielsen, decidiu, em julho eliminar os distribuidores nas praças mais importantes - São Paulo e Rio - para aumentar sua margem de negociação com as grandes redes. A Nestlé enfrenta problemas em Natal e João Pessoa (ver nesta página).
A Zeca's tem uma frota própria de 82 caminhões e mais de 280 funcionários. Seus vendedores, além da negociação no ponto de venda, limpam cada freezer, mantido em regime de comodato, e conferem a qualidade dos produtos. "O sorvete tem que ter acompanhamento. Quanto maior a distância, pior o negócio", diz Oliveira. Ele estima que no mercado do Nordeste esteja à frente da Nestlé.
Para este ano, Oliveira prevê um aumento entre 27% e 30% no faturamento e 18% na produção. Ele tem 7,8 mil clientes. As redes varejistas Walmart, Pão de Açúcar e G. Barbosa encomendam a ele seus sorvetes de marcas próprias.
Nos supermercados, o pote de dois litros ainda é o líder de vendas. Kibon e Nestlé lançaram três novos sabores neste ano, cada uma. No Walmart, segundo o diretor de perecíveis Luciano Nunes, as linhas premium, light e à base de iogurte estão ganhando espaço nos carrinhos de compras.
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