Thursday, January 31, 2013

BRF enfrenta dificuldade para abastecer redes de supermercados

Quase quatro anos após a fusão entre Sadia e Perdigão, que resultou na criação da BRF, a companhia ainda enfrenta algumas dificuldades para abastecer o varejo. A fabricante não tem conseguido manter estável a entrega de produtos como presunto, linguiça, pizza, lasanha, hambúrguer e peito de peru, segundo supermercadistas ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO.
Esta não é a primeira vez que a fabricante deixa de entregar seus alimentos. No Natal de 2011, alguns varejistas reclamaram que só haviam recebido 20% do total encomendado de carnes bastante procuradas na época, como peru, tender e chester, conforme reportagem publicada pelo jornal no final de novembro daquele ano.
Procurada, a BRF informou que acaba de passar por um período de forte demanda, que tradicionalmente ocorre no fim do ano por causa das festas de Natal e Ano Novo. “Logo após esta época, eventualmente, podem surgir problemas pontuais de atendimento à demanda. A companhia ressalta que está trabalhando para oferecer o abastecimento integral aos clientes e, portanto, solucionar casos específicos e localizados”, afirmou em nota.
De acordo com os varejistas, as entregas dos pedidos deixaram de ser regulares desde a época da fusão. “Nos últimos meses eles têm entregado 30% a menos do que encomendamos”, afirma Antonio de Souza, gerente do Futurama, rede de supermercados com sete unidades na capital paulista. No varejista, o problema está relacionado principalmente a produtos como lasanha, hambúrguer, presunto e peito de peru.
No início deste ano, o Futurama enfrentou a situação mais crítica. Vendedores da BRF informaram que a companhia deixaria de abastecer a varejista por dez dias, período em que estaria mudando sua razão social. “Algumas notas fiscais vinham com nome Sadia. Agora é tudo BRF Brasil Foods”, diz Souza. A situação coincidiu com a mudança no logotipo da empresa. No dia 16 de janeiro deste ano, a BRF enviou um comunicado ao mercado informando que a empresa teria uma nova identidade visual a partir daquele dia: o logo mudou de cor e formato.
Outra rede supermercadista de médio porte ouvida pela reportagem informa que a BRF está com dificuldade para entregar algumas opções de pizza, presunto e linguiça. “Estes produtos costumam faltar nas gôndolas”, diz um executivo que prefere não se identificar. Já em um supermercadista de grande porte, a falta de produtos mais recente foi percebida em dezembro do ano passado.
“Faltou presunto, pois nesta época de Natal, a BRF costuma priorizar os suínos para a produção de carnes natalinas. Mas a situação já voltou ao normal na nossa rede”, diz o executivo, que também pediu para não ter o nome revelado. O Futurama não teve a mesma sorte. “É comum que a BRF produza menos presunto no final do ano. Mas já vamos entrar em fevereiro e a situação ainda não voltou ao normal”, lamenta.
No terceiro trimestre do ano passado, a BRF terminou de cumprir o acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Para que a fusão entre Sadia e Perdigão fosse aprovada, a companhia teve que se desfazer de diversas marcas, entre elas Doriana, Tekitos e Fiesta. Também vendeu fábricas, centros de distribuição e abatedouros.
Como já era previsto pela fabricante, o cumprimento do acordo impactou seus resultados no terceiro trimestre de 2012. O lucro líquido no período foi de R$ 90,9 milhões, uma queda de 75% em relação aos trêsmeses equivalentes de 2011. O balanço anual da empresa será divulgado somente no próximo dia 4 de março.
Tentativa
Nos últimos meses, o mercado tem acompanhado o movimento dos acionistas da BRF para colocar Abilio Diniz, sócio do Grupo Pão de Açúcar, na presidência do conselho de administração da companhia. A intenção de trazer o empresário para dentro de casa traz alguns inconvenientes para a BRF.
“Afinal de contas, Diniz sempre teve fama de ser um cliente chato. Agora ele estará dentro da empresa a qual, por muitos anos, fez papel de sua fornecedora”, afirma um executivo do segmento. “Por outro lado, ele é um empresário agressivo. O Pão de Açúcar é o maior varejista do país graças a ele”, afirma.
Brasil Econômico
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