O setor de super e hipermercados passou por inúmeras adaptações desde o início da pandemia da Covid-19. Mesmo em meio a tantas incertezas, o maior número de pessoas em casa e o auxílio emergencial levaram a um aumento de 6% no volume de vendas em 2020, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2021, o cenário já mudou.
O auxílio emergencial levou um tempo para ser liberado e teve o valor reduzido. Junto a isso, a alta inflação no preço dos alimentos restringiu o poder de compra de muitos brasileiros. E agora, o que esperar para o segundo semestre? Conversamos com Olegário Araújo, Cofundador da agência inteligência360, e Lucas Rocca, Economista da consultoria LCA, para entender quais são as perspectivas para o setor nos próximos seis meses.
- Desempenho no primeiro semestre de 2021
Os números do primeiro semestre deste ano ainda não foram consolidados, mas espera-se um crescimento menor em comparação com 2020, especialmente devido aos primeiros meses de 2021, quando ainda não havia o auxílio emergencial. Araújo acrescenta a este contexto o acirramento da concorrência no período, com a ampliação da presença do atacarejo e ações promocionais intensas no e-commerce por parte de outros varejistas.
“No entanto, vale ressaltar que em março e abril, na esteira da segunda onda da Covid-19, as vendas dos hiper e supermercados mostraram uma recuperação, o que pode sinalizar, junto à retomada dos pagamentos do auxílio emergencial, no final de abril, um fechamento melhor para o primeiro semestre”, ressalta Rocca.
- Expectativas para o segundo semestre
Em relação à economia, o cenário previsto pela LCA é de desaceleração da inflação de alimentos e aceleração da atividade econômica, com uma melhoria no mercado de trabalho. Com um reflexo positivo no comércio em geral, a consultoria espera um crescimento de 3,6% do volume de vendas do setor em comparação com o primeiro trimestre. Entretanto, o avanço da vacinação contra a Covid-19 pode gerar uma concorrência ainda maior para os hiper e supermercados, já que as famílias poderão direcionar seu consumo para outros tipos de serviços e produtos que não estejam relacionados com sua permanência em casa.
Para o Cofundador da inteligência360, é fundamental que os supermercadistas transformem suas lojas por meio da integração com o digital e melhorem a experiência dos clientes. “A experiência online foi positiva para muitos, e o supermercado precisa proporcionar razões além do preço para as pessoas irem às suas lojas”, explica. “As relações humanas serão mais importantes, com atenção para a saúde física e mental. O supermercado vai lidar com diferentes perfis de compradores e precisa entender de gente para ter sucesso nesta retomada.”
- Como se preparar para os próximos meses
Além de rever, automatizar e digitalizar processos – desde reduzir atritos na operação física até melhorar a sincronização com os fornecedores, Araújo destaca três pontos de atenção para os supermercadistas se manterem competitivos no segundo semestre:
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● Conheça os hábitos de compra de seus clientes no primeiro semestre: isso pode ser feito por meio da análise de informações de programas de fidelidade ou do tíquete médio do supermercado, segmentando por dia da semana e horário de compras. “Entender os clientes é o primeiro passo para atendê-los melhor”, comenta.
● Cuide da sua equipe: “Estamos vivendo momentos emocionalmente intensos. Portanto, cuidar da equipe é fundamental para que se possa oferecer um serviço superior.” O especialista também recomenda aprimorar a gestão para que se alcance mais eficiência, preços competitivos e melhor rentabilidade do negócio.
● Tome decisões orientadas por dados: com uma concorrência acirrada, Araújo indica uma prática bastante utilizada por startups: realizar experimentos, aprender com os resultados e fazer os ajustes necessários rapidamente. “Use a intuição para ser criativo e teste novas ideias para avaliar o impacto. É aqui que entra o conceito de testes A/B”, diz.
ABRE - 19/07/2021
