sexta-feira, 27 de julho, 2018

Custo da segurança em lojas cariocas sobe R$ 180 mi apesar de intervenção

Os gastos das lojas do Rio de Janeiro com segurança cresceram cerca de R$ 180 milhões durante o primeiro semestre de 2018, apesar do estado estar sob intervenção federal desde meados de fevereiro. A revelação é de pesquisa divulgada ontem (26) pelo Clube de Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio). Os R$ 900 milhões superaram tanto os R$ 720 milhões gastos no primeiro semestre passado quanto os R$ 780 milhões usados nos últimos seis meses de 2017– quando R$ 1,5 bilhão foram gastos.Nem mesmo a intervenção federal no estado – instaurada desde 16 de fevereiro – foi capaz de refrear o crescimento do investimento em segurança. “Por enquanto não percebemos nenhum efeito prático”, admitiu o presidente da CDLRio, Aldo Gonçalves.Apesar do diagnóstico, o dirigente crê que a continuidade da medida – cujo encerramento está previsto para o fim do ano – deveria ser considerada. “A gente apoia a intervenção e acha que deveria continuar. Mas o problema não depende apenas disso, pois a questão da segurança é muito complexa e estrutural”, afirmou Gonçalves.De acordo com ele, os estabelecimentos mais visados “são os que vendem celulares”. No entanto, a entidade tem percebido aumento nos incidentes em galerias de rua ou shopping centers. ”Eles são mais protegidos, mas ainda assim há vítimas.”Outro problema grave na região é o roubo de cargas. Segundo estudo recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), uma média de 30 roubos de carga diários foi registrada até abril.Mesmo que “corroendo parte do faturamento”, a resposta do comércio varejista está sendo proporcional. Apenas com segurança privada e vigilantes foram despendidos R$ 610 milhões durante o primeiro semestre. “Boa parte destes profissionais são terceirizados, pois só as redes grandes têm condições de manter equipes próprias”, afirmou Gonçalves.No caso da compra de equipamentos de vigilância eletrônica, os R$ 100 milhões gastos no primeiro semestre do ano passado mais que dobraram em 2018 – atingindo R$ 250 milhões entre janeiro e junho. Já a contratação de serviços de gradeamento, blindagem e reforço de portas e vitrines experimentou salto semelhante, passando de R$ 20 milhões ara R$ 40 milhões em um ano.Apesar do quase R$ 1 bilhão despendido com segurança apenas neste ano, Aldo Gonçalves avalia que o cliente carioca ainda não se sente seguro para ir às compras. “A violência afugenta a clientela”, lamentou o dirigente, que ainda fez críticas à gestão municipal. “Nosso prefeito [Marcelo Crivella, do PRB] abandonou a cidade”. O CDLRio reúne cerca de 15 mil associados. Portas fechadas Ao longo de 2017, o CDLRio registrou o encerramento da operação de 9,1 mil estabelecimentos na capital fluminense. Quando considerado todo o estado, cerca de 21,1 mil lojas fecharam as portas no ano passado. Ao DCI, Gonçalves afirmou que ainda não tem indicações de desaceleração ou reversão da tendência.O dirigente também indicou que o impulso de vendas gerado pela Copa do Mundo da Rússia – encerrada no último dia 15 – ficou “bem aquém do esperado”. Já a expectativa para o resultado do comércio local no segundo semestre é incerta, sobretudo por conta das eleições gerais – “que acabam tirando foco do consumo”, nas palavras de Gonçalves.Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do comércio varejista fluminense avançou 1,7% entre janeiro e maio. Se considerados doze meses até o quinto mês de 2018, a alta é quase imperceptível: 0,2%. Já em termos de receita nominal, houve alta de 1,6% até maio e recuo de 1% em doze meses.Os poucos destaques positivos do varejo da região vieram dos segmentos de móveis e eletrodomésticos (crescimento de 9,6% no volume até maio e de 6,1% na receita) e do comércio de artigos farmacêuticos, médicos, de perfumaria ou cosméticos (alta de 6,2% em volume e 8,9% em receita).
DCI - 27/07/2018
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