segunda-feira, 16 de abril, 2018

Com sucesso das cápsulas, máquina de café sai da cozinha e vai para a sala

No Dia Mundial do Café, celebrado em 14 de abril, nada melhor do que comemorar a data com uma boa xícara da bebida. Pode ser café coado em casa, o expresso da padaria ou aquela boa cápsula com diferentes sabores e aromas.
Introduzido no país em 2006 pela Nespresso, o café em cápsula rapidamente se tornou paixão nacional. Antes, o país só tinha acesso ao importado, que vinha da Suíça, onde estão localizadas três grandes fábricas da empresa. Com a queda das mais de mil patentes, em 2013, começaram a ser produzidos modelos compatíveis ao formato da máquina fabricada pela Nestlé. Essas marcas “genéricas” desenvolveram um mercado paralelo e, de certa forma, popularizaram o café expresso em dose única, pois são encontrados em supermercados, o que não acontece com o original – vendido apenas no site da marca e em butiques e quiosques próprios. “Fazemos apenas venda direta porque queremos conhecer o nosso consumidor”, explica Claudia Leite, gerente de cafés e sustentabilidade da Nespresso.
A tendência do consumo de café em cápsulas é confirmada por Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Ele explica que a cápsula possui uma “forma de preparação com praticidade, conveniência e qualidade”. Em menos de um minuto e com apenas um toque de botão, prepara-se café de maneira correta (água na temperatura certa e quantidade de pó ideal) e com a qualidade preservada. “Devido os cuidados que a indústria tem no preparo, é o mesmo café hoje ou daqui a um ano”, explica.
O gerente de marketing da Três Corações, João Carlstron, concorda. “A máquina de café saiu da cozinha e foi para a sala. É uma experiência diferente quando se pode escolher diferentes tipos de café para as variadas horas do dia. Um café mais intenso de manhã, um mais suave à tarde e um descafeinado à noite”, exemplifica.
Outro ponto que fortalece o consumo do café em cápsulas é o seu caráter social. “As cápsulas têm espaço garantido na gastronomia, fora do lar, em restaurantes, em casa de café. O café em cápsula é um luxo acessível e a pessoa reconhece o custo diferenciado, mas isso não tem impedido o seu sucesso”, afirma Herszkowicz.
Há cinco anos, o consumo de café em cápsulas cresceu de 40% a 50% ao ano. Depois, a média anual passou a ser de 9%, segundo Herszkowicz. Ele explica que o crescimento é menor, “mas mostra uma categoria que cresce mais do que o café como um todo, que é de 3,5% ao ano”.
Carlstron afirma ainda que o café tem 97% de penetração no Brasil, sendo que 3% é em cápsulas. “No ano passado, o mercado de cápsulas cresceu 27% e a Três Corações cresceu 34%, ou seja, acima da média do mercado brasileiro”, diz. Quando o assunto é máquinas de café monodose, o mercado cresceu 21% e a empresa, 38%.
A Nespresso não divulga números, mas a marca está presente em 70 países e o Brasil está entre os dez primeiros que mais consomem o café da empresa. “Historicamente, o brasileiro formou o paladar para cafés mais torrados. A Nespresso tem sete opções de café intenso, com vendas muito similares, destacando Arpeggio e Ristretto, que também possuem a versão descafeinada”, acrescenta Claudia.
Para se ter uma ideia, existe tendência de aumento de consumo de café mesmo com a crise econômica. Em 2017, a cápsula representava 0,9% do consumo do café no país. Em 2021, a expectativa é que seja 1,1%. Em compensação, o consumo do café em pó, que em 2016 representava 81%, deve cair para 80% daqui a três anos. O grão torrado ocupa a coluna do meio e o consumo deve ir de 18% para 19%. A marcha é lenta, mas mostra que existe espaço para crescimento. Se antes 100% das cápsulas eram importadas, hoje em dia, com as fábricas que se instalaram no Brasil, a importação diminuiu bastante. Na Três Corações, por exemplo, o café produzido e torrado aqui era enviado para a Itália. Lá, ele era encapsulado e depois era importado pelo Brasil. No ano passado, porém, a empresa começou a fabricar as cápsulas em Montes Claros (MG), fazendo com que a importação e a exportação não sejam mais necessárias. Desde então, toda a linha de expressos é produzida no Brasil. Além de café, a Três Corações produz outras bebidas encapsuladas, totalizando 22 sabores. “Sempre estamos lançando novos sabores. Vamos lançar linhas novas para a Copa do Mundo e blends com cafés de outros países, como Colômbia, Etiópia, Costa Rica e Cuba”, completa ele.
No caso da Nespresso, todas as cápsulas continuam sendo importadas da Suíça. O Brasil é o principal fornecedor de café para a marca, além de outros 11 países. Em Barueri, cidade da Grande São Paulo, existe um centro de distribuição e de reciclagem, onde apenas 13% foi reciclado no ano passado, número um pouco maior do que os 6% de 2016. “O café brasileiro é usado em um blend. Por enquanto, não justifica a abertura de uma fábrica no país”, explica Claudia Leite. Ao todo, o consumidor tem à escolha 24 opções de cafés da linha doméstica. Nesta semana, foi lançada mais uma máquina, a Lattissima One, que, além de café, permite o preparo da bebida com adição de leite, outra paixão nacional. Pesquisa realizada pela própria Nespresso revelou que 91% das pessoas bebem café e que 56% delas escolhem saborear a bebida pela manhã, em xícaras maiores e com leite.
Produção e exportação
O Brasil é um dos maiores países produtores de grãos e de café solúvel. O consumo por aqui também não fica atrás. Dados da Abic apontam que, quando falamos em café em cápsulas, em 2016 consumimos 9 mil toneladas de café. No ano seguinte, o consumo aumentou para 10 mil toneladas e a previsão é que neste ano suba para 11 mil toneladas. Para 2021, a tendência é que sejam consumidas por aqui 14 mil toneladas. No mundo, porém, de 2011 a 2016 o mercado das cápsulas cresceu 13,8% e a expectativa de 2016 a 2021 seja de apenas 6,2%.
Quando se fala em exportação, o café, que já foi um dos nossos principais produtos cultivados em solo brasileiro, continua sendo bastante requisitado no mercado externo, principalmente na Alemanha e nos Estados Unidos, primeiro e segundo colocados no consumo do café brasileiro. Porém, em março deste ano, a exportação caiu 11% em relação ao mesmo período do ano passado, mas 1% maior do que em fevereiro deste ano, de acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgados dia 10 de abril.
“Em março, tivemos uma boa exportação, configurando um desempenho justo, alinhado ao que havíamos previsto. O mercado está otimista e já de olho na próxima safra devido às boas condições climáticas nas regiões produtoras”, afirma Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé. Mesmo que os números sejam menores, o “café mantém uma performance positiva”. “Isso acontece porque o café é mais do que uma bebida, é um produto que promove momentos de socialização”, completa. Ele diz ainda que a tendência de crescimento do consumo mundial na média de 2% ao ano se mantém e a boa reputação do café brasileiro garante que esteja sempre com uma demanda atraente.
Se o Brasil seguir a tendência de produzir o café e também as cápsulas, é bem possível que a exportação deste modelo também cresça. Herszkowicz acredita que o Brasil vai começar a exportar para países que formam o Cone Sul (Argentina, Chile e Uruguai), principalmente em locais cujos mercados estão começando.
Veja - 14/04/2018
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