sexta-feira, 25 de agosto, 2017

Crise e concorrência têm forte efeito e hamburguerias mudam estratégias

São Paulo - A competitividade acirrada no setor de alimentação pressionou as margens das hamburguerias. Diante da crise, algumas delas tiveram de rever os conceitos, abrindo lojas menores e, por consequência, encerrando operações e demitindo funcionários. A expectativa de retomada em 2018 também está mais cautelosa.
Fundada em 1993, o The Fifties, uma das principais empresas nesse segmento, chegou a ter 33 unidades espalhadas pelo País outrora. Após a crise, no entanto, a empresa teve de repensar o modelo de negócio e hoje diminuiu sua representatividade para 24 pontos no Brasil. Com o encerramento das operações, 650 pessoas perderam empregos na rede.
"Nosso ciclo de crescimento durou até 2014. Com a crise em 2015, tivemos que repensar o negócio e reposicionar a marca. Encerramos nove unidades, e 650 funcionários foram demitidos com essa redução. Com o fechamento das lojas, tivemos um decréscimo de 16% no nosso faturamento de um ano contra o outro. Agora, em 2017, com a implantação de novos modelos e o ajuste do cardápio, estamos projetando um crescimento de 5% no conceito mesmas lojas", disse ao DCI o CEO do The Fifties, Gustavo Costa.
Com ambiente inspirado no clima norte-americano dos anos 50, os restaurantes do The Fifties são tradicionalmente grandes e servidos de um cardápio recheado com diversas opções de sanduíches, batatas fritas, sorvetes e milk-shakes, dentre outros. Em dezembro de 2016, a empresa resolveu mudar um pouco isso, apostando em unidades mais enxutas, que contam com uma variedade reduzida. Idealizado como The Fifties Classics, o novo formato foi projetado como uma forma mais rentável para redesenhar a evolução da marca no País.
"É uma versão do The Fifties para praça de alimentação, operando com um canal mais enxuto, com apenas nove tipos de produtos. Temos duas lojas desse tipo até o momento, no Shopping SP Market e no Internacional Shopping Guarulhos. O resultado está sendo muito promissor. Os clientes entenderam a proposta. Conseguimos repassar a economia na operação para o preço dos itens: um produto no The Fifties Classics é 45% mais barato que nas lojas tradicionais", diz Costa, que mira a abertura de cinco novas unidades nesse formato até o final de 2018.
A crise também dificultou os planos de expansão da Johnny Rockets, rede de hamburguerias norte-americana que ingressou no Brasil em 2013. A despeito da ideia inicial de atingir o mercado apenas com lojas próprias, a empresa guinou o foco recentemente para crescer também por meio de franquias; a expectativa é alcançar 50 estabelecimentos até 2020. Hoje, a Johnny Rockets detém 13 operações no Brasil; 3 delas são franquias.
"Acho que tivemos o azar de nascer no momento pré-crise. Acabamos sofrendo todos os impactos dela mesmo com nosso crescimento. Se não fosse a crise, poderíamos ter um crescimento acima de 50% no número de lojas em relação ao que temos atualmente. Essa opção de expandir pelo modelo de franquias veio devido à crise, como uma forma de capilarização da marca", afirma o master franqueado da Johnny Rockets no Brasil, Antônio Augusto de Souza.
Após faturar R$ 36 milhões em 2016, a ideia é elevar esse valor para R$ 44 milhões este ano. Visando distintas regiões do Brasil, a empresa projeta cinco inaugurações até o fim de 2017. Para rentabilizar esse avanço, além de expandir por franquias, a rede teve de repensar o modelo das unidades. "Estamos trabalhando agora em um conceito menor, mais casual. O investimento para o franqueado em uma loja assim fica na casa de R$ 600 mil. Vamos abrir a primeira operação em outubro para testar o mercado", diz o empresário.
Nadando contra a maré
Criado em 2006 como uma forma espontânea de levar o gosto do hambúrguer vegetariano para as praias do Rio de Janeiro, o Hareburger passou pela crise, desembarcou recentemente em São Paulo, com um cardápio 100% vegano, e agora projeta um crescimento agressivo de 150 lojas nos próximos cinco anos. Após uma década da marca, a proposta de fast-food saudável já conta com 11 unidades e dois food-trucks entre Rio de Janeiro e São Paulo, e pretende faturar R$ 11,5 milhões em 2017; avanço de 70% com relação ao ano anterior. "O potencial de crescimento em São Paulo é gigantesco. Eu acredito que muito em breve o número de lojas em São Paulo vai ultrapassar o do Rio. Estamos abrindo portas para o Brasil e para o mundo. Acredito que até 2021, vamos internacionalizar a marca", acrescenta o fundador do Hareburger, Rafael Krás.
DCI – 23/08/17
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