sexta-feira, 11 de agosto, 2017

Calçadista vê melhora em linhas infantil e feminino; ramo masculino segue fraco

São Paulo - Em meio ao processo de melhoria da produção no setor calçadista, os empresários enxergam que esse princípio de retomada está concentrado em produtos femininos e infantis, deixando de fora o ramo de sapatos masculinos.
Indicadores macroeconômicos, como de queda da inflação, diminuição das taxas de juros e recomposição da confiança do consumidor, estão melhorando o humor dos empresários do setor calçadista. Diante disso, a produção industrial já obteve uma expansão de 5,1% no acumulado de janeiro a junho desde ano em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Enquanto grandes empresas como Grendene e Alpargatas, voltadas à fabricação de sandálias, sapatos femininos e infantis, registraram resultados positivos no primeiro semestre do ano, a mesma percepção não é encontrada no polo calçadista de Franca (SP), cuja produção está concentrada em sapatos masculinos. "Estamos com um patamar muito abaixo da nossa capacidade", sinaliza o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), José Carlos do Couto. Ele explica que a produção encerrou o ano passado em 30,3 milhões de pares, mas que talvez em 2017 este patamar não alcance nem mesmo os 29,5 milhões, projetados inicialmente. Como comparação, a região do interior do Estado de São Paulo produziu 39,5 milhões no ano de 2013 - ante 37,8 milhões (em 2012) e 37,2 (em 2011).
"Temos capacidade para produzir até 40 milhões, mas vamos demorar para recompor esse patamar. Uma melhora talvez em 2018", diz.
A desigualdade nos índices de recomposição da produção se observa nos números do emprego setorial. Levantamento do Sindifranca, com base em dados recentes, aponta que, enquanto o contingente empregado do setor no Brasil cresceu 0,7%, para 299,4 mil pessoas no acumulado de janeiro a junho, apenas em Franca houve uma retração de 3,8%, para 21,8 mil trabalhadores. "Não temos como comparar a nossa produção, em Franca, de sapatos de couro, confeccionados de forma mais artesanal, com a de outros Estados, de sandálias, com menor valor agregado."
Para o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, o segmento calçadista apresenta um poder de reação bastante rápido, o que contribuiu para o aumento da produção no primeiro semestre. "A venda de sapato se move com velocidade no curto prazo, a qualquer circunstância de demanda (positiva ou negativa)", reforça.
Segundo ele, o baixo tíquete médio, que acaba não comprometendo tanto o orçamento, ajuda na venda pelo varejo e, consequentemente, na recomposição dos estoques.
Klein acrescenta que a produção nacional teve um estímulo adicional no primeiro semestre pelo impacto positivo do uso de recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que, em parte, foram usados para a aquisição de bens semi-duráveis, como calçados.
Para o segundo semestre, Klein prevê uma maior atividade industrial a partir de setembro, com foco nas campanhas de venda do Natal.
Atualmente, o nível de uso da capacidade instalada na indústria está em aproximadamente 75%, índice inferior ao observado nos anos de 2011 e 2012, que girava em torno de 95%. "Esse nível (atual) reflete uma recuperação este ano, que está porém baseada numa baixa base de comparação com o ano passado", avalia.
O presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, comentou durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre, que a empresa enxerga perspectivas de melhora das vendas no segundo semestre. A melhora do cenário macroeconômico foi apontada pelo executivo como o fator que deverá puxar o crescimento da demanda.
Apesar da retração no acumulado do primeiro semestre, de 30%, em termos de volume, no mercado de sandálias no Brasil, ele indicou que as vendas para os consumidores cresceram 7,5% em maio e 2,9% em junho. O dado acumulado foi influenciado pelos ajustes nos níveis de estoques de atacadistas e distribuidores.
Na Grendene, a receita com o mercado interno avançou 14,1% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. O diretor Administrativo Financeiro e Diretor de Relações com Investidores da companhia, Francisco Schmitt, ponderou que houve uma desaceleração no resultado de abril a junho, em relação ao forte desempenho de janeiro a março, o que levou, porém, a um "crescimento bastante satisfatório no semestre", na comparação anual.
Segundo ele, a empresa já está se preparando, inclusive, para retomar "em três ou quatro anos" o ritmo de crescimento de 2012 e 2013.
A Euromonitor projeta que a produção no mercado brasileiro atinja 691,8 milhões de pares este ano, volume pouco acima do ano passado (690,413 milhões). Para a instituição, em 2020, a produção deverá somar 746,785 milhões, superando o resultado de 2011.
DCI – 11/08/2017
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