sexta-feira, 28 de julho, 2017

Setor siderúrgico revisa projeções e deve amargar nova queda das vendas

São Paulo - A indústria siderúrgica deve amargar uma nova queda das vendas em 2017, diante da estagnação da economia. O Instituto Aço Brasil (IABr) revisou suas projeções e a comercialização do insumo deve recuar 1,3% neste ano.
A entidade havia divulgado em abril uma projeção de crescimento das vendas de 1,3% para 2017, entretanto, o fraco desempenho da indústria brasileira tem comprometido os resultados das siderúrgicas no País.
"Por enquanto, não há perspectiva de retomada da demanda no Brasil", avaliou o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, em entrevista coletiva. Para este ano, a previsão da entidade é de um volume de vendas internas de 16,3 milhões de toneladas.
Já a projeção para a produção está mantida em 32,4 milhões de toneladas, crescimento de 3,8% em relação a 2016. Porém, a previsão contempla basicamente o volume adicional que a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) trará ao mercado, uma vez que a empresa começou a operar neste ano.
Conforme o IABr, o único setor demandante de aço que tem apresentado desempenho positivo é o automotivo. Por outro lado, construção civil, bens de capital e eletrodomésticos - que juntamente com o automotivo representam 80% da demanda das siderúrgicas no País - continuam reportando quedas.
"O caminho que temos no curto prazo para manter a indústria do aço é aumentar as exportações", disse o vice-presidente do conselho diretor do IABr, Sérgio Leite.
Para 2017, a entidade projeta para as exportações um crescimento de 9,1% (em volumes), para 14,6 milhões de toneladas. Em valores, a previsão do IABr é de um aumento dos embarques de 32,6%.
Lopes destaca, contudo, que o maior mercado consumidor de aço do Brasil, os Estados Unidos, está implementando medidas protecionistas contra o produto importado.
"As nossas exportações representam apenas 3% do consumo aparente dos EUA, entretanto, para nós, o mercado norte-americano é de extrema importância", diz o presidente do conselho diretor do IABr, Alexandre de Campos Lyra.
De acordo com o dirigente, aproximadamente 36% das exportações de aço do Brasil são destinadas aos Estados Unidos. "O presidente Donald Trump tem dito que as importações tiram empregos do país, mas nossas exportações são basicamente de produtos semi-acabados, que serão beneficiados em solo norte-americano. Isso não tira emprego", justifica Lyra. Ele cita como exemplos de produtos exportados do Brasil placas e tarugos, que serão laminados ou receberão tratamento em plantas dos EUA.
Os dirigentes do IABr voltaram a pontuar ainda a necessidade de aprimoramento do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), que devolve parcial ou integralmente o resíduo tributário na cadeia de bens exportados. Atualmente, a alíquota está em 2%, mas a lei permite devolução de até 5% da receita com exportações. "O Reintegra é essencial para a sobrevivência da indústria siderúrgica no curto prazo", complementa Lyra.
O IABr também destacou o excesso de capacidade global de aço em quase 800 milhões de toneladas, que pressiona ainda mais a situação das siderúrgicas. Lopes explica que o aumento médio dos preços da cesta de insumos do aço, composta por minério de ferro e carvão, foi de cerca de 70% no primeiro semestre.
"Já o crescimento médio dos preços do aço ficou em aproximadamente 39%", relata.
Adicionalmente, o IABr revisou a projeção de consumo aparente para 2017 de um crescimento de 2,9%, feito em abril, para um aumento de apenas 1,1%, para 18,4 milhões de toneladas no Brasil.
Balanço
No primeiro semestre, a produção de aço bruto totalizou 16,7 milhões de toneladas, alta de 12,4% sobre igual período de 2016. Porém, se o volume da CSP não for contabilizado, o crescimento foi de apenas 5,4%. Já as vendas internas somaram 8 milhões de toneladas, queda de 2% na mesma base de comparação.
Já as exportações cresceram, em volumes, 9,2% no primeiro semestre, para 7,3 milhões de toneladas. Mas se os embarques da CSP não forem contabilizados, o IABr apurou uma retração de 9,7%.
De janeiro a junho, o consumo aparente de aço somou 9,2 milhões de toneladas, ligeira alta de 2,8% em relação a igual intervalo de 2016. "As empresas têm feito um esforço monumental para manter suas unidades produtivas. Mas se o Brasil não corrigir algumas assimetrias, a situação da indústria siderúrgica deve piorar ainda mais", avalia Lopes.
DCI – 27/07/2017
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