quarta-feira, 18 de janeiro, 2017

Banda larga fixa limitada pode afetar PIB

Se a internet de banda larga fixa fosse limitada, com uma franquia de 15MB seria possível assistir até 120 horas de programação na Netflix em alta definição. Isso se traduz nas primeiras temporadas de “Stranger Things”, “The Crown” e “Gilmore Girls”, além das duas temporadas de “Narcos”, as quatro temporadas de “House Of Cards” e três das quatro temporadas de “Orange Is The New Black”, porque a última teria que ficar para o próximo mês.
Olhando a soma de episódios que isso significa, parece muito, mas não é. Esse conteúdo só seria consumido se nenhuma outra atividade fosse realizada online, incluindo, entre outras coisas, acessar as redes sociais, ver vídeos no YouTube, fazer compras, checar e-mails ou jogar.
Além disso, com 15 MB de internet ilimitada é possível consumir quatro mil horas da programação Netflix. Com 300 MB, esse número salta para 116.000 horas e, caso a declaração de Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), passe a valer, a partir do segundo semestre de 2017, serão apenas 300 horas. A limitação de dados vai ‘atrasar’ o Brasil não só no consumo de séries e filmes dos fãs da Netflix, como vai afetar, também, o PIB nacional, explica Thiago Ayub, CTO da UPX, que trabalha com a distribuição de conteúdo e conectividade de empresas.
Os burburinhos de que a internet de banda larga fixa seria limitada começou em abril de 2016, quando as operadoras demonstraram interesse em oferecer esses planos, suspendendo o serviço quando o usuário atingisse uma determinada quantidade de arquivos e dados usados, como já acontece nos planos de internet móvel.
Na época, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) se posicionou, primeiramente, dizendo que as operadoras só poderiam fazer isso se os consumidores tivessem uma ferramenta para acompanhar o consumo. Dias depois, a agência decidiu que estava proibido limitar o acesso à banda larga por ‘tempo indeterminado’. A determinação continua, mas uma declaração do ministro na última sexta-feira (13), reascendeu o debate, deixando os usuários confusos sobre o futuro da internet.
O MCTIC já esclareceu que não haverá mudanças, depois que Kassab foi desmentido pelo presidente da Anatel, Juarez Quadros, que afirmou não ter a intenção de reabrir o debate. Ayub, entretanto, diz que se a intenção da agência é não dar continuidade ao projeto, não haveria motivos para ser uma determinação suspensa, mas sim permanente.
Na prática, Ayub analisa que não existe um ‘gargalo’ e nem um congestionamento na rede, como alegam as operadoras. “Algumas ofertas, por exemplo, dão ao consumidor o dobro de internet caso ele passe a fazer parte dos combos, com a portabilidade de operadora. Logo, se realmente existisse esse gargalo, como seria possível? Agora se o problema existe, esse é um erro comercial e estratégico da empresa, e quem ter que arcar com o prejuízo são os donos e não o cliente”.
Em países como Estados Unidos e Canadá, a internet é limitada. No entanto, o executivo exalta o avanço do Brasil nos últimos anos com a popularização dos computadores e smartphones e o investimento tecnológico em conexões com custos acessíveis. Limitar a internet seria interferir diretamente em setores que necessitam dela para sobreviver e promover um ‘retrocesso nas conquistas’.
“O marketing digital estará completamente comprometido pela redução de ROI. Se hoje, o desafio é conduzir um consumidor de um anúncio online para um site de compras, essa jornada ficaria quase impossível. O repúdio por anúncios que gastam dados e a busca por itens online seriam repensados, assim como o ensino à distância, streaming, entre outros”, esclarece Ayub.
O levantamento TIC Domicílios e Usuários 2015, do Cetic.br, afirma que 51% dos domicílios brasileiros tem acesso à internet. Além disso, 68% tem banda larga fixa, 26% conexão DSL via linha telefônica e 24% conexão via cabo de TV ou fibra ótica. No levantamento, 13% do total pagam até R$ 30,00 pelo serviço de internet; 24% de R$ 41,00 a 60,00 e 11% de R$ 61,00 a 70,00. Na pesquisa, 60% dos entrevistados que não possuem acesso em seus domicílios acham a internet muito cara, seguido por 51% que não têm interesse pelo serviço e 50% por falta de computadores nas residências.
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