terça-feira, 05 de janeiro, 2016

Nissan investe R$ 750 milhões em SUV

A Nissan anunciou ontem que vai investir R$ 750 milhões para entrar na briga pelo ainda pujante, mas cada vez mais concorrido, mercado de utilitários esportivos compactos. Apresentado em outubro de 2014 como protótipo no salão do automóvel de São Paulo, o Kicks, a aposta da marca japonesa na categoria, será o terceiro modelo a ser produzido em sua fábrica no sul do Rio de Janeiro.
O novo aporte, adicional aos R$ 2,6 bilhões que tinham sido desembolsados na construção do parque industrial na cidade de Resende, será destinado à compra de equipamentos, adaptação e ampliação da unidade, onde hoje são montados o hatch March, o carro mais popular da Nissan, e o sedã Versa.
O utilitário esportivo será lançado neste ano, mas a empresa não antecipou datas. Sendo um modelo global, o Kicks será exportado para outros mercados da América Latina, assim como os demais modelos fabricados em Resende. Aproveitando o câmbio mais favorável e a ociosidade do complexo de Resende - projetado para produzir até 200 mil carros por ano, mas que em 2015 pouco passou das 35 mil unidades -, a direção da montadora confirmou que vai dar início em 2016 às exportações a partir da fábrica brasileira para mercados vizinhos, dando um alívio à operação no México - hoje a principal base de exportações na região, mas que opera acima da capacidade instalada.
Com o início da produção do Kicks, a Nissan pretende contratar 600 novos funcionários e abrir um segundo turno de produção em Resende, cuja ocupação gira atualmente ao redor de 1,5 mil trabalhadores.
O executivo brasileiro Carlos Ghosn, chefe global da montadora, que esteve ontem na sede administrativa da empresa no centro do Rio de Janeiro para anunciar o projeto, destacou durante entrevista coletiva à imprensa a resistência à crise de um segmento que, em 2015, cresceu mais de 20% num ano em que o consumo de carros no Brasil teve queda superior a 25%.
O mercado de utilitários esportivos - também conhecidos como SUVs, na sigla em inglês - também ficou, entretanto, mais concorrido após a chegada no ano passado de marcas como Peugeot, Jeep e Honda para brigar por um filão onde, até então, a Ford, com o EcoSport, e a Renault, com o Duster, nadavam de braçada. Durante a entrevista, Ghosn disse estar otimista na disputa pela liderança desse mercado, mas evitou revelar quais são as ambições da Nissan no novo segmento. "Vamos trazer a nossa expertise em crossovers a um novo mercado, que é a América Latina", disse Ghosn, numa referência a outros modelos do tipo produzidos pela marca no mundo.
O segmento traz otimismo em meio a um mercado que não enseja perspectivas animadoras. No primeiro dia útil depois de um 2015 em que as vendas de carros no país caíram 25,6%, Ghosn disse que, embora não tenha perdido o otimismo no longo prazo, será uma "enorme surpresa" se o consumo de automóveis no Brasil reagir até 2017. Apesar disso, comemorou que, nesse contexto, a marca nipônica tenha conseguido melhorar sua participação de mercado, saindo de 2,1% para 2,5% - ainda no meio do caminho, contudo, da meta, que tinha sido traçada para este ano, de ter 5% das vendas totais de carros no Brasil.
"Temos fé no mercado brasileiro, mas teremos de ser pacientes quanto à sua recuperação. Será uma enorme surpresa se o mercado voltar a crescer em 2016 ou mesmo em 2017", afirmou o executivo.
Antecipando a estimativa a ser anunciada na quinta-feira pela entidade que representa as montadoras, ele revelou que a Anfavea está projetando queda de 5% do mercado automotivo neste ano, mas classificou essa previsão como otimista. "Será uma boa notícia se a queda for de apenas 5%. Vemos 2016 como um ano de contração maior", afirmou o principal executivo da Nissan, sem revelar, porém, o percentual com o qual está trabalhando para 2016.
Apesar do cenário desanimador, o presidente da Nissan no Brasil, François Dossa, disse que a montadora não tem planos de demitir em 2016. A empresa, segundo ele, pretende aumentar a ocupação da fábrica de Resende com início das exportações.
Segundo Ghosn, para ter mais competitividade em mercados internacionais, a Nissan segue avançando no plano de ter mais peças locais nos carros produzidos no sul fluminense. O índice de nacionalização, que era de 60% no "nascimento" da fábrica, deve alcançar a meta de 80% até o fim de 2016, reduzindo a exposição às oscilações do câmbio nas importações de componentes.
"As montadoras com maiores índices de nacionalização sofrem menos com a desvalorização da moeda. Estamos buscando hoje a taxa máxima de nacionalização", comentou o executivo.
Valor Economico
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