segunda-feira, 04 de janeiro, 2016

Indústria de luxo reforça estratégias para manter crescimento no Brasil

O quadro econômico do Brasil começou a preocupar as fabricantes de bens de consumo de luxo, embora esse segmento seja mais resistente à desaceleração do consumo. O setor vem reforçando as estratégias de vendas para o ano que vem.
O grupo de bebidas de luxo William Grant & Sons (WGS) está entre as empresas que observam com atenção as mudanças na economia brasileira. "Este ano foi duro, mas interessante para as nossas marcas. No segmento standard - bebidas de menor preço - o crescimento foi flat [estável]. Mas em termos de ganho de valor, foi um bom ano", diz o gerente de marca sênior do WSG, Tomas Vieira.
Segundo ele, a fabricante do gim Hendrick's e do uísque Grant's acompanha o movimento da região. No entanto, nos países que apresentam melhor ambiente de negócios, o resultado das marcas é melhor. "Vemos um alinhamento dos países na América Latina quanto ao cenário para as vendas", conta.
Vieira explica que, para garantir expansão em 2016, a empresa investirá em ações de marketing para os brasileiros e reconhece que mudanças na tributação podem afetar os negócios em 2016.
"No mercado de uísque sempre tivemos uma tributação discriminatória, mas se de fato houver um aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados, o impacto no consumo final será severo", avalia o gerente do WSG.
Em sua visão, o luxo acessível pode ser mais afetado pelo enfraquecimento da economia no Brasil. "Dependendo da categoria de produto - e não falo especificamente da WSG -, o mercado de luxo pode apresentar desempenhos distintos. Percebemos que o luxo mais acessível, como uma marca de água mais cara, pode sofrer mais. Marcas de carro de luxo vendendo a prazo são um sinal de alerta", observa.
O executivo da WSG afirma já ver o consumidor final de bebidas premium avaliando o preço do produto em bares e ponderando quantas doses está disposto a pagar. "O bar é o local onde o futuro consumidor dos nossos produtos acaba conhecendo as marcas pela primeira vez, então observamos essa demanda."
Já no segmento de luxo acessível (vinhos nacionais), o grupo Famiglia Valduga vê uma oportunidade de ampliar os negócios devido ao atual cenário econômico. "Entendemos que o brasileiro está abrindo mão de produtos de maior valor, mas ainda deseja um bom vinho", comenta a diretora comercial da Valduga, Juciane Casagrande Doro.
A demanda por espumantes do grupo, que, além dos vinhos Casa Valduga, detém a marca Domno, registrou crescimento de 15% em 2015. "Essa alta é reflexo de um conjunto de fatores, como a consolidação das nossas marcas, a queda do preconceito quanto a qualidade dos produtos nacionais e também a adoção de novos hábitos de consumo", acredita a executiva.
De acordo com ela, este ano o faturamento do grupo deve subir 15% na comparação com 2014, com o volume crescendo na mesma proporção. Para 2016, Juciane tem projeções positivas, mas afirma que a empresa terá que trabalhar muito mais para sustentar o crescimento e driblar a economia ainda em desaceleração.
Câmbio
"A alta do dólar é outro componente que deve mudar o ambiente de negócios em 2016. Embora o real mais barato estimule o turismo interno, que por sua vez impulsiona a demanda pelos nossos vinhos no Sul do País devido ao enoturismo, o dólar impacta também a nossa formação de preço", explica Juciane. O grupo importa as rolhas usadas nas embalagens das bebidas.
Comum no segmento de luxo, os custos atrelados ao dólar são reflexo do alto índice de participação de produtos finais importados ou de matérias-primas vindas de outros países. Os executivos ouvidos pelo DCI dizem que em um cenário de alta da moeda norte-americana, o mercado de luxo tende a acompanhar o movimento de aumento dos preços, mas algumas marcas internacionais têm conseguido driblar essa exposição.
"A desvalorização do real frente ao dólar tem impacto sobre a economia geral. Todo o mercado está reajustando os preços e todos os produtos importados sofrem diretamente este impacto, daí uma excelente alternativa é o nosso espumante Chandon elaborado na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul", destaca o diretor geral da Chandon, Sergio Degese. O grupo de luxo francês Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH) produz seus espumantes Chandon no Brasil.
Em 2015, o faturamento da Chandon no País está 12% maior frente ao ano anterior. Para 2016, a empresa espera manter a taxa de crescimento. "Esperamos seguir investindo em todo Brasil e, em especial, nas regiões Nordeste e Norte onde temos notado o maior crescimento em vendas do espumante Chandon", conta.
Vestuário
A Pucci continua investindo no Brasil. "Temos a intenção de expandir a marca abrindo uma segunda loja em São Paulo até o final do próximo ano e acreditamos em um forte crescimento da marca com a recuperação econômica esperada para 2016", afirma o diretor executivo da Pucci no Brasil, Freddy Rabbat.
De acordo com ele, as vendas da Pucci no Brasil cresceram dois dígitos neste ano. "O País tem um grande potencial ainda não explorado para as marcas do segmento de luxo. Este potencial apenas não é aproveitado em sua totalidade em função dos altos impostos. No momento que o Brasil entender que não adianta sobretaxar o consumo desta forma que transfere o consumo para o exterior, colheremos mais frutos", defende o executivo.
DCI - 28/12/2015
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