quinta-feira, 24 de setembro, 2015

Diageo prevê perdas com variação cambial

A Diageo, maior fabricante de destilados do mundo, informou ontem que deverá ter um melhor crescimento das vendas neste ano, em relação ao ano passado, mas o golpe sobre os lucros operacionais representado pelas moedas mais fracas será maior que o esperado, de 150 milhões de libras (cerca de US$ 230 milhões).
Em um balanço comercial divulgado ontem antes da assembleia anual do grupo em Londres, o executivo-chefe Ivan Menezes reiterou que as vendas nos Estados Unidos caíram 2% no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado.
A América do Norte é o maior mercado individual do grupo e responde por um terço das vendas e 47% dos lucros operacionais. Mas os EUA vêm tendo um desempenho inferior nos últimos anos, em parte porque o grupo vem sendo lento na reação à mudança das preferências do consumidor e também por ineficiências na maneira como ele distribui seus destilados, que incluem o uísque Johnny Walker e a vodca Smirnoff.
A Diageo espera uma recuperação nos EUA com a nomeação de Deirdre Mahlan, presidente das operações do grupo no país, em substituição a Larry Schwartz, que deve se aposentar no fim do ano.
Menezes disse que o ano fiscal do grupo - iniciado em 1º de julho - começou bem e ficou dentro das expectativas. No entanto, embora a demanda pelas marcas mais caras esteja aumentando nos mercados emergentes, o enfraquecimento das moedas desses países vai afetar o lucro operacional em 150 milhões de libras. Analistas já haviam previsto anteriormente um impacto cambial de 100 milhões de libras.
James Edwards Jones, analista da RBC Capital Markets, disse que o comunicado divulgado ontem pela companhia foi ambíguo: "A notícia sobre os volumes é positiva, mas a informação de que o câmbio vai impactar os lucros antes dos juros e impostos em 150 milhões de libras no ano, não ajuda, embora não tenha surpreendido. Isso representa uma deterioração, embora não seja uma de grande tamanho."
A Diageo, que também controla a Guinness, é tida por alguns analistas como uma possível parceira de fusão para a SABMiller, a segunda maior fabricante de cerveja do mundo, para a qual a Anheuser-Busch InBev prepara uma proposta de compra. Entretanto, Menezes deixou clara sua preferência por permanecer uma empresa baseada em grande parte na produção de destilados.
Philip Gorham, analista sênior de ações da Morningstar, disse ontem que a Diageo é uma empresa com um desempenho inferior que poderá ser presa de investidores ativistas se não conseguir reduzir seus custos - além dos 200 milhões de libras que já estão sendo cortados.
"A ação recuou nos últimos meses, seguindo uma tempestade perfeita: aquisições que não conseguiram criar valor, uma possível investigação pela Securities and Exchange Comission, impactos cambiais desfavoráveis e vários anos de desempenho inferior em termos de volume", disse ele.
"Sem uma execução sólida nos próximos 6 a 12 meses, porém, acreditamos que a Diageo poderá se tornar cada vez mais alvo de escrutínio de investidores ativistas, que poderão tentar vender ativos considerados não essenciais."
As ações da empresa, que acumulam uma desvalorização de 6% desde o começo do ano, estiveram estáveis ontem.
Valor Economico
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