quarta-feira, 30 de setembro, 2015

Custos mais altos reduzem a margem do setor de transformação plástica

A desvalorização do real, o encarecimento da conta de luz, os custos crescentes com a mão de obra e o crédito mais caro têm pressionado as margens da indústria de transformação de plástico, criticam empresários e representantes de associações do setor.
A perspectiva é que os custos da produção subam mais do que a receita ao menos até 2018, estima o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho. Em sua avaliação, faltam investimentos na produção da matéria-prima do segmento, a resina termoplástica, de forma que faltam fornecedores e sobram compradores.
"Neste cenário, em que o governo não corta as próprias despesas e tenta elevar impostos com o propósito de se financiar, o mercado financeiro tende a ser mais atrativo do que a indústria. As políticas atuais desmotivam o investidor a colocar dinheiro no setor produtivo", resume Roriz, em nota.
Em sua avaliação, lidar com os novos desafios exigirá, entre outros esforços, uma agenda comum do plástico, com visão de longo prazo.
Com uma gama diversificada de clientes, a fabricante Copobras tem percebido um desempenho estável da demanda por seus produtos, mas já sente uma compressão maior das margens. Segundo o diretor administrativo e financeiro da empresa, Sergio Carvalho, a desvalorização recente do real e a sequência de aumentos das tarifas de energia, somados aos gastos com salários mais altos, tiveram um impacto direto nos custos de produção.
O executivo destaca que o segmento de copos plásticos, que representa 30% do negócio da companhia, é o que mais tem pressionado os resultados neste ano. Por ser mais simples, explica ele, o produto é vendido em um mercado de commodities, onde a concorrência é mais acirrada.
As vendas de embalagens flexíveis, por outro lado, foram ligeiramente superiores na comparação anual, diz Carvalho, enquanto bandejas de isopor registraram números semelhantes aos de 2014.
"Os clientes industriais que compram as embalagens são muito exigentes, sobretudo com a qualidade da impressão, e de certa forma se mantêm fiéis a fornecedores que já conhecem", afirma o diretor. Dessa forma, a movimentação dentro do setor é reduzida e a queda de produção de um comprador é compensada pelo aumento de algum outro.
A receita líquida da Copobras cresceu 4,6% no primeiro semestre do ano ante o mesmo período de 2014, alcançando os R$ 386,8 milhões. O lucro líquido da empresa, entretanto, recuou 85% na mesma base de comparação, com a alta de 8% das despesas operacionais e de 22% das despesas financeiras.
De acordo com Carvalho, o resultado líquido da empresa ficou "fortemente" prejudicado pela variação cambial passiva não realizada incidente sobre dívidas indexadas ao dólar. Também os gastos fixos pressionaram o resultado e a margem, diz ele, destacando os gastos com salários e energia.
No caso dos custos com eletricidade, a companhia sofreu com um aumento de quase 28% em relação ao mesmo período de 2014, conta o executivo. Ele afirma que a empresa estuda alternativas na geração de energia, mas que neste momento a solução é repassar no preço dos produtos.
A situação atual do câmbio também representa um problema porque os preços desses insumos seguem as cotações do mercado internacional, informa o diretor. Os custos das resinas chegaram a recuar no começo do ano, acompanhando a queda dos preços do petróleo, mas agora voltaram a subir na contabilização em reais. Carvalho afirma, porém, que esse não foi o "vilão" do primeiro semestre de 2015, destacando muito mais uma preocupação com os custos da dívida externa da empresa.
DCI
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