sexta-feira, 28 de agosto, 2015

Saint-Gobain revisa projeção de crescer 7% neste ano no país

A Saint-Gobain decidiu rever sua projeção de crescimento de 7% no faturamento este ano em relação ao obtido em 2014. A nova estimativa ainda será traçada, mas o presidente da Saint-Gobain para o Brasil, a Argentina e o Chile, Thierry Fournier, todavia, ressalva que mesmo assim haverá expansão do faturamento. Já o volume vendido, no acumulado de 2015, será menor do que o do ano passado. "As incertezas estão muito grandes no segundo semestre", afirma o executivo.
Conforme Fournier, a mudança da expectativa do grupo resulta da piora do cenário econômico nos últimos dois meses. De janeiro a junho, o desempenho e as margens da Saint-Gobain corresponderam às metas para o período. Para compensar o aumento dos custos com energia e com matérias-primas indexadas ao dólar, a companhia elevou preços de todos os produtos. As altas ficaram "praticamente em linha com a inflação de custo", segundo o executivo.
O grupo tem presença em todo o país e produz materiais de construção pela Brasilit (telhas de fibrocimento e caixas d'água), Weber (rejuntamentos e argamassas com a marca Quartzolit), Placo do Brasil (drywall), Pam (tubos, conexões e válvulas), Isover (soluções de isolação termoacústica e em lã de vidro) e Cebrace (vidro plano). No varejo de materiais, a Saint-Gobain atua por meio da Telhanorte.
Segundo Fournier, o grupo continua ganhando participação de mercado de outros materiais com alguns itens, como o drywall (placas de gesso). A atuação diversificada possibilita que a Saint-Gobain compense a queda de demanda por clientes, por exemplo, da área de infraestrutura e do setor automotivo, pela fase do ciclo de outros setores, como materiais de acabamento para prédios em fase de entrega. "O grupo é muito resiliente", diz presidente do grupo.
O total de investimentos em capacidade instalada, manutenção e pesquisa e desenvolvimento, programados para 2015, de R$ 550 milhões, está mantido, mas, em 2016, os aportes para aumentar a capacidade cairão para menos da metade.
A Saint-Gobain inaugura hoje unidade da Brasilit de produção de coberturas de fibrocimento, em Seropédica (RJ), sua 59ª fábrica no país. A unidade recebeu investimentos de R$ 55 milhões e começou a operar em 15 de julho.
De janeiro a junho, o desempenho e as margens do grupo corresponderam às metas para o período
Com capacidade que varia de 85 mil toneladas a 95 mil toneladas, dependendo do mix de produtos, a fábrica vai abastecer os estados o Rio de Janeiro, Minas Gerais e o Espírito Santo. "Buscamos ter fábricas o mais perto possível dos clientes finais", diz Fournier. Futuramente, a unidade vai produzir também caixas d'água.
Segundo o diretor-geral da Brasilit, Claudio Bastos, é possível que a taxa de retorno do investimento na nova unidade "caia um pouco nos primeiros anos" devido à piora do cenário econômico. "Mas não olhamos o curto prazo quando fazemos investimentos", diz o diretor-geral.
O presidente mundial do grupo, Pierre-André de Chalendar, ressalta que o atual cenário econômico não faz com que o Brasil tenha perda de importância para o grupo no curto prazo. "Nós acreditamos que o Brasil é uma terra de oportunidades. E Seropédica está totalmente alinhada com a estratégia de crescimento da Saint-Gobain", diz Chalendar.
Com 350 anos, a Saint-Gobain está no país há 78 anos. Segundo o presidente mundial, o grupo tem demonstrado sua capacidade de enfrentar crises e épocas difíceis, "particularmente no Brasil" ao longo de sua história. "O principal desafio é preservar nossa estratégia de longo prazo ao mesmo tempo em que alcançamos nossos objetivos de curto prazo em um cenário delicado", diz Chalendar. Entre os desafios, o executivo mundial cita a inflação "extremamente alta" e a dificuldade de o mercado aceitar incrementos de preços.
Chalendar diz esperar que, no setor de construção, o ano de 2016 seja difícil para novas obras, mas que o segmento de reformas estará um pouco melhor. "Muitas pessoas que não conseguem comprar imóveis novos estão renovando suas casas", diz. O executivo mundial cita que o momento é complicado para as indústrias automotiva e de óleo e gás. "Não podemos nos esquecer da infraestrutura e, particularmente, do segmento de adutoras. O país precisa, desesperadamente de investimentos nesse campo", acrescenta Chalendar.
O presidente da Saint-Gobain para o Brasil defende que o ajuste fiscal seja feito rapidamente e diz estar disposto a pagar mais impostos para contribuir com a busca do equilíbrio. No entanto, afirma que é preciso também que problemas referentes aos gastos públicos sejam resolvidos. "O ajuste é inevitável, então é melhor acontecer agora", diz Fournier. Segundo ele, o Brasil é o país do futuro, mas "seria bom que o futuro se manifestasse um pouco".
Valor Economico
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