terça-feira, 30 de junho, 2015

Snoop Dogg promove cachaça nos Estados Unidos

Por mais que Snoop Dogg não seja uma escolha óbvia para representar um dos produtos mais tradicionais do Brasil, o rapper assumiu essa posição este ano ao assinar um contrato para promover a marca de cachaça Cuca Fresca para os gringos da América do Norte.
"Você não pode ser 'cool' sendo como todos os outros", diz ele em um anúncio que começa com uma imagem do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. "Fique à frente do jogo: beba de forma diferente", ele completa.
O mercado dos Estados Unidos (EUA) é uma nova fronteira para a cachaça, que, no exterior, sempre ficou historicamente à sombra de sua prima mais famosa, o rum. A bebida alcoólica mais popular do Brasil, e a terceira mais consumida no mundo, é feita de cana-de-açúcar fermentada e destilada, enquanto a maior parte das variedades do rum deriva do melaço.
"A indústria da cachaça se transformou nos últimos 20 anos", diz Paulo Furquim de Azevedo, da escola de negócios Insper, em São Paulo. Tradicionalmente, o segmento era formado por produtores em estrutura familiar, em regiões como Parati (RJ) ou Salinas (MG). O problema, para o consumidor, era obter dados para distinguir o produto de maior qualidade do restante, diz Furquim.
O Brasil tem 2 mil produtores e 4 mil marcas, com produção de 800 milhões de litros por anos e capacidade de 1,2 bilhão de litros, de acordo com o instituto de cachaça Ibrac. Nas últimas duas décadas, o setor começou a introduzir certificações para alcançar padrões mais elevados de produção. Grupos de produtores relevantes em Parati e outras regiões estabeleceram selos regionais. Produtos premium, alguns dos quais envelheceram por mais de 12 anos, podem custar mais de US$ 100.
As exportações são avaliadas em apenas US$ 18 milhões, mas cresceram 10% no ano passado. E o fato de o Brasil ter sediado a Copa do Mundo de 2014 e de receber os Jogos Olímpicos no próximo ano atraiu o interesse de multinacionais para o gigante mercado doméstico de cachaça. Em 2011, a italiana Campari comprou a Sagatiba, uma produtora de cachaça premium sediada em São Paulo. Em 2012, a Diageo anunciou a compra da Ypióca, por US$ 450 milhões.
O setor continua bastante preocupado com o fato de o produto ser confundido com algo ruim. O Brasil já negociou o reconhecimento da cachaça como um produto separado do rum com os EUA, Colômbia e México. Este foi "o terceiro país a reconhecer a cachaça como um produto exclusivo do Brasil", disse Cristiano Lamêgo, presidente do Ibrac.
Com vendas ainda minúsculas em países como os EUA, a cachaça ainda não precisa temer cópias. Mas, como diz Snoop Dogg, é bom ficar à frente no jogo.
Valor Econômico – 29/06/2015
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