terça-feira, 17 de novembro, 2015

Vivenda do Camarão aposta em nova frente de negócios

Após verticalizar as operações há dois anos com a aquisição de um frigorífico em Beberibe (CE), a Vivenda do Camarão pretende driblar a crise brasileira tornando-se uma indústria de pescados peculiar, com vendas diretas pela internet. Em meio à retração das vendas nas praças de alimentação dos shoppings centers, a rede de restaurantes decidiu apostar na indústria de camarão e nas vendas de pescados nobres importados com o objetivo de quadruplicar seu faturamento até 2019.
O projeto, gestado justamente a partir da compra do frigorífico, ficou pronto para ser oficialmente lançado no mês passado, com a conclusão da construção de um centro de distribuição em Cotia, na Grande São Paulo. Com isso, a Vivenda do Camarão acredita que poderá fazer com que os pratos do cardápio da loja cheguem a cidades de menor porte, ultrapassando a fronteira dos cerca de 800 mil consumidores que mensalmente vão às mais de 150 lojas do grupo.
A necessidade de mudança na estratégia de negócios da Vivenda do Camarão, que desde a década de 1990 vem ampliando o número de lojas próprias e franqueadas, ficou clara em 2013, disse ao Valor o presidente e fundador da empresa, Fernando Perri. "Era evidente que a crise se aproximava e, se não fizéssemos nada, não daria para aguentar", argumentou, citando a necessidade de encontrar saídas diante da queda nas vendas - só em outubro, a redução foi de 17%.
Foi nesse contexto que surgiu a aquisição, por cerca de R$ 3 milhões, do frigorífico de Beberibe, localizado próximo de fazendas produtoras de camarão em cativeiro. "Precisava ter um frigorífico para cortar custos e garantir o fornecimento", disse o empresário. Com a aquisição, o custo da Vivenda do Camarão na compra de matéria-prima - o camarão é processado na indústria da empresa em Cotia - já caiu 9%, estimou Perri.
Desde a aquisição do frigorífico cearense, a Vivenda do Camarão investiu R$ 22 milhões. Com esses recursos, a maior parte do próprio caixa, a companhia modernizou o frigorífico, construiu o centro de distribuição e ampliou a capacidade de produção da indústria de processamento.
De acordo com Perri, tanto o frigorífico quanto a indústria estão bastante ociosos, o que permitirá um forte aumento da produção. No frigorífico, a capacidade é para processar 1,5 mil toneladas de camarão por mês. Hoje, a empresa só produz as 100 toneladas que são consumidas nas lojas da rede. No caso da indústria, a utilização de capacidade está em apenas 25%.
O último passo da estruturação do projeto, agora em andamento, é a definição dos franqueados que representarão o negócio de vendas de pescados a domicílio da Vivenda do Camarão. "Mais de 1,1 mil franqueados querem nos representar", disse Perri. Com exceção de Rio de Janeiro e São Paulo, onde a Vivenda do Camarão fará as vendas diretamente para o consumidor, no restante do país será utilizado o sistema de franquias. Na prática, o franqueado ficará responsável pela entrega final dos produtos em um determinado município.
A expectativa de Perri é que o retorno do investimento seja rápido, tanto para a empresa quanto para os franqueados. "Sem ser otimista nem pessimista, diria que é possível conseguir retorno em 15 meses", previu o empresário. No médio prazo, as vendas a domicílio também poderão se tornar a frente de negócio mais importante da Vivenda do Camarão, ultrapassando até mesmo as lojas da companhia.
Atualmente, a Vivenda do Camarão fatura cerca de R$ 200 milhões, mas Perri estima que o projeto possa expandir a receita da empresa para cerca de R$ 800 milhões em quatro anos.
Inicialmente, o "e-commerce" da empresa, batizado de Vivenda em Casa, terá como foco as vendas de camarão in natura e de pratos prontos - bobó de camarão, strogonoff de camarão e camarão empanado, entre outros produtos já conhecidos nas lojas que a rede possui nos shoppings.
Num segundo momento, a empresa também pretende comercializar bacalhau, halibute e lagostas. "No começo, vamos vender de 30 a 40 produtos. Mas vamos ter mais de 300 produtos no futuro", disse.
Na avaliação de Perri, o conceito de "e-commerce" de pescados da Vivenda do Camarão terá vantagens sobre o varejo tradicional. Segundo ele, os produtos da empresa serão cerca de 30% mais baratos e contarão com a chancela da marca da rede. "A marca vai dar sustentação para algo que antes não tinha garantia", afirmou, fazendo uma clara alusão à estratégia da JBS com a marca Friboi. "Até pouco tempo atrás, a carne também não tinha marca", disse.
Afora o mercado interno, a Vivenda do Camarão também avalia exportar os produtos processados. Outro projeto em estudo é a criação de franquias de lojas físicas de pescados, uma ideia sugerida pelos próprios franqueados. "É algo que não tinha pensado, mas estou propenso a fazer".
Valor Economico
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