quarta-feira, 25 de novembro, 2015

Crise interna leva setor a buscar exportações

São Paulo - Resultados recentes mostram que, aos poucos, o cacau brasileiro tem conquistado mais espaço no mercado externo. Até porque, diante de uma retração estimada de 5% a 7% no processamento interno deste ano, exportar é a única saída para o setor.
Em contrapartida, o quesito qualidade ainda é o principal fator que limita a consolidação do País entre os grandes compradores, como os europeus, que adquirem o produto vindo da África.
Entre os meses de janeiro e outubro, a receita de exportação do segmento cacau e derivados cresceu 6,4%, o volume embarcado subiu 3,8% e o preço médio do produto seguiu na mesma rota, com alta de 2,4% em relação ao mesmo período de 2014, indicam os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
"A recuperação nas exportações foi significativa, mas não é resistente. Nosso maior mercado comprador é a Argentina, Estados Unidos também está crescendo um pouco, não sabemos até que ponto isso se mantém", afirma o secretário executivo da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Walter Tegani. Na questão da qualidade, ele explica que o processo de secagem artificial no Brasil é feito por meio da queima e os resíduos da fumaça tornam-se um problema para a amêndoa.
Em parceria com a Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), a associação procura um modelo produtivo que possa ser aplicado a cada região da cultura sem tanto prejuízo comercial. "Já há um sistema com uma barcaça que pode melhorar esse processo. Talvez no médio prazo a gente consiga alavancar a exportação, pois para o mercado interno não temos perspectivas. O avanço do processamento está muito atrelado à economia", diz o especialista.
Lá fora, o Rabobank International projeta um déficit global de cerca de 150 mil toneladas da amêndoa nesta temporada, ocasionado por secas nas lavouras da Costa do Marfim e Indonésia - dois dos maiores produtores da cultura no mundo. O problema climático é reflexo do El Niño, classificado como um dos mais fortes da história pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Todos estes fatores levaram a cotação do cacau, em Nova York, a subir 1,2% no mercado futuro para março, a US$ 3,42 mil por tonelada, segundo a Bloomberg, o maior nível desde 2011. Só em 2015, o ganho total chegou a 17%.
O analista do Mercado do Cacau, Adilson Reis, esclarece que, apesar dessa forte alta nos indicadores, está cada vez mais difícil repassar o aumento para o chocolate. "Aqui no Brasil o índice chega a operar US$ 600 abaixo da Bolsa. Com isso, exportadores tentam comprar pelo preço daqui. À medida que tivermos produtos de melhor qualidade, podemos furar esse bloqueio", diz.
DCI - 25/11/2015
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