quarta-feira, 18 de setembro, 2013

Reajuste do vinho pode chegar a 25%, dizem importadores

A combinação do dólar mais alto com o aumento do tributo de valor agregado cobrado em São Paulo já pesa no bolso dos apreciadores de vinhos e espumantes dos quatro cantos do país. Na semana passada, as empresas importadoras dos fermentados de uva iniciaram a recomposição da tabela de preços com reajustes que partem de 10% e podem chegar a até expressivos 25%. Um cenário bem diferente dos últimos finais de ano, quando o preço da bebida se manteve estável e, em virtude da elevada oferta, com tendência de baixa.
A valorização acumulada de 20% frente ao real em 2013 fez da moeda norte-americana o principal complicador para os revendedores na hora da conta. “Você procura reduzir a margem de lucro, revisar os contratos já formalizados
com fornecedores e cortar custos operacionais, mas nada disso é suficiente para compensar essa enorme flutuação”, justifica Luciano Neto, gerente comercial da Grand Cru, importadora que abastece o mercado brasileiro com 1.200 rótulos para mil clientes através da venda direta (restaurantes na maioria ) e outras 28 lojas de varejo. Na segunda-feira da semana passada, dia 2, Neto abriu a Grand Cru com um reajuste médio de 11% no preço de suas garrafas.
O segundo elemento que pesou na calculadora dos revendedores foi a base tributária. Definido no mês passado, o Índice de Valor Adicionado Setorial (IVA-ST), aplicado pela Secretaria da Fazenda paulista sobre a margem de valor agregado nas transações entre pessoas jurídicas, subiu de 56,91% para 62,26%. Na prática, ao consumidor, essa variação implicaria em acréscimo de outros 2%. Como 95% das bebidas importadas passa por São Paulo, o tributo se reflete nacionalmente.
Aberto no primeiro semestre do ano, o e-commerce de vinhos Epicerie mal chegou ao mercado e já enfrenta um cenário desafiador.
“Na virada do mês, a gente teve uma valorização de 10% no preço, mas a expectativa até o fim de setembro é que a média do mercado chegue a 15%”, avalia Ari Gorenstein, co-fundador da empresa digital ao lado de Thais Felipelli.
Os preços mais salgados, no entanto, parecem não desanimar os importadores, que mantém a expectativa de expansão das vendas nas festas deste fim de ano. “O mercado está bastante aquecido. Você nota não apenas um crescimento, mas um refinamento do padrão de consumo dos clientes ao longo do tempo. A previsão é de um crescimento de 10% a 15% no número de garrafas vendidas em relação ao ano passado”, diz Luciano Neto. “Para alguns clientes o aumento vai pesar. Talvez eles optem por garrafas um pouco mais baratas”, acrescenta Thais Felipelli.
O otimismo, no entanto, não faz parte da previsão da Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (Abba). Segundo Orlando Rodrigues Junior, vice-presidente setorial de importação, os operadores do mercado devem tomar cuidado. “Essa visão positiva excessiva já reduziu em 2% as importações de vinho nos últimos meses. Alguns importadores vão até crescer, mas a maioria vai ter dificuldade com o impacto cambial.
Não é exagero considerar que os menos precavidos tenham que reajustar o preço de 20% a 25%”. Após o reajuste, as cifras serão mantidas até início de 2014, quando os contratos com os fornecedores são refeitos. “Quando a gente
fala das festas de final de ano, a programação é fechada agora. Mesmo que o dólar valorize mais, o impacto do câmbio não vai refletir. Os estoques já foram adquiridos”, finaliza Gorenstein. Para os vinhos produzidos no país, o aumento ligado ao câmbio deve ficar entre 2% e 3%. O motivo são alguns insumos utilizados na produção e matérias secas como garrafas, rótulos e até o alumínio que protege a rolha, que podem ser importados.
Brasil Econômico – 13/09/2013
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