quarta-feira, 11 de setembro, 2013

Mercedes-Benz volta a produzir automóveis no Brasil em 2015

Uma década e meia depois de ver frustrada sua primeira tentativa de produzir automóveis no Brasil, a Mercedes-Benz está pronta para construir uma nova fábrica de carros no país. O presidente da montadora no Brasil, Philipp Schiemer, confirmou ontem que o empreendimento estará pronto em 2015. O local ainda não foi definido. A empresa ainda está em dúvida entre os Estados de São Paulo e Santa Catarina. Mas Schiemer já revelou qual será o primeiro modelo a ser produzido no país: o GLA, um jipe prestes a ser lançado na Europa. Numa segunda fase, a empresa produzirá automóveis da linha de sedãs da chamada Série C, a mais vendida no mercado brasileiro.
Schiemer guardava os detalhes da negociação que tem sido conduzida por uma equipe que mescla representantes da companhia do Brasil e da Alemanha. Porém, foi seu chefe, o presidente mundial da Mercedes-Benz, Dieter Zetsche, o primeiro a confirmar a novidade em entrevista ao jornal de Frankfurt "Stuttgartten Zeitung".
Ontem à noite, durante uma festa que antecipou a apresentação dos produtos que serão exibidos no salão do automóvel de Frankfurt, Zetsche aproveitou a chance de poder falar com a imprensa mundial a menos de duas semanas das eleições legislativas na Alemanha para criticar os políticos. "À primeira vista, salões de automóveis e eleições têm pouco em comum: em contraste com os políticos, você tem a chance de testar o candidato antes de votar". E, depois, durante a apresentação de novos modelos híbridos e elétricos, Zetsche, em seu discurso, também disse: "Nós [os fabricantes de veículos] temos feito coisas que os políticos de fato não gostam de fazer. Temos trazido conosco promessas que fizemos no passado".
Na mesma festa, o presidente da empresa no Brasil, Philipp Schiemer disse que a escolha do local da futura fábrica brasileira acontecerá "nas próximas semanas". Segundo ele, questões logísticas e de treinamento de mão de obra são as que mais pesam na decisão. Ele não revelou, porém, o tamanho do investimento.
Se optar por Santa Catarina, a Mercedes será vizinha de sua concorrente BMW, que está em plena fase de construção de uma linha em Araquari, no norte catarinense. No caso da Mercedes, São Paulo, contudo, tem peso importante na decisão, já que a montadora tem uma relação histórica com o Estado, onde produz caminhões e ônibus há 60 anos. Duas cidades do interior paulista são avaliadas.
A montadora estuda locais próximos da capital do Estado, o que inclui a região onde estão instaladas as fábricas da Hyundai, em Piracicaba, e da Honda, em Sumaré. Já em Santa Catarina, a região de Joinville é a principal candidata.
Segundo Schiemer, a nova fábrica terá capacidade de 30 mil veículos por ano e inicialmente dedicará toda a produção ao mercado interno. O número coincide com as previsões da BMW para sua fábrica e também reflete a expectativa das duas montadoras de que o mercado de carros de luxo deverá crescer.
As três marcas que concentram as vendas nesse segmento - Mercedes Audi e BMW - vendem hoje em torno de 50 mil unidades por ano. Schiemer não parece preocupado com o futuro da economia do Brasil. "Nossa fábrica de automóveis é um investimento para o longo prazo", diz.
O cálculo de capacidade de produção da futura fábrica também considera vantagens tributárias. Os benefícios fiscais previstos no novo regime automotivo levam em conta a quantidade de peças compradas no mercado local. Mas para as linhas de baixa escala - com capacidade inferior a 35 mil carros por ano -, essa política concede níveis de conteúdo local mais confortáveis, desde que a empresa cumpra com investimentos mínimos estipulados pelo governo.
Com a expectativa de que Audi também volte a produzir automóveis no país, o Brasil recuperará, em breve, o seu parque industrial da chamada categoria "premium". Mas tanto Audi como Mercedes já passaram por experiências frustradas. A Audi deixou de produzir o A3 por não conseguir levar ao Brasil as novas gerações do modelo alemão. Mesmo assim, a fábrica onde o A3 era produzido, em São José dos Pinhais (PR), continuou a operar porque era compartilhada com a Volkswagen.
Já a história da fábrica da Mercedes foi mais complicada e polêmica. O projeto mal sucedido de Juiz de Fora (MG) arrastou-se durante anos. Os operários passaram boa parte do tempo afastados. Por fim, a empresa optou por adaptar a fábrica à produção de caminhões. Não é à toa, portanto, que o anúncio da futura fábrica está agora cercado de cuidados. Os alemães não querem errar duas vezes.
Valor Econômico - 10/09/2013
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