quinta-feira, 23 de maio, 2013

País exporta menos de 25% da cota de veículos para o México

Depois de completado um ano do novo acordo automotivo entre Brasil e México, a balança comercial do setor continua a apontar enorme desequilíbrio. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as importações do México estouraram em mais de 35% a cota estabelecida para cada país, de US$ 1,45 bilhão. Já as exportações não cumpriram nem um quarto do acordado.

Cada país pode vender para o parceiro comercial US$ 1,56 bilhão sem que os veículos sejam sobretaxados com Imposto de Importação de 35%
O tratado, reformulado em 2012 para diminuir o déficit brasileiro, pouco influenciou o saldo do setor. Em 2011, o México obteve um superávit de US$ 1,7 bilhão. No período de vigência do novo acordo, entre os meses de março de 2012 e de 2013, o superávit mexicano foi de US$ 1,6 bilhão.
Um dos objetivos do governo federal com o novo acordo era elevar os embarques do Brasil para o parceiro, porém, o efeito foi o contrário. As exportações brasileiras caíram no período. Em 2011, foram vendidos US$ 372 milhões. Já nos doze meses posteriores ao tratado, US$ 352 milhões.
Desde 19 de março deste ano, novas cotas passaram a valer, como prevê o acordo. Agora, cada país pode vender para o parceiro comercial US$ 1,56 bilhão sem que os veículos sejam sobretaxados com Imposto de Importação de 35%. Até esse limite, os automóveis são isentos do tributo.
As motivações para o mau desempenho das exportações brasileiras estão relacionadas aos mercados internos de Brasil e México.
No país sul-americano, o alto custo de produção e um mercado pujante desestimulam as montadoras a exportar. Já no parceiro, o pequeno mercado interno — que absorve apenas 700 mil veículos anualmente — e a influência dos carrões norte-americanos restringem o comércio dos populares de fabricação brasileira.
Além disso, marcas que são líderes de vendas no Brasil, como Fiat e Volkswagen, não gozam do mesmo prestígio no mercado mexicano. Embora a montadora alemã figure entre as cinco maiores, a concorrente italiana briga para não ficar na lanterna de uma lista com mais de 20 empresas.

Financiamento de veículos recua 8,7%, diz Anef Milad Kalume Neto, da consultoria Jato Dynamics, diz que as montadoras instaladas no Brasil estão mais preocupadas em ocupar o mercado interno do que em exportar. Ele acredita que, para vender ao mercado mexicano, as empresas nacionais precisam oferecer um carro com maior qualidade por um preço menor do que o vendido dentro do país. Com isso, o custo de oportunidade se torna desfavorável e impede o crescimento das exportações.
“Hoje, o Brasil é o lugar número 1 do mundo para lançamentos. Não estamos exportando porque somos o grande mercado do momento”, avalia o consultor.
Mesmo com esse mercado pujante, o consultor Francisco Satkunas espera que as montadoras insistam na exportação. Segundo ele, o mercado automotor globalizado exige que as empresas com grande volume de importação, como as brasileiras, também vendam no exterior para se proteger de variações do câmbio.
“Já chegamos a exportar mais de 30% da nossa produção e caímos para 10%. Se voltarmos para um patamar de 20%, já será suficiente para que, ao menos, as montadoras estejam protegidas de variações bruscas do câmbio”, diz.
Satkunas aposta na posse do economista Luiz Moan como presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para reverter esse quadro. “Sabemos que ele (Moan) está preocupado com isto. Hoje, não temos como competir devido aos custos de mão de obra e matéria-prima. Mas nossos carros têm mercado lá fora e é possível voltar a crescer”, diz.
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