quarta-feira, 22 de maio, 2013

Michelin acirra briga no mercado de pneu original

A francesa Michelin entrou de vez na briga pelas montadoras de carros - que, no Brasil, formam um mercado próximo a 20 milhões de pneus por ano disputado entre Pirelli, Bridgestone, Continental e Goodyear. A empresa tem como meta atender 5% desse volume nos próximos cinco anos. Para isso, começou a negociar com grandes fabricantes do país.
Damien Destremau, vice-presidente da Michelin na América do Sul, diz que, neste mês, representantes da Volkswagen foram a Itatiaia, no sul do Rio de Janeiro, para visitar a nova fábrica de pneus de automóveis do grupo e o mesmo deverá ser feito pela Nissan nas próximas semanas. As conversas também já foram iniciadas com a Fiat, adianta o executivo.
A partir de setembro, a companhia começa a abastecer as montadoras da região pela unidade de Itatiaia, preparada para produzir até 5 milhões de pneumáticos por ano após receber investimentos de € 300 milhões.
Já está acertado o fornecimento para dois carros fabricados pela também francesa PSA na província de Buenos Aires: o C4 Pallas, sedã da Citroën, e o hatch 308, da Peugeot. Ambos os modelos já são equipados com pneus da Michelin - porém, importados da Europa. A Michelin informa que também vai fornecer para a Ford na Argentina, atendendo ao Focus, outro modelo que chegou a usar pneus importados da marca.
Chegar às montadoras é uma das estratégias da Michelin para dobrar sua participação no mercado de pneus brasileiro, hoje situada em torno de 8%, conforme informações da própria empresa, que coloca na conta as vendas no canal de reposição. O caminho, porém, é longo. Dos testes ao fechamento do contrato, passando pela homologação do produto, o desenvolvimento dos chamados pneus originais pode demorar mais de um ano.
Mas os franceses apostam no novo regime automotivo - que fixou metas de eficiência energética às montadoras - para emplacar mais rapidamente seus produtos nesse mercado. Segundo Destremau, a baixa resistência à rodagem dos pneus de alta performance, como os fabricados pela companhia, pode contribuir em dois pontos percentuais ao desafio das montadoras de tornar os carros 12% mais eficientes até 2017, como determina a nova política automotiva, editada no dia 3 de outubro.
"Nosso diálogo com as montadoras mudou depois de outubro do ano passado. Elas, antes, não mostravam tanto interesse como agora", conta o executivo, que responde pela divisão de pneus de carros de passeio, caminhonetes e motos da subsidiária.
Além da investida sobre a indústria de automóveis, os "pilares de crescimento" da Michelin no país, como diz Destremau, incluem a ampliação do portfólio de produtos e o fortalecimento da marca, que inicia nesta semana nova campanha publicitária na televisão. Também faz parte do pacote a meta de duplicar o tamanho da rede de distribuição, formada hoje por mais de 300 pontos de venda autorizados.
O grupo toca na região um programa de investimento de € 1 bilhão. Além da nova linha dedicada a carros de passeio em Itatiaia - inaugurada há oito meses -, os aportes incluíram a expansão em 30% na capacidade da fábrica de pneus para caminhões, esta situada na cidade do Rio de Janeiro. "Queremos, em cinco anos, dobrar de tamanho. Sem investir, não dá para fazer isso. Nossa virada começa agora", afirma o diretor.
Ele diz que um novo ciclo de investimentos no país - para dobrar a capacidade na produção de pneus de passeio - será avaliado pela Michelin nos próximos anos, a depender da receptividade do mercado. Segundo o executivo, a multinacional francesa já previa uma segunda fase de expansão quando projetou a fábrica de Itatiaia. "Ainda temos espaço disponível. Quando fizemos a fase 1 já considerávamos a fase 2 no layout do projeto", afirma.
Na América do Sul, a companhia fatura cerca de € 1,3 bilhão, ou 6% da receita de € 21,5 bilhões registrada em todo o mundo durante o ano passado.
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