quinta-feira, 23 de maio, 2013

Celulose terá menos espaço para repasse de preços

Depois de a indústria global de celulose ter encontrado suporte para três reajustes de preço no início de 2013, a ocorrência de paradas para manutenção em diferentes fábricas, combinada à expectativa de menor velocidade na entrada em operação de novos projetos de produção, poderá sustentar uma tendência de alta moderada da matéria-prima nos próximos meses.
O cenário, contudo, não deve permanecer ensolarado para o setor até o fim do ano. Embora exista espaço para uma eventual nova rodada de aumentos até o terceiro trimestre, a pressão sobre os produtores vai crescer à medida que se aproxima a data de inauguração de duas novas fábricas - ambas na América do Sul - e a efetiva aplicação dos reajustes dependerá da relação entre o ritmo de operação das novas linhas e de fechamento de capacidades.
Sobre o mais recente reajuste, de US$ 30 por tonelada a partir de 1º de maio nos três mercados mundiais de referência, os comentários de mercado indicam que os produtores já teriam encontrado dificuldade de aplicação integral. A indústria, por sua vez, reiterou que vai emplacar, gradualmente, 100% do aumento.
No segmento de fibra curta, uma especialidade dos produtores brasileiros, os aumentos de 2013 levaram o preço de referência na América do Norte a US$ 900 por tonelada. Na Europa, a cotação chegou a US$ 850 por tonelada e, na Ásia, a US$ 750 a tonelada, em níveis superiores ao anteriormente estimado pela indústria.
Anunciado com mais antecedência do que o de costume, esse terceiro anúncio foi visto como "agressivo" por analistas que acompanham a indústria e teria encontrado maior resistência na Europa. Um dos fatores que dificultaram os planos dos produtores foi a continuidade da operação da Södra Cell Tofte, uma das maiores fornecedoras de pasta química da Noruega. A Södra havia indicado que encerraria as atividades da fábrica já em maio, diante do fracasso do processo de venda do ativo. Segundo a consultoria finlandesa Foex, contudo, a unidade seguirá em atividade até pelo menos meados de junho.
Ao mesmo tempo em que manteve a fábrica em operação - e, portanto, não contribuiu para a redução da oferta global da matéria-prima -, a própria Södra anunciou no fim de abril um novo reajuste, que elevou a US$ 890 a tonelada da fibra longa no mercado europeu a partir de 1º de maio. Segundo a companhia, o aumento deveu-se à redução dos estoques globais de celulose de fibra longa.
Do lado da adição de novas capacidades, Montes del Plata, uma joint venture entre Stora Enso e Arauco no Uruguai, deve finalmente iniciar a produção de celulose de fibra curta no terceiro trimestre, um pouco além do prazo originalmente previsto. Contudo, a unidade somente deve alcançar ritmo de 100% da capacidade instalada, de 1,3 milhão de toneladas por ano, no segundo semestre de 2014, o que indica que sua chegada ao mercado será mais suave do se esperava.
No quarto trimestre, é a vez de Suzano Papel e Celulose iniciar as operações da fábrica de Imperatriz (MA). Com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas por ano, a unidade também deve alcançar ritmo de 100% em 2014, de forma que os preços da celulose deverão ficar sob pressão crescente. Diante disso, é provável que os produtores da matéria-prima aproveitem para "puxar" os preços de referência até o terceiro trimestre, ou no mais tardar até o fim do ano, antes do inevitável período de excesso de oferta.
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