Copa: aumento de volume, mas também de custos

Assistir aos jogos da Copa do Mundo com cerveja na mão é um ritual imprescindível para milhões de torcedores. Seria, portanto, de se esperar um excelente resultado nesse período para a Ambev, dona de quase 70% do mercado da bebida no Brasil. De fato, as vendas de cerveja em volume costumam aumentar muito durante a competição, a ponto de a empresa considerar a Copa como uma espécie de verão em pleno inverno. Na última linha, no entanto, os resultados podem não ser tão expressivos. Relatório do banco BTG Pactual indica que: "enquanto o volume de vendas pode ter aumento marginal, o impacto no lucro, Ebitda e margem Ebitda é mais controverso". Os analistas Thiago Duarte e Vito Ferreira estudaram os números da companhia nas três últimas edições da Copa do Mundo e constataram que o principal evento do futebol mundial não tem sido assim tão lucrativo para a Ambev. Isso porque, apesar do aumento de volume, cresceram também despesas com marketing e promoções, o que ocasionou pressão nas margens. A marca Brahma, por exemplo, desembolsa uma grande soma em marketing, inclusive para ser patrocinadora oficial da seleção brasileira, o que eleva os custos de venda no período. Outro ponto importante é que as promoções, tão comuns no período de jogos, fizeram com que o preço médio nos trimestres em que houve Copa do Mundo fosse mais baixo em comparação com trimestres sem Copa. Outro impacto é causado pela escolha das embalagens por parte dos consumidores. Nas Copas de 2010 e 2014, por exemplo, cresceu a procura por cerveja em lata, menos rentáveis do que as embalagens de vidro e garrafas retornáveis. Com custos maiores e preços mais baixos, a margem Ebitda da empresa fica prejudicada. “Acreditamos que essa Copa do Mundo deverá seguir as tendências as edições anteriores, sem expansão relevante nas margens”, escreveram os analistas do BTG Pactual.