sexta-feira, 22 de setembro, 2017

Produto nacional ajuda setor de brinquedo a crescer 10% no ano

São Paulo - A indústria de brinquedos deve crescer cerca de 10% neste ano, para R$ 6,6 bilhões, com um incremento da participação do produto nacional. O aumento, porém, será puxado por itens com preços médios mais baixos.
Em meio à maior recessão em décadas no Brasil, o setor de brinquedos foi um dos que menos sofreu em relação às demais indústrias. Em 2016, a receita somou R$ 6,018 bilhões, o que representou uma expansão de 7% em relação a 2015. Como comparação, entre 2014 e 2015, a alta havia sido de 15%.
"Temos observado uma intensa atividade dos lojistas nas últimas semanas de compras da indústria, criando uma expectativa muito positiva para o Dia das Crianças e o Natal", afirma o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista. Segundo ele, a indústria nacional deverá representar cerca de 58% das compras do varejo em 2017, percentual que vem crescendo nos últimos anos. Em 2013, por exemplo, o brinquedo local respondia por 52%. "Há muita importação que não vai chegar a tempo para o final do ano."
A ampliação da fatia dos nacionais vem, em boa parte, do aumento do valor unitário dos brinquedos importados, sobretudo em razão da desvalorização do real desde o início da crise política e econômica. Além disso, afirmou Batista, os fabricantes locais apostaram no crescimento da escala de venda, sem elevação adicional de preços, para ganhar participação de mercado, mesmo reduzindo as margens. "Nosso objetivo é ganhar no volume", reforça.
Preço
Apesar da alta do faturamento, a indústria teve que reduzir seus preços médios para crescer em volume. Segundo a Abrinq, na venda ao consumir final, os itens com preços acima de R$ 100,00 representaram 12,4% do total das vendas no ano passado, contra 19,9% em 2014, antes da recessão econômica. "Não estamos elevando os preços, até porque a correção nos valores dos principais insumos [plástico e madeira] vem sendo pequena", explica Batista, acrescentando que cerca de 60% da oferta está na faixa de R$ 50,00. Para o Dia da Criança, mais de mil novos brinquedos estão chegando às lojas - total inferior aos lançamentos dos anos de 2012 (1.659) e 2013 (1.600).
Na fabricante Xalingo, localizada em Santa Cruz do Sul (RS), a fatia de produtos com preços abaixo de R$ 100,00 representa atualmente cerca de 80% da linha fabricada. Entre 2013 e 2014, época em que a economia ainda estava aquecida, essa relação era de aproximadamente 60%. "Fizemos alguns ajustes para reduzirmos o preço dos nossos produtos ou relançando de forma mais customizada, para nos adaptarmos ao mercado. Reduzir o preço foi uma imposição do consumidor", diz o gerente de vendas da Xalingo, Alexandre Marques. Segundo ele, a expectativa da empresa é um pouco menos otimista em relação à Abrinq: a perspectiva de alta da empresa é de 5% a 10% para este ano.
Marques ressalta que o varejo ainda conta com uma ponta de estoques, que deverá ser reduzida no Dia das Crianças, levando à recomposição para o Natal.
"Observamos um melhor comportamento das vendas no Sudeste, e depois no Sul, regiões onde aparentemente o consumidor sentiu menos a crise. No Norte e no Nordeste a performance está abaixo da média", acrescentou Marques.
Para o diretor da Usual Plastic Brinquedos, Marcelo Ghiraldi, a projeção para o crescimento das vendas este ano é de 15%, impulsionada pelos clientes das classes C e D. "A busca por produtos mais baratos nos ajudou bastante", conta Ghiraldi, cuja fábrica fica localizada em Laranjal Paulista (SP). Segundo ele, praticamente toda a produção é comercializada a preços inferiores a R$ 100,00. "Mesmo durante o pior momento da crise as pessoas não deixaram de comprar, apenas reduziram o valor gasto", complementa.
Outro fator que contribui para o crescimento da empresa, diz Ghiraldi, foi a alta do dólar, que deixou os importados menos competitivos. "O dólar alto travou as importações e ganhamos espaço nas prateleiras no varejo", destaca.
Segundo o analista de pesquisa sênior da Euromonitor, Elton Morimitsu, os consumidores passaram a procurar por alternativas mais baratas, evitando produtos mais caros. No entanto, ele avalia que os vídeos games registraram taxas de crescimento positivas, "influenciadas pelo bom desempenho das vendas de software digital". "Os brinquedos e jogos tradicionais foram significativamente afetados", afirma.
Segundo projeção da Euromonitor, que compila venda de brinquedos e games do varejo ao consumidor final, o setor deve faturar R$ 16,39 bilhões neste ano, alta de 3,14% sobre 2016. Enquanto a receita de brinquedos tradicionais deve subir 1%, a de vídeos games saltará 7,4%.
DCI – 21/09/2017
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