segunda-feira, 05 de dezembro, 2016

Demanda por serviços de consultoria de longo prazo deve voltar a crescer no próximo ano

São Paulo - Com projeções levemente melhores para a economia ano que vem, as cinco maiores consultorias do Brasil se preparam para a retomada de serviços de longo prazo, sobretudo com o foco em TI, após um 2016 marcado pela demanda por suporte para questões como reestruturação financeira e de processos, forense e recuperação judicial.
Em 2016, com a crise econômica e os escândalos políticos, as maiores consultorias do País tiveram uma grande busca por serviços relacionados a reorganização de práticas internas, procedimentos, fraude e compliance. E isso não deve mudar por enquanto. "Ainda teremos [em 2017] um reflexo do que foi 2016", afirma o sócio da KPMG no Brasil e líder para o setor de consultoria, Carlos Gatti.
Segundo ele, em 2016 muitas empresas postergaram investimentos em serviços que exigem aportes grandes e com resultados de longo prazo, mas a expectativa é que algumas demandas já comecem a voltar. "Vemos sinais positivos. Muitos estrangeiros, especialmente asiáticos, estão olhando o Brasil". Com isso, ele enxerga uma busca por identificação de pontos de capital para o investimento e desenvolvimento de plantas, assim como demanda por operações de 'transformação', muito usadas no mercado de saúde e indústria de seguros.
Concordando, o sócio-líder da área de desenvolvimento de mercado da Deloitte, Othon Almeida, acrescenta que essa 'transformação' deve acelerar a busca das empresas por soluções que utilizem conceitos de internet das coisas, analytics e cyber security. Na BDO, por exemplo, já há sinais disso, os projetos relacionados a analytics passaram de dois no começo do ano para cinco nos últimos dois meses. "Isso é novo para o middle market, mercado que focamos. Esse nicho está hoje no ápice do crescimento", diz a gerente sênior de finanças corporativas e fusões e aquisições, Romina Lima,
Também pensando em soluções de 'transformação de mercado', a Deloitte lançou uma ferramenta que realiza diagnóstico e aponta soluções para melhorar a gestão de todos os ciclos de receita de hospitais. "[Com ele] é possível obter resultados expressivos, tais como o aumento de 3% a 5% na receita, redução de 10% a 20% no número de dias de faturamento da conta e a diminuição de 1% a 2% nos valores represados na instituição [exemplo disso são as contas pendentes]", acrescenta Almeida da Deloitte.
Além da área da saúde, o sócio da PwC, Jerri Ribeiro, indica que o setor de infraestrutura, sobretudo os projetos de urbanização, também devem passar por essa transformação digital. "Ambas (saúde e infraestrutura) fazem parte das mega tendências", diz.
Segundo ele, mesmo sendo um retorno progressivo, alguns setores da economia já prometem entrar em um novo ciclo de investimento e de novos projetos. "O mercado como um todo deve voltar um pouco no primeiro semestre e depois mais forte no segundo", afirma, destacando a área de infraestrutura e petróleo, como promissores. "Na área de óleo e gás devemos ver a entrada de novos players", diz Ribeiro se referindo ao fim da obrigatoriedade da Petrobras como operadora única nos leilões do pré-sal. Pensando em um cenário promissor, a PwC lançou semana passada um Global Crisis Centre, que já existia em outras unidades do mundo, mas só agora veio ao Brasil.
Desafios
Junto com a transformação digital nos serviços buscados, a sócia-líder de melhoria de desempenho para a América do Sul da EY, Cristiane Amaral, aponta que os projetos estão exigindo cada vez mais personalização e complexidade, além de um time altamente especializado. "Hoje os serviços de maior complexidade não têm margem adequada", sinaliza, lembrando o cenário atual das empresas. Contudo, ela destaca que isso tem levado a um novo patamar de serviços. "Hoje 80% das respostas que damos não são padrão", conta. Outra estratégia da EY, também citada pela KPMG, é o investimento em regionalização.
Além disso, ela cita o reforço no alinhamento global da consultoria como estratégia. Na mesma onda está a BDO que segundo Romina Lima, tem se destacado pelas soluções de cyber security. "A BDO nos Estados Unidos contratou ex-chefes da CIA e do FBI para ajudar e isso nos ajudou", diz.
DCI
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