Wednesday, August 02, 2017

Setor de revestimentos cerâmicos começa a mostrar sinais de retomada

São Paulo - A indústria de revestimentos cerâmicos está voltando a crescer no Brasil. Para 2017, o setor projeta um incremento tímido de 3,8% da produção, puxado pelo varejo. No entanto, o volume recorde alcançado em 2014 não deve retornar no curto e médio prazo.
"A queda do mercado foi muito forte. Levaremos de dois a três anos para voltar ao patamar de 2014", afirmou ao DCI o superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), Antonio Carlos Kieling.
O dirigente conta que o Brasil é o segundo maior produtor mundial e o segundo maior mercado consumidor de revestimentos cerâmicos, perdendo apenas para a China. "A indústria brasileira é muito competitiva neste segmento. Temos uma produtividade acima da chinesa, mas o custo Brasil ainda nos atrapalha", destaca.
Em 2016, o setor produziu 790 milhões de metros quadrados (m²) e, para este ano, a Anfacer projeta um volume de 820 milhões de m². "Se não tivéssemos a crise política, o mercado já teria retomado de maneira mais consistente", acredita.
O recorde da indústria foi alcançado em 2014, quando foram produzidos 905 milhões de m². "A partir do ano seguinte, o setor começou a sentir os efeitos da crise. Principalmente os lançamentos das construtoras começaram a estagnar", relata.
Atualmente, a indústria de revestimentos cerâmicos opera a uma capacidade em torno de 73%. "Historicamente operamos acima de 85%", salienta Kieling. Com cerca de 85 empresas, o setor tem um faturamento estimado de pouco mais de R$ 9 bilhões e vem apostando na exportação para manter as linhas cheias.
"Apesar da base fraca, nossos embarques cresceram 23% no ano passado", pontua Kieling. Com esse desempenho, as vendas da indústria de revestimentos tiveram uma queda total de 10,4% em relação a 2015. Excluindo as exportações, a retração sobe para 13,5%.
"Os embarques estão sustentando a indústria e já representam um canal importante de vendas, correspondendo a cerca de 12% da produção", acrescenta o dirigente.
Ele salienta que a indústria local exportou para 103 países no ano passado. "Isso demonstra nossa competitividade."
Kieling garante ainda que os fabricantes têm feito o possível para evitar demissões. "Nossa indústria precisou se adaptar à demanda. Mas as empresas estão conseguindo atravessar a crise com o mínimo de cortes possível", declara.
Mercado fraco
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), o segmento de acabamento - que inclui produtos usados na última fase da obra - vem aumentando a sua participação frente aos materiais de base. "No mercado de reformas, conhecido como 'formiguinha', as vendas de produtos de acabamento se mantêm aquecidas, apesar da crise, ainda que em uma intensidade menor", diz o presidente da Abramat, Walter Cover.
Segundo o dirigente, no primeiro semestre deste ano as vendas de materiais de base recuaram 7,6% em relação ao mesmo período de 2016. Já o segmento de acabamento teve queda de 6,3% na mesma base de comparação.
"No ano passado, ainda havia um rescaldo dos lançamentos das construtoras. No primeiro semestre de 2017, este mercado acumula uma queda de cerca de 15%", destaca o presidente da Abramat.
Ao mesmo tempo, o mercado do varejo cresce cerca de 3%. "O segmento de reformas está com um desempenho um pouco melhor", acrescenta.
Neste cenário, o mercado de revestimentos pode sofrer menos. "Todo mundo precisa de uma reforma aqui ou ali. A decisão de investir ou não vai depender da situação econômica da família e da confiança na economia", pontua Cover.
Para o superintendente da Anfacer, a retomada da economia é o fator mais importante para a recuperação do setor de revestimentos cerâmicos. "Da porta para dentro, fizemos a lição de casa. Agora é aguardar pela retomada do PIB [Produto Interno Bruto]", diz Kieling.
E enquanto o Brasil não apresenta resultados mais contundentes na economia, o dirigente observa que as empresas devem manter a estratégia atual. "O setor vai continuar se apoiando nas exportações e esperando um pouco mais do varejo", avalia Kieling.
DCI – 1/08/2017
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