Thursday, January 12, 2017

Hoteleiras querem atrair o pequeno investidor ao modelo de condo-hotel

São Paulo - Com a proximidade da regulamentação do modelo de condo-hotel, o setor hoteleiro espera recuperar a confiança do investidor e conseguir ampliar a participação dos pequenos. Segundo a entidade que representa os investidores de condo-hotel, a InnVestidor, lançada ontem, para atingir essa meta também é necessário 'empoderar' os cotistas dos empreendimentos.
Tradicionalmente com poucas opções de financiamento, a hotelaria depende do modelo de condo-hotel, para expandir. O formato, no entanto, ainda passa por incertezas, como falta de regulamentação' e a imagem negativa. Por isso, para garantir sua sustentação, o setor deve melhorar o ambiente para investidores. "Devemos criar condições que possam atrair de novo o investidor", afirma um dos fundadores da InnVestidor e especialista tributário, Camillo Ashcar Neto.
De acordo com ele, existe um grande potencial entre os pequenos investidores, sobretudo aqueles que ainda aplicam na poupança, mas é necessário que a instrução normativa que trata da regulamentação do setor - que irá para audiência pública no dia 08 de fevereiro - aborde as necessidades dos proprietários. "Por isso estamos [a InnVestidor] tratando com a CVM detalhes que não estavam sendo tratados", explica.
Alguns exemplos citados por ele, são as regras necessárias para entrar ou sair do pool hoteleiro e os pré-requisitos que devem ser levados em consideração para quem quer investir no modelo. "É importante que cada empreendimento tenha seu estatuto, mas também que as regras da CVM criem uma patronização para alguns pontos", diz.
Para conseguir atingir este público, o executivo conta que irá dialogar e criar ações com órgãos governamentais do setor e entidades representativas, como o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). "Além de usar os cadastros que esperamos atingir em 2017 para traçar um perfil e depois estudar o potencial do grupo que usa poupança."
No caso de investidores de maior porte como empresas e fundos institucionais, ele ressalta que as medidas também são necessárias. "Precisamos de um ambiente adequado para que o capital possa entrar", explica. Ashcar acredita que a instabilidade política e econômica e o índice de violência são grandes gargalos no setor e "é por isso que o setor deve, pelo menos, ter segurança jurídica e regras claras", conta.
Segundo o executivo, com regras claras, até de revenda dos apartamentos, será possível devolver a este tipo de investimento a liquidez e atratividade que perdeu nos últimos anos. "Hoje do jeito que está o mercado financeiro, muitos investidores acabam querendo vender seu ativo e investir em título e quem ainda não tem condo-hotel também não quer, porque o retorno está baixo", complementa.
Por último, o executivo complementa que as medidas da CVM serão muito benéficas para a imagem do setor. Enquanto alguns empreendimentos lançados no passado não cumpriram com as promessas de retorno, as regras deverão reduzir as margens de interpretação tanto na hora de comercializar como de montar um projeto, o que deverá dar mais segurança ao proprietário e consequentemente melhorará a imagem do investimento.
Profissionalização
Outro grande desafio para o setor apontado por mais um fundador da entidade, Mukesh Chandra, é a produção de conteúdo técnico e estatístico para investidores. "O intuito da entidade é produzir informações fidedignas, como as que encontramos em outros setores, como o de construção. Queremos criar índices de rentabilidade por região e até taxa de ocupação", analisa o executivo.
De acordo Chandra, a associação será um apoio para investidores de todos os portes, especialmente para o pequeno. "Vamos fazer informação gerada por especialistas. Queremos dar para ao síndico do condo-hotel e o investidor base legal para discutir e questionar a administradora do hotel. A administradora não quer lesar o investidor, mas muitas vezes a visão dela não é a do investidor", comenta.
O executivo acrescenta que a entidade também deverá incentivar a participação mais ativa do investidor nos conselhos e assembléias ordinárias e extraordinárias. "Muitas vezes o proprietário não está de acordo com uma decisão tomada pela administradora, mas não foi às assembléia, então não tem como reclamar."
Outro exemplo citado por ele é a falta de conhecimento sobre os direitos e deveres do investidor e da administradora. "Muitos nem sabem que existe um estatuto e nem conhecem as cláusulas contratuais. Caso o hotel tenha prejuízo, ele às vezes não sabe que deve cobrir o custo fixo", complementa. Por isso, um dos trabalhos da InnVestidor será dar dicas sobe o que saber antes de investir no condo-hotel. "Às vezes, o investidor assina uma procuração na hora de fechar o contrato, onde a administradora decide por ele em caso de ausência e ele nem sabe", diz. A perspectiva da entidade para 2017 é atingir 10 mil associados até o final do ano. O site, que está disponível desde a última terça-feira já está recebendo solicitação e cadastro.
Sobre a perspectiva do especialista para o mercado de condo-hotel neste ano, o executivo acredita que continuará com difíceis resultados. "A rentabilidade deve continuar baixa em 2017. Mas as administradoras terão um desafio de pelo menos conseguir o suficiente para pagar as contas e não ter prejuízo para os investidores", conta.
DCI
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