Brasil derruba exportação de uísque escocês
As exportações de uísque escocês caíram novamente no ano passado, como um reflexo das difíceis condições mundiais. As quedas alimentaram a preocupação com um possível superinvestimento, já que novas destilarias foram abertas nos últimos anos.
A Associação do Uísque Escocês disse, no entanto, que ainda vislumbra "oportunidades de crescimento", especialmente para os uísques "premium", como os "single malts" [produzidos a partir de uma mistura de grãos maltados e destilados em um único local, diferentemente dos "blends"]. "O quadro de mais longo prazo é de crescimento da demanda, novos investimentos e produtos mais caros e de melhor qualidade", disse o presidente da associação, David Frost.
Em 2015, o volume das exportações de uísque escocês caiu 2,8%, ano a ano, para 1,16 bilhão de garrafas, e seu valor alfandegário recuou 2,4%, para 3,86 bilhões de libras esterlinas - um recuo consideravelmente mais lento que a redução de aproximadamente 7% sofrida por esses dois parâmetros em 2014.
Dados semestrais também sugeriram que a taxa de queda desacelerou durante 2015.
A associação informou que um terço da diminuição total das exportações ficou por conta do Brasil, onde a demanda recuou 20% depois da drástica reversão das perspectivas da economia do país. O valor das exportações para o Brasil caiu 30%, para 56 milhões de libras esterlinas, no ano passado.
Já as vendas de uísque para o Japão tiveram uma recuperação ano a ano de 18%, para 76 milhões de libras esterlinas, e houve um crescimento drástico em alguns mercados emergentes. O México, por exemplo, adquiriu 17% mais uísque, totalizando 115 milhões de libras esterlinas, enquanto as remessas para a Turquia cresceram 24%, para quase 53 milhões de libras esterlinas.
Na China - onde as vendas foram prejudicadas pela repressão do Partido Comunista à corrupção e ao consumo extravagante das autoridades - as vendas diretas tiveram recuperação de 5%, para 41 milhões de libras esterlinas.
A associação chamou a atenção para a persistente relevância do setor de uísque no mercado da União Europeia (UE), que absorveu 1,2 bilhão de libras esterlinas do produto em 2015. Esse alto consumo é considerado uma advertência implícita contra o voto para que o Reino Unido deixe a UE no referendo marcado para o mês que vem.
"A continuidade da filiação à UE também contribuirá para dar sustentação às exportações de uísque escocês para o mercado único e deixará o "scotch" bem- posicionado para se beneficiar das tarifas mais baixas e do acesso mais justo ao mercado que a UE tem conseguido oferecer... a países do mundo inteiro", afirmou Frost.
As vendas para a UE tiveram queda de 3,6% no ano passado, enquanto as destinadas à América do Norte subiram 3%, para 941 milhões de libras esterlinas, ajudadas pela estabilização do mercado americano e pelo crescimento de 15% registrado no Canadá.
Segundo a associação, persiste a tendência de reduzir a dependência do mercado dos "blends", com a ligeira alta obtida no ano passado pelas exportações de uísque "single malt", para 916 milhões de libras esterlinas.
Valor Economico - 19/05/2016
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