Wednesday, September 18, 2013

Audi confirma volta ao Paraná com produção de A3 Sedan e Q3

O presidente mundial da Audi, Rupert Stadler, confirmou, em encontro realizado com a presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira (17), que a montadora alemã vai retomar a produção de automóveis no Paraná, na fábrica da Volkswagen, em São José dos Pinhais, cidade da região metropolitana de Curitiba. O anúncio ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, onde Stadler confirmou também que a produção será retomada com a fabricação dos carros A3 Sedan e o utilitário esportivo Q3.
Esperava-se, inicialmente, que o A3 hatch também virasse um produto nacional -- o modelo compartilha a mesma plataforma do Golf 7 e já foi fabricado por aqui entre 1999 e 2006. Contudo, a decisão de não incluí-lo no pacote brasileiro pode ter como causa o fato de que os hatches médios iriam ocupar faixas de preços semelhantes (dependendo das versões) e poderiam provocar o chamado "canibalismo" dentro do mesmo grupo.
VW formaliza investimento na próxima semana
O governo paranaense confirmou para a próxima semana uma audiência com representantes da Volkswagen no intuito de formalizar o inves­timento alemão na planta de São José dos Pinhais. Extra­oficialmente, fala-se em R$ 700 milhões para viabilizar a fabricação da sétima geração do Golf, em 2015. O modelo, lançado na Europa há pouco menos de um ano, estreia por aqui no dia 27, importado da Alemanha – atualmente o Golf feito no Complexo Volkswagen é uma versão tropicalizada da quarta geração.
Não se sabe ainda se o aporte teria por objetivo im­plementar tecnologia e mão de obra para a produção do carro ou se o recurso será destinado à ampliação da estrutura, já que a fábrica receberá também os modelos Audi A3 Sedan e Q3 (utilitário esportivo), além de já produzir os modelos da família Fox (CrossFox e SpaceFox) e o Golf nacional.
Recentemente, a VW obteve licença ambiental do Ins­tituto Ambiental do Paraná para um aumento de área da fábrica, com prazo para as mudanças na unidade até julho de 2015. Seria uma saída para acomodar sem apertos as cerca de 15 mil unidades/ano que a Audi pretende materializar até 2018, volume este bem próximo do que certamente a VW projeta por ano para o novo Golf. Soma-se ainda os atuais 20 mil veículos/mês feitos lá para restante do catálogo VW no estado.
Outra solução seria migrar a linha Fox para a fábrica de General Pacheco, na Argentina, e assim abrir espaço aos futuros moradores. Hipótese não descartada, uma vez que surgiram rumores de que engenheiros do país vizinho visitaram Curitiba recentemente para fazer treinamentos e estudar a readequação da linha hoje também feita na Argentina. Nada, porém, foi confirmado pela Volkswagen.
Stadler disse, em pronunciamento, que a montadora fará, na unidade paranaense, investimentos de aproximadamente R$ 500 milhões até 2016. A volta da empresa ao estado deverá gerar 300 empregos, e a expectativa é de que a Audi cresça 170% no mercado de automóveis brasileiro nos próximos sete anos.
Ele declarou também que considera o mercado de luxo no Brasil pequeno, mas que acredita que a Audi vai crescer junto com a expansão econômica do país.
Também estiveram presentes no encontro a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; e o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que lembrou a importância do programa Inovar-Auto, do governo federal, no qual a negociação foi inserida. O programa concede benefícios no pagamento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para empresas que estimularem e investirem em pesquisa e desenvolvimento dentro do Brasil.
De acordo com o ministro, o governo atuou nas condições macroeconômicas para trazer a Audi novamente ao Brasil, mas não influenciou na indicação dos locais onde a fábrica poderia ser instalada. “Não indicamos estados e cidades. Fazemos só o ambiente”, disse Pimentel.
A estratégia do governo federal em pressionar as montadoras a nacionalizar seu produtos, em troca de benefícios tributários que refletem num preço final menor, vem surtindo efeito. Em dois anos, BMW, Chery, Fiat, Honda, JAC Motors, Mercedes-Benz, Nissan, Toyota e agora Audi anunciaram novas fábricas no Brasil. A Jaguar Land Rover deverá ser a décima da lista. Só a chinesa Chery promete investimento de 1 bilhão em sua unidade de Camaçari (BA); enquanto a alemã BMW injetará R$ 600 milhões em Araquari (SC).
A Audi informou que ainda não sabe quando custarão no Brasil os carros Q3 e A3 Sedan. Atualmente, o preço do A3 1.4 é de R$ 94.900, enquanto o modelo A3 1.8 chega a R$ 123.900. Já o Q3 2.0 está tabelado em R$ 130.950.
Questionado sobre os incentivos fornecidos pelo governo do Paraná para a volta da montadora, o presidente mundial da Audi disse que não iria falar sobre o assunto.
Parceria alemã teve sucesso e erros
A volta da produção dos hatches médios A3 e Golf no Paraná deve reeditar uma parceria de sucesso, e também de erros na época, entre Volkswagen e Audi no Brasil. As duas fabricantes se uniram em 1999 e construíram a fábrica de São José dos Pinhais para abrigar a linha de produção dos dois carros. A aposta era tida como certa pela aliança alemã, uma vez que os modelos, mesmo importados, tinham boa aceitação pelo consumidor brasileiro. Nacionalizá-los permitiria oferecer volume de produção e preço mais competitivo. Sem contar o atrativo do câmbio daquele período, cuja paridade estabelecida pelo governo federal era de um para um entre real e dólar.
E as duas marcas trilharam a mesma estrada nos primeiros anos de compartilhamento da planta. Aqui eram produzidas a quarta geração do Golf e a primeira do A3, com bons desempenhos nas vendas. Destaque maior para o hatch da Volkswagen, que por diversas vezes fechava o mês na liderança do segmento em número de emplacamentos.
Apesar de não acompanhar a performance de loja do irmão de plataforma, o A3 ainda era o objeto de desejo de muitos jovens de classe média em busca de status. Chegou a ser o carro do ano no Brasil em 2000.
Mas, com o tempo, essa imagem foi se desgastando e de “carro de playboy” ele virou a vedete do movimento tuning, com direito à suspensão rebaixada, rodas “cromadas” e acessórios pra lá de chamativos. Era o começo do fim para o A3, que viria a ocorrer em 2006, já com a cotação do dólar não mais vantajosa.
Na época, o então diretor de Vendas no Brasil, Peter Englschall, admitiu que houve um erro nas projeções feitas sobre o crescimento do mercado brasileiro de automóveis. “A fábrica precisava de uma produção de 20 mil unidades por ano para ser rentável para a Audi e para os fornecedores”, disse ele dias antes de encerrar a linha no Paraná.
Os números, na verdade, nunca chegaram perto disso. Em 2001, seu melhor ano no país, a Audi fabricou 13.700 carros. Depois disso, a curva inverteu. Fechou 2005 com 4.475 unidades e no ano do encerramento produziu menos 2 mil modelos do A3.
A partir dali, o hatch passou a vir da Alemanha cobrando a pesada tributação para importados. No caso da Volks, a estratégia de manter o Golf em produção até hoje, porém sem acompanhar as evoluções do modelo europeu, custou a briga pela liderança entre os hatches médios. Desde 2007, o carro ostenta um visual abrasileirado da quarta geração e atualmente emplaca cerca de 800 unidades/mês.
Gazeta do Povo - 17/09/2013
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