Thursday, December 19, 2013

Fabricantes de óculos esperam crescer 250%

Fabricantes e marcas de óculos de sol esperam um crescimento de até 250% nas vendas durante esse Verão. Para fisgar compradores, apostam em armações de madeira certificada e catálogos com mais de 200 modelos diferentes. Os empresários querem conquistar parte de um setor que movimentou R$ 19,5 bilhões no ano passado e deve encerrar 2013 com um faturamento de R$ 23,3 bilhões.
Com apenas 12 meses de mercado, a Notiluca espera concluir seu primeiro faturamento anual com cerca de R$ 600 mil e mais de 70 lojas no Brasil que compram e revendem seus óculos. Além de multimarcas e óticas, a empresa, com fábrica em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, montou um e-commerce para o consumidor final. "Projetamos e produzimos modelos com armações em madeira e fabricação manual", explica o sócio e diretor comercial, Fernando Rodrigues.
A ideia da empresa nasceu nos bancos da faculdade de design de produto, em que Rodrigues e o sócio Leonardo Valente estudavam. "Tínhamos muitas atividades nas oficinas de madeira", lembra. "Um dia, o Leonardo resolveu fazer óculos de presente para a namorada e usou alguns restos de material. A turma adorou e vi uma oportunidade ali", diz Rodrigues.
Durante o desenvolvimento do projeto da companhia, outro sócio, Fábio Willers, que trabalhava com publicidade, também resolveu entrar na empreitada.
Hoje, a companhia tem 12 funcionários e um plano de internacionalização com previsão para começar a partir do próximo ano. Há também estudos para a abertura de pontos de vendas próprios. A produção mensal é de 900 pares, mas os planos dos sócios são ambiciosos. A meta é dobrar esse volume até fevereiro de 2014 e triplicá-lo até o fim do próximo ano. A fábrica oferece oito modelos diferentes, cada um com uma média de três variações de desenho. Os preços variam de R$ 350 a R$ 490.
Também apostando em modelos de madeira, a Yerik usa materiais como ébano e bambu. A marca também é relativamente jovem e foi criada em julho de 2012. Tem três sócios no comando. Beatriz Ferreiro e João Paulo Latorre cuidam do processo criativo e do marketing, enquanto Nicholas Kneip é p responsável pelo financeiro.
"Começamos a vender em multimarcas e chegamos às revistas e blogs", afirma Beatriz, que estudou design de moda e trabalhava em uma marca de acessórios do mercado de luxo.

Com quatro funcionários, a empresa faturou R$ 43 mil em 2012 e deve chegar a R$ 600 mil em 2013. A produção, de 200 pares ao mês, vem de três fábricas da Ásia, e compõe um catálogo de 20 opções. A ideia de Beatriz, que mantém um atelier de design em São Paulo, é que o volume de fabricação cresça 400%, em 2014. Os preços dos óculos variam de R$ 420 a R$ 700. "Esperamos um crescimento de 250% nas vendas nesse verão", afirma ela. Uma das novidades da estação é um modelo feito da mesma madeira usada em skates. O modelo foi lançado no mês passado e custa R$ 575.
Para atrair os fãs das lentes escuras, a Yerik vende, no máximo, 20 unidades de um mesmo par. No próximo ano, a ideia é incluir outros materiais de origem natural nos produtos e utilizá-los na criação de uma linha de acessórios, também sustentáveis. "Vamos crescer para dez funcionários, em 2014", diz Beatriz.
Na fábrica Suntech Supplies, em Itupeva, no interior do Estado de São Paulo, com 135 funcionários, 70% do faturamento é obtido com os óculos de sol. Toda a produção vai para duas marcas do grupo: a HB-Hot Buttered e a Secret. Criada há 13 anos, a empresa faturou R$ 30 milhões em 2012 e espera crescer 15% este ano, segundo o diretor comercial Silvio Luigi Cornaviera.
A empresa fabrica 40 mil pares ao mês e pretende ampliar esse volume em 10% no próximo ano, com novidades nas vitrines. "Vamos ter modelos de metal a partir de 2014", diz Cornaviera. A nova linha de produção ganhará investimentos de US$ 250 mil.
A Suntech Supplies também desenvolve, com uma parceira de São José dos Campos (SP), uma haste em fibra de carbono para ser combinada com armações em alumínio e grilamid (tipo de plástico leve e flexível).
Além de oito lojas próprias da bandeira HB-Hot Buttered, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a produção, que entrega cerca de 200 modelos, segue para mais de 20 países por meio de distribuidores. Os preços variam de R$ 200 a R$ 400.
Segundo Cornaviera, um dos principais obstáculos dos empreendedores do ramo é a concorrência desleal. "Os óculos são o segundo produto mais contrabandeado no Brasil, atrás apenas de CDs e DVDs", diz. "Sem os piratas, nosso mercado poderia ser dez vezes maior, gerando mais empregos e impostos".
De acordo com Bento Alcoforado, diretor-presidente da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), dos 100 integrantes da entidade, 95% são pequenas e médias empresas. "Para melhorar as vendas, essas empresas precisam modernizar parques fabris e investir em design", diz. "A redução do uso de modelagem de terceiros, com mais apostas em desenhos próprios, é um diferencial entre a concorrência", diz Alcoforado.
A Abióptica entregou ao governo federal um plano de desenvolvimento para o setor, que propõe ações como o fomento à capacitação técnica, linhas especiais de crédito para a modernização da indústria e desoneração tributária para os produtores. A associação estima que existam mais de 200 empresas no segmento, com 78 fábricas no Brasil, sendo 24 grandes e médias e 54 plantas de pequeno porte.
Valor Econômico - 18/12/2013
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