terça-feira, 17 de agosto, 2021

Balança comercial tem superávit recorde

A balança comercial brasileira acumula superávit de US$ 45,9 bilhões, com exportações que somam US$ 167,5 bilhões e importações de US$ 121,5 bilhões. No entanto, neste ano, as importações estão subindo e não apenas em valor – o que seria explicado pelo dólar valorizado sobre o real – ou porque 2020 foi um ano atípico. O Brasil está, de fato, importando mais até do que em 2019.
Entre janeiro e julho deste ano, o Brasil importou 99,89 milhões de toneladas de produtos. No mesmo período de 2020, foram importadas 81,7 milhões de toneladas. Nos sete primeiros meses de 2019, a compra dos outros países somou 86,4 milhões de toneladas.
Estão maiores as importações da Ásia, Europa (exceto União Europeia), América do Norte, América do Sul, Mercosul, Associação de Nações do Sudeste Asiático, Oriente Médio, Comunidade Andina de Nações, América Central e Caribe e Oceania. Apenas África e União Europeia venderam menos ao Brasil até julho deste ano do que até julho de 2019.
De acordo com o presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, as importações estão maiores porque as empresas brasileiras estão precisando recompor seus estoques. “Em abril de 2020, com a pandemia, as empresas pararam de consumir e passaram a consumir os estoques. Hoje, há falta de componentes e, por isso, há um movimento mais forte de importações, principalmente de bens intermediários, para a indústria de transformação”, analisa. Entre esse bens estão equipamentos e peças para indústria automobilística, aeroespacial e petrolífera, entre muitas outras.
Castro ainda lembra de um outro desafio que pressiona as empresas: a “falta” de navios e contêineres, o que eleva o preço do frete e gera desequilíbrios. O reaquecimento do comércio global e o maior tempo de desembaraço de mercadorias em portos no mundo tem gerado falta de embarcações na costa brasileira.
“As empresas ou importam ou fecham a fábrica. Escolhem, portanto, importar”, avalia. Ele acredita que este aumento de importações deve avançar por 2022, mas não deverá afetar a balança comercial porque as commodities, das quais o Brasil é grande exportador, estão com preços elevados.
O professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Unicamp, Marco Antonio Rocha, analisa que o crescimento das importações pode, no médio prazo, influenciar no desempenho da balança comercial.
No entanto, ele observa que o Brasil está também comprando mais gás natural, petróleo e fertilizantes. “Estamos passando por um ciclo de alta das commodities, o que afeta as importações. Para além disso, é ainda difícil saber como a pandemia pode ter afetado as importações brasileiras. Após a crise de 2008, vimos que houve uma reorganização das cadeias globais (de suprimentos). As crises repercutem bastante no comércio internacional”, diz.
Ele avalia, contudo, que impressiona a dependência que o Brasil tem de produtos do exterior. “A economia brasileira tende a ser importadora. Com um baixo crescimento econômico, esses problemas (de capacidade de produção local) ficam de menor porte. Com a retomada, voltam a aparecer”, resume.
Já a relação comercial do Brasil com os países árabes não deverá sofrer mudanças significativas nos próximos meses, pois vendas e compras estão baseadas em commodities, principalmente venda de petróleo e derivados pelos árabes e de produtos agrícolas a partir do Brasil.
“O que se poderia era ampliar as importações e exportações para produtos de maior valor agregado. No entanto, é uma pauta para o médio e o longo prazos”, diz Castro.
ABIHPEC - 16/08/2021
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