quinta-feira, 17 de agosto, 2017

Crise atrapalha planos de expansão e docerias se adaptam para sobreviver

São Paulo - A crise prejudicou os planos de expansão e a receita de diversas docerias no Brasil. Até mesmo marcas consagradas do setor tiveram de enxugar os gastos no período para sobreviver. Em busca de manter as margens e continuar em alta após a recessão, elas diversificaram a atuação, e estão de olho em novos mercados.
Presente no Brasil desde 2006, a empresa argentina Havanna é um bom exemplo dessa guinada nos negócios. Conhecida por seu tradicional alfajor, a rede mudou o foco em 2016 e agora, além dos doces, suas unidades vendem itens de cafeteria e salgados, como empanadas típicas da Argentina, lanches e sanduíches. "Desde o ano passado, diversificamos a visão do nosso negócio e isso nos deu estabilidade e uma melhoria do faturamento", afirma o diretor geral da Havanna Brasil, Diego Schiano.
Com 44 operações atualmente, que estão espalhadas em distintos modelos e nichos, como aeroportos e livrarias, a Havanna Brasil almeja manter a alta de 17% no faturamento em relação ao último ano, chegando à marca de R$ 80 milhões ao término de 2017. Atuando com o modelo de franquias desde 2014, a rede traçou um plano de expansão que visa estar com 320 unidades até 2022.
Para cair no gosto do brasileiro, a rede planeja instituir o "Dia do Alfajor" no País, que seria comemorado a cada dia 14 de setembro. "Pouco a pouco, o consumo de alfajor está sendo mais intensificado no Brasil. Ainda não é algo como o chocolate para o brasileiro, mas o produto está cada vez mais conhecido", admite.
Referência no mercado de bolos no Brasil, a Sodiê Doces inaugurou recentemente sua fábrica de salgados em um aporte de R$ 4 milhões. Com isso, a estratégia é manter a rentabilidade dos franqueados da rede e não depender tanto dos fornecedores de salgados. "A fábrica começou a funcionar em maio. Após três meses, estamos com grandes resultados. É mais um projeto que está dando certo e vai se transformar na expansão da Sodiê Salgados", diz a diretora da Sodiê Doces, Cleusa Silva.
Com ampla atuação no mercado nacional (287 lojas), a Sodiê Doces obteve um faturamento de R$ 280 milhões em 2016. A meta de crescimento para as vendas este ano, no entanto, é tímida: somente 3%.
Sinal de alerta
"Nossa expansão travou. Estamos inaugurando algumas lojas com alguns franqueados, perdendo um pouco da margem, e administrando alguma inadimplência", diz Cleusa que, apreensiva com o cenário, acrescenta: "Na crise, empatar [o faturamento] já é considerado vitória para mim."
Reflexo da recessão, a rede de franquias Amor aos Pedaços viu seu faturamento comprometido e teve de encerrar algumas operações nos últimos anos. "Em 2016, abrimos oito unidades e fechamos quatro. Por conta da crise, que afetou todas as partes do País, tivemos uma mudança no rumo, como o distanciamento de alguns franqueados, e isso gerou um problema de queda de faturamento", reconhece o gerente de expansão do Amor aos Pedaços, Júlio Valeriano.
Para manter a rentabilidade nos meses sem datas sazonais, o Amor aos Pedaços mantém eventos especiais, como seu Festival do Morango, para atrair os clientes. "Trabalhamos muito com as datas do varejo, com bolos e campanhas específicas para todas as datas comemorativas. Além disso, temos eventos que trazem novidades voltadas à base de frutas, como o Festival de Verão e o Festival do Morango", diz.
Nadando contra a maré negativa, a rede de bolos artesanais Bolos da Cecília cresce gradativamente. Com objetivo de faturar R$ 6 milhões este ano, alta de 50% ante 2016, a empresa comemora o brando reaquecimento da economia em 2017. "Sempre existiu crise, mas conseguimos passar por ela com responsabilidade. Apesar de estamos longe do ideal, já vemos traços de um futuro brilhante", projeta o sócio da rede Bolos da Cecília, Fernando Mattos.
DCI - 17/08/17
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