quarta-feira, 09 de agosto, 2017

Após comprar Vigor, Lala quer acelerar melhora de margens

O diretor-presidente da mexicana Lala Foods, Scot Rank, disse na sexta-feira (4/8), em teleconferência com analistas, que a estratégia da companhia para gerar valor após a aquisição da Vigor é acelerar o crescimento no segmento de produtos de valor agregado.
Na quinta-feira (3/8), o conselho de administração da empresa mexicana aprovou a aquisição de até 100% das ações da Vigor Alimentos e, direta ou indiretamente, até 100% das ações da Itambé Alimentos, por um valor de R$ 5,725 bilhões, que inclui dívidas.
Considerando vendas líquidas da Vigor em 2017, estimadas em R$ 5,024 bilhões e um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 329 milhões, os múltiplos da transação ficaram em 1,1 vez as vendas e em 17,4 vezes o Ebitda, segundo a Lala.
O contrato de compra e venda assinado pela Lala, JBS e pela J&F, controladora da Vigor, prevê que a empresa mexicana vai adquirir 91,99% das ações da Vigor. A Arla Foods International tem uma participação de 8% na Vigor, mas ainda não está definido se venderá sua fatia. Além disso, o negócio contempla a aquisição direta ou indireta, de até 100% das ações da Itambé.
A CCPR (Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais Ltda) tem 50% da Itambé e tem 45 dias, conforme o acordo de acionistas, para decidir se continuará na sociedade, se venderá sua fatia, ou mesmo se tem interesse em recomprar as ações que vendeu da Vigor.
Lembrando que a Itambé tem uma ligação muito próxima com a CCPR, Rank deu a entender, na teleconferência, que a Lala gostaria de manter a parceria com a central de cooperativas. “Gostaríamos de manter essa relação com a CCPR. É uma cooperativa boa, com leite de grande qualidade. (...) Estamos muito interessados em manter o relacionamento com a cooperativa por muitos e muitos anos”.
Planos para Vigor
Segundo ele, o plano para a Vigor é fazer o segmento de produtos de valor agregado crescer mais rapidamente do que o negócio de commodities. “[Vigor] demonstrou o potencial de fazer isso nos últimos anos, e a ideia é continuar esse modelo, com o crescimento acelerado em iogurtes, queijos e leites especiais”.
De acordo com Rank, além disso, a estratégia é expandir a venda para canais selecionados nas regiões onde a Vigor já tem presença ou está sub-representada. A Lala vai buscar ainda a expansão geográfica da Vigor, “que estava no modelo, mas de forma muito conservadora”, segundo ele. Para a Lala, há oportunidades de crescimento no Sul e Norte do País nos próximos anos. Hoje, Vigor e Itambé estão presentes principalmente no Sudeste.
Ele afirmou que, para expandir a margem bruta da Vigor, a Lala vai investir na melhora do mix de produtos. “Eles provaram ser muito bem-sucedidos em obter crescimento via inovação e marca. A intenção é continuar a fazer isso e continuar a melhorar o mix todo ano. Isso ajudará a expansão da margem”, disse, acrescentando que as sinergias também vão ajudar.
Rank não deu detalhes sobre potenciais sinergias pois disse que dependem da configuração final do negócio com a Vigor, o que deve ser conhecido em 60 dias.
Embora o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) da Vigor tenha recuado de forma expressiva no ano passado, o CEO da Lala vê um “um negócio com forte potencial de geração de Ebitda”. Em 2016, Vigor e Itambé tiveram uma receita líquida consolidada de R$ 4,928 bilhões e um Ebitda de R$ 243 milhões. No ano anterior, o Ebitda havia sido de R$ 456 milhões, para um faturamento líquido de R$ 5,220 bilhões.
Scot Rank observou que a margem Ebitda ficou em 8% a 9% em 2013 e 2014, mas “dificuldades com preços do leite” derrubaram a margem. Questionado sobre a evolução do Ebitda da Vigor, disse que a Lala acredita estar “no caminho” para alcançar os R$ 329 milhões estimados este ano.
Questionado sobre o financiamento da aquisição, Scot Rank voltou a afirmar que isso também vai depender da estrutura final do negócio. Isso porque o valor de R$ 5,725 bilhões considera 100% da Vigor e também 100% das ações da Itambé e ainda não se sabe a Lala comprará os 50% restantes.
Mas o executivo disse que a empresa mexicana tem “parceiros muito bons” para o empréstimo-ponte” e taxas competitivas. De acordo o CFO da Lala, Alberto Arellano García, a dívida deve ser feita com uma combinação de taxas e moedas, principalmente peso mexicano e reais.
Segundo o CFO da Lala, a aquisição da Vigor levará o nível de alavancagem da empresa a 2,3 vezes (relação entre dívida e Ebitda). Questionado por um analista, Scot Rank admitiu que o nível é inferior às 3 vezes normalmente vistas no mercado porque a Lala quer “estar na posição de poder aproveitar outras oportunidades” de aquisições no mercado. O CEO da Lala afirmou que a empresa vai começar o processo de desalavancagem num prazo de seis meses após o fechamento da compra da Vigor.
Supermercado Moderno - 07/08/2017
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