segunda-feira, 30 de janeiro, 2017

Venda da quantiQ pode afetar varejo brasileiro do plástico

Ao comprar da Braskem, por R$ 550 milhões, a distribuidora quantiQ, a costa riquenha GTM Holdings acende um rastilho de pólvora na direção do varejo brasileiro de resinas. Afinal de contas, até hoje não se sabe na praça de justificativa convincente para a Braskem não ter incorporado a quantiQ, maior distribuidora de produtos químicos do país, à sua rede de agentes autorizados para comercializar polietileno e polipropileno. Qualificação para o negócio, a quantiQ tem de sobra. Além do faturamento orçado em R$ 1 bilhão, seu grau de capitalização e infra estrutura de quatro centros de distribuição e sete bases logísticas no território nacional batem longe os indicadores de pelo menos três dos cinco atuais agentes de resinas das Braskem. Familiaridade com o setor plástico também não é empecilho, pois a quantiQ é originária da extinta Ipiranga Química, referência no século passado como varejista de poliolefinas e que caiu no colo da Braskem por ser ativo integrante de duas companhias abocanhadas pelo grupo, a Ipiranga Petroquímica e a Quattor. Pela intrigante política de distribuição da Braskem, a quantiQ foi alijada da revenda autorizada das resinas de sua controladora, assim como da concorrência importada. Sob comando agora da GTM Holding, subordinada à gestora de fundos privados de investimentos Advent International , descortina-se o prenúncio de uma guinada no portfólio da quantiQ. Afinal, a GTM já distribui polipropileno e polietileno na América Latina, atuando pelo esquema multibandeira vetado pela Braskem aos seus distribuidores no Brasil. Além disso, de acordo com projeção da consultoria Townsend, a capacidade norte-americana de polietileno será acrescida de 7,3 milhões de toneladas nos próximos três anos, convergindo para a formação de um mega excedente a ser atenuado mediante um esforço exportador, um quadro de guerra de preços onde a América do Sul figura entre os canais de desova mais atraentes para o polímero. O Brasil, mesmo açoitado por três anos anos a fio de recessão, ainda é um mercado maiúsculo na região, razão pela qual investidores nos novos complexos de polietileno nos EUA, a exemplo da ExxonMobil, já se movimentam por aqui sequiosos por representantes locais bem estruturados, de boa saúde financeira e traquejados no varejo do plástico. Um cenário que torna a quantiQ, livre das amarras da Braskem, uma noiva sob medida para ser cobiçada por esses pretendentes do exterior. E se valer aqui a política multibandeira de distribuição da GTM, nada impedirá a quantiQ de comercializar polietileno e polipropileno importados de diversas marcas. Tem mais: o negócio de resinas e derivados figura entre os 18 que a GTM opera na sua chamada área industrial. Em contraste, os cinco distribuidores da Braskem têm em polietileno e polipropileno o coração do seu negócio. “A alienação da quantiQ está em linha com a estratégia de reforçar nossa atuação no setor petroquímico, otimizando o portfólio de ativos da Braskem dentro do nosso compromisso com a disciplina financeira”, declarou Fernando Musa, presidente da Braskem. Fica no ar se o passo seguinte desse planejamento será a venda da participação minoritária (20%) da empresa na componedora de polipropileno Borealis Brasil S.A.
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