sexta-feira, 23 de setembro, 2016

Sardinha é peixe preferido do consumidor mais rico

Nas gôndolas brasileiras, o mar tem estado para peixes em lata. As vendas do produto cresceram acima da inflação no último ano, segundo duas das principais consultorias de mercado, a Nielsen e a Euromonitor. E o mercado assiste a uma novidade: enquanto o atum - uma espécie de peixe mais cara - ficou mais presente que antes na mesa das famílias de nível socioeconômico menor, a sardinha - produto visto como popular - está em alta entre os mais ricos, segundo a consultoria Nielsen.
Em parte, isso é resultado de investimento da indústria em divulgar qualidades nutricionais do peixe: além de ômega 3, elas têm alto teor de cálcio, por causa das espinhas que se dissolvem no cozimento.
Análises de mercado apontavam preocupações em relação ao efeito para a saúde dos enlatados, afirma Renata Martins, analista de pesquisa da Euromonitor Internacional, o que levou a indústria a lançar opções com até 80% menos sódio, por exemplo, além de fazer campanhas publicitárias para deixar claro que, apesar de serem conservas, os produtos não têm conservantes.
O que permite que uma lata dure até quatro anos é o processo industrial: as latas são fechadas hermeticamente e depois submetidas a alta temperatura, o que cozinha o conteúdo e o esteriliza.
O avanço de enlatados entre consumidores mais ricos também reflete a adoção de embalagens mais práticas e a ampliação dos tipos de produtos. No total, dados da Euromonitor mostram que o consumo de peixes em conserva subiu 13,8% no valor vendido entre 2014 e 2015 (já descontada a inflação), chegando a R$ 3.196,3 bilhões.
Em volume, a alta foi de 5,4% entre 2015 e 2014, nos cálculos da Euromonitor, e de 5,2% no último ano móvel no levantamento da consultoria Nielsen. A alta supera a da cesta onde estão contidos nas análises da Nielsen, a de Culinários, que vendeu 1,5% a mais em volume.
Praticidade à mesa
Segundo Martins, da Euromonitor, o consumidor de maior aquisitivo é o principal responsável pelo aumento de vendas do que a indústria chama de "itens com maior valor agregado". O jargão costuma indicar que o fabricante assumiu funções que antes eram do cliente.
O filé de sardinha, por exemplo, já vem sem pele e espinhas. O atum ou salmão já está misturado a batata, maionese, ervilha ou azeitona, num pote que, além da tampa abre-fácil, vem com um garfinho de plástico.
As embalagens que dispensam abridor de lata resultaram em crescimento de vendas de 11% ao ano em número de unidades, de 2010 a 2015, segundo a Euromonitor.
A própria introdução de outras espécies de peixe - além do salmão, cavalinha, mexilhões e espécies mais nobres de atum, como o yellowfin - faz parte dessa estratégia de crescer em um nicho em que o volume pode até ser menor, mas o lucro é maior.
Antes restritos a duas ou três variedades de sardinha e atum, os fabricantes chegam a oferecer hoje mais de 50 linhas diferentes de produtos. Dados da Euromonitor mostram esse avanço da lucratividade: nos últimos cinco anos, o aumento real do segmento foi de 29,5% em volume e de 89,6% em valor, já descontada a inflação.
Custo-benefício
A Nielsen prevê que as vendas do segmento continuem crescentes, não apenas na quaresma (quando o consumo de peixe é sempre mais alto) mas em todos os meses do ano. Sabrina Balhes, gerente de contas da consultoria Nielsen, porém, diz que o ritmo desse crescimento vai depender do custo-beneficio que as marcas consigam entregar durante a crise econômica.
O consumidor brasileiro vem buscando cada vez mais opções econômicas, diz ela, seja na escolha do ponto de venda (com a migração para os atacarejos, que vendem embalagens maiores e produtos mais básicos) seja na troca por marcas mais baratas.
As latas de sardinha maiores, em que o custo por quilo é mais baixo, tiveram no último ano móvel o triplo do crescimento de venda da média do segmento. Segundo pesquisa da Gomes da Costa divulgada pela SM, 90% dos compradores tanto de sardinhas quanto de atum em lata são mulheres, de todas as faixas etárias. Elas compram de duas a três latas, uma vez por mês, mostra a pesquisa.
Supermercado Moderno
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