quarta-feira, 10 de agosto, 2016

Preço em mercadinho é menor pela primeira vez

Pela primeira vez nos últimos cinco anos, os preços praticados em lojas de vizinhança, os chamados "mercadinhos", estão inferiores ao valor verificado em supermercados e hipermercados, numa inversão da lógica que rege o varejo alimentar, em que escala é determinante para preço. Como o levantamento realizado pela consultoria GfK inicia-se em 2011, também é o primeiro ano em que se verifica a mudança.
Dados coletados mensalmente pela consultoria em 400 varejistas com 1.920 lojas no país mostram que, numa cesta para 35 produtos, o valor verificado em minimercados de janeiro a março atingiu R$ 232,49, e em supermercados e hipermercados, a soma foi a R$ 233,81. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a elevação dos preços nas lojas de maior porte foi de 14,3%. Já nas lojas de vizinhança, com mais de quatro caixas, a expansão foi de 10,7%.
Nos últimos cinco anos, a cesta pesquisada sofreu alta de 46,3% nos supermercados e hipermercados, já nos minimercados, a elevação foi de 42,8%. Na avaliação de Marco Lima, diretor da área de varejo da GfK, a capacidade de as lojas de menor porte oferecerem preços mais competitivos reflete esforços das empresas voltados a corte de custos e revisão de gastos a partir do ano passado.
"A piora do ambiente econômico forçou esses negócios a se readaptarem e, mais enxutas, conseguem repassar algum ganho para preço. Mesmo que isso ocorra com alguma perda de rentabilidade, como acreditamos que aconteceu, foi uma forma de não perder mercado e manter vendas", disse ele, durante o Encontro Nacional da Cadeia do Abastecimento, ontem, em São Paulo.
Segundo Ricardo Reginato, diretor do Mercado Kiwi, loja de vizinhança em Curitiba, de um ano para cá a empresa reduziu volume de funcionários em 10% e conta que tem conseguido manter preços mais competitivos em áreas como padaria e açougue. "Em produtos que temos que manipular, nós conseguimos oferecer preços mais combativos. Em mercadorias industrializadas é quase impossível pela escala que as grandes redes têm", diz Reginato.
"Em frutas, verduras e legumes, conseguimos um preço melhor para algumas mercadorias. Em alguns itens, como feijão, por exemplo, eu tenho hoje preço menor do que o supermercado de redes grandes. Acho que isso acontece porque em muitos casos, a rede maior quer proteger sua margem em determinada categoria, mesmo que perca algum volume", disse Adriana Chalita, proprietária do minimercado Mel e Pimenta, na região central de São Paulo.
Valor Econômico
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