sexta-feira, 12 de agosto, 2016

Calçadistas incrementam receita com franquias, lojas próprias e acessórios

São Paulo - O design e a qualidade dos calçados brasileiros já são reconhecidas, mas gigantes como Grendene, Alpartagas e Arezzo também buscam elevar os ganhos com franquias, acessórios e lojas próprias.
Vale tudo para ampliar a receita em situação de crise econômica, dizem especialistas ouvidos pelo DCI. Mas o diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado, destaca que inovar ainda é garantia de negócio. "É uma estratégia para momentos de crise que pode ser bem sucedida caso a marca consiga oferecer inovação e soluções completas para o consumidor".
A Alpargatas, dona da Havaianas, vem apostando na abertura de lojas próprias e franquias. No primeiro semestre deste ano, a marca contava com 532 franquias, ante 504 um ano antes. Já as lojas próprias saltaram de 32 para 37 no período. A fabricante brasileira também investiu na oferta de chaveiros, óculos e capas para celulares da marca de chinelos.
Entre janeiro e junho deste ano, a Alpargatas obteve receita de R$ 1,13 bilhão, alta de 13% frente ao mesmo intervalo do ano passado.
Segundo o presidente da companhia, Márcio Utsch, o resultado na primeira etapa deste ano foi melhor que o esperado, o que elevou as expectativas para 2017. "O bom desempenho do período deve-se ao reforço de nichos, estoque mais robusto e correção de deficiências em distribuição", explicou o executivo em teleconferência com analistas.
Para o coordenador da pós-graduação em Gestão Estratégica do Ibmec, Luiz Barbieri, buscar a diversificação de produtos e de pontos de vendas é muito positivo. "É uma estratégia para seguir crescendo em um mercado que, como todos os outros, foi afetado pela retração. Mas no caso de marcas ícones, como a Havaianas, é preciso ter atenção para que a identidade da marca não seja perdida e o carro-chefe não saia perdendo".
Bolsas e chaveiros perfumados também entraram com força em canais multimarcas e lojas próprias da Melissa, produzida pela Grendene. A companhia teve receita líquida de R$ 883 milhões no primeiro semestre, impulsionada pela alta de 5,7% no volume vendido entre abril e junho. Sem falar no reajuste de preços 2,3% também no segundo trimestre
Na visão de Prado, esse é um caminho clássico: agregar valor, recompor margens, sair da briga de preço e estimular o consumo. "Com o poder de compra reduzido, o consumidor que pensava em comprar dois pares de sapato compra apenas um, mas vê uma novidade e tem curiosidade. Assim, cria-se uma oportunidade de maior gasto. Às vezes os acessórios garantem uma margem tão boa quanto os próprios calçados", reforça.
A Grendene não ficou só na venda combinada de produtos.A Melissa contava com 216 lojas próprias em junho, 30 unidades a mais em relação ao mesmo mês do ano passado.
Multimarcas
A ampliação do canal de vendas também é aposta da Arezzo. Na semana passada, o presidente da empresa, Alexandre Birman, afirmou que está trabalhando para ampliar os clientes (lojistas) multimarcas e melhorar as vendas nessas unidades, "em meio ao ambiente desafiador no canal".
"Houve queda na confiança dos lojistas e, por consequência, redução das encomendas", disse ele, em teleconferência para detalhar os resultados.
O executivo comentou, porém, que, ao mesmo tempo em que avançam as investidas sobre canais multimarcas, a Arezzo continua abrindo lojas próprias. "são uma grande avenida de crescimento para o nosso negócio", ponderou.
Na visão de Barbieri, essa é uma situação que deve ser avaliada já que lojas próprias possuem vantagem por oferecer uma variedade maior de produtos, podendo abalar revendedores. "O risco dessa diversificação está na sustentabilidade do negócio, para que um não rivalize com o outro", acrescentou o professor.
DCI
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