terça-feira, 12 de julho, 2016

Perfumarias veem vendas crescerem pouco após alta no preço de produtos

São Paulo - Um dos mais resilientes setores da economia nacional, o varejo de perfumaria, higiene e cosméticos conseguiu atingir um leve crescimento nas vendas durante o 1º semestre deste ano, apesar de ver os preços de seus produtos aumentarem, em média, 11% acima da inflação de 2015.
Entre especialistas e empresários, a sensação é de que os resultados poderiam ser melhores, caso não houvesse acontecido, em janeiro deste ano, o aumento da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre produtos considerados supérfluos em 18 dos 27 estados do País.
"Temos mantido o ritmo de crescimento em linha com a inflação atual. No primeiro semestre, foi algo em torno de 7%. Foi um período em que a conjuntura não ajudou em nada o nosso setor", avalia o diretor-geral da Ikesaki Cosméticos, Élcio Arfelli.
Nesta conjuntura, diz ele, inclui-se a falta de confiança do consumidor, a retração nos índices do varejo, a inflação alta e, principalmente, o aumento da carga tributária sobre os produtos. "Tudo isso contribuiu para que tivéssemos um resultado bastante tímido", comenta Arfelli.
Apesar disso, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), aliado ao segmento de farmácias, as perfumarias estão entre as únicas parcelas da economia brasileira com registros de crescimento nas vendas no Estado de São Paulo. Entre janeiro e abril deste ano, farmácias e perfumarias registraram crescimento de 0,8% no volume de vendas, em comparação com o verificado no mesmo período do ano passado.
"As perfumarias conseguem resistir mais porque as mulheres substituem um produto de primeira linha por um de segunda, encontrando, assim, uma forma para continuar comprando produtos de beleza", analisa o presidente da ACSP, Alencar Burti.
Mesmo com o alento dos números, a previsão para o ano não é de avanço. Pelo contrário, a associação acredita que o setor deve ter nova retração, porém menos acentuada que a observada em 2015.
No ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o faturamento da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos teve queda real de 8%. O comércio ao consumidor final encerrou o ano pouco acima dos R$ 100 bilhões.
"Há uma sinalização de que em maio e junho as vendas foram melhores em muitos setores. Vamos esperar para observar os resultados no segundo semestre para avaliar se haverá um recuo forte, como no ano passado, ou se a queda será menor, que é o que esperamos na avaliação atual", indica o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa.
Pequenas perfumarias
A visão de estabilidade nas vendas é observada também nas pequenas perfumarias de bairro. O reflexo desse cenário está nas compras dos pequenos comerciantes de cosméticos junto aos distribuidores.
"De uma maneira geral, os negócios estão estáveis. Os pequenos empresários deixaram de comprar alguns produtos, mas passaram a escolher outros. Por enfrentarem mais dificuldades com capital de giro e estoques, eles estão comprando menos, mas vão mais vezes ao ponto de venda", diz o diretor-geral da Empresa Brasileira de Cosméticos (EBC), César Tsukuda. A companhia vende produtos no atacado para pequenos e médios comércios do setor de perfumaria, higiene e cosméticos.
Em linha com a Ikesaki, Tsukuda cita o aumento da carga tributária como o maior vilão para a freada no crescimento do setor, mesmo durante a crise econômica.
"Ainda no primeiro semestre do ano passado, em busca de novos recursos, o governo federal passou a cobrar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os itens de beleza e perfumaria. Mas o reflexo dessa decisão está nos resultados deste ano", afirma.
De acordo com Tsukuda, a cobrança da alíquota sobre os produtos levou os preços nas prateleiras a subirem entre 20% e 25%. No ano passado, o problema não foi tão grande, segundo o diretor, porque os empresários já haviam estocado itens sem o imposto.
"Com certeza isso causou uma redução do consumo, principalmente em vista dos problemas econômicos que o consumidor já sofre, como inflação, confiança e alta de variados custos", explica.
Para Tsukuda, duas categorias específicas de produtos evitaram que os números do setor fossem negativos no primeiro semestre: itens relacionados a cabelos cacheados e maquiagens. "Eles têm sustentado, surpreendentemente, o volume de negócios", conta.
A EBC também têm colhido os resultados dessa alta nas vendas destes tipos de produtos, com leve crescimento no faturamento entre janeiro e junho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015. Os valores movimentados, no entanto, não foram abertos por Tsukuda.
"O segredo foi se movimentar. Criamos promoções, lançamos produtos e temos tomado ações agressivas para driblar o pior ano do varejo de perfumarias dos últimos vinte anos", complementa.
DCI
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