sexta-feira, 15 de julho, 2016

Eli Lilly quer dobrar operação no Brasil até 2020

Até 2020, a farmacêutica americana Eli Lilly pretende dobrar o tamanho da operação brasileira, em número de pacientes, e alcançar a liderança nos mercados mundial e doméstico de insulinas. Para tanto, manteve-se firme no caminho da inovação increnental e radical - ao contrário de muitas de suas pares, não está avaliando oportunidades de aquisição ou fusão para impulsionar o crescimento dos negócios - e pretende chegar a 2023 tendo lançado 20 medicamentos e 25 novas indicações para produtos já existentes.
Especificamente no mercado brasileiro, a Lilly quer chegar a cerca de 2 milhões de pacientes atendidos (frente a 1,1 milhão nos últimos 12 meses) e lançar entre dois e três produtos por ano ao longo dos próximos cinco anos. Nesse intervalo, diz ao Valor o presidente da farmacêutica no Brasil, Julio Gay-Ger, a maior oportunidade de lançamento de produtos da nova onda de inovação da farmacêutica está no país.
"Depois da China, o Brasil é o mercado mais relevante entre os emergentes", diz. Presente em mais de 120 países, a companhia classifica como emergentes todos os mercados fora da Europa, Estados Unidos e Japão.
Sob a ótica da farmacêutica, o pipeline atual é um dos mais ricos de sua história, com sete medicamentos na terceira e última fase de desenvolvimento, 12 em fase dois de pesquisas e mais 19 na primeira fase. Em média, cada nova molécula consome entre US$ 800 milhões e US$ 1,3 bilhão enquanto é desenvolvida e pode levar 15 anos para chegar ao mercado.
"A Lilly é a 11ª ou 12ª maior do mundo com uma clara estratégia de investimento em inovação", ressalta o executivo. No ano passado, teve vendas líquidas de cerca de US$ 20 bilhões - mais da metade nos Estados Unidos, incluindo Porto Rico -, com lucro líquido de US$ 2,5 bilhões e US$ 4,8 bilhões aplicados em pesquisa. Parcerias com outras grandes farmacêuticas também fazem parte da tática da companhia, que em 2011, por exemplo, anunciou uma aliança com a alemã Boehringer Ingelheim na área de diabetes.
O Brasil já começou a receber medicamentos inovadores da nova safra de lançamentos. O primeiro foi o Cyramza (ramicirumabe), um anticorpo monoclonal indicado para o tratamento de câncer gástrico, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro deste ano. O segundo deve ser o Trulicity (dulaglutida), para controle glicêmico em pacientes com diabetes 2 e de uso semanal.
A área de diabetes é justamente um dos principais focos de atenção da farmacêutica, que está trabalhando para ter um portfólio completo de produtos. Um dos principais lançamentos, nesse sentido, é uma insulina análoga basal, que deve chegar ao país nos próximos anos. Hoje, a Lilly tem forte presença nas vendas de insulinas humanas no país, com liderança no Programa Farmácia Popular, e em insulinas análogas pós-refeição. "Seremos a primeira companhia com presença em todas as etapas. Essa é nossa estratégia para a liderança", conta.
Outra área de foco da companhia, oncologia concentra hoje cerca de 40% do pipeline de novos medicamentos. Em imuno-oncologia, a farmacêutica terá cinco moléculas em testes clínicos ainda em 2016 e até 11 ao fim de 2018. Neste momento, o Brasil participa de testes clínicos para uso do Cyramza em outros tipos de tumores e terá presença crescente nas pesquisas conduzidas pela multinacional, que realiza ensaios desde 1995 no país, com mais de 200 estudos desenvolvidos.
A chegada de novos medicamentos ao mercado doméstico e a expansão das vendas levaram à necessidade de novos investimentos na fábrica do Brooklin, bairro da zona sul de São Paulo. Neste momento, conta Gay-Ger, a Lilly está aplicando R$ 15 milhões em sua unidade fabril, sobretudo na área de embalagens.
Hoje, são produzidos no país o antipressivo Prozac, o Zyprexa (para esquizofrenia), o Cialis (disfunção erétil) e o Evista (para prevenção e tratamento da osteoporose). Os demais produtos são embalados no país. "Com mais pesquisa clínica, a Lilly trará mais lançamentos e isso deve gerar novos investimentos em manufatura", afirma.
Valor Econômico
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