Coca-Cola Femsa investe em novos sabores no País e mira público A e B

São Paulo - A Coca-Cola Femsa está empenhada no plano de diversificar seu portfólio no Brasil, ao mesmo tempo que direciona os esforços de vendas para o público A e B para enfrentar a retração da demanda interna.
"Nosso foco está nesse público que busca produtos novos e que possui maior poder de compra mesmo com a crise econômica. São pessoas que já viajaram e conhecem os produtos de outros países. Ainda virão outras novidades", disse o diretor de marketing da companhia no Brasil, Dorian Cruz, em entrevista exclusiva ao DCI.
Segundo ele, a empresa já prepara novidades para depois de setembro. Até lá, o foco são as versões Cherry e Vanilla do refrigerante no Brasil, sabores já consolidados no exterior. Paralelamente, a fabricante de refrigerantes reforça a marca maranhense Guaraná Jesus - adquirida há alguns anos pela Coca-Cola - nas regiões Sul e Sudeste, e ainda o lançamento da Coca-Cola Stevia - um refrigerante com adoçante natural e redução de 50% de açúcar.
"Só esse ano já trouxemos três sabores diferentes, então por enquanto vamos trabalhar nesses novos produtos e dar espaço para que eles se desenvolvam e tragam oportunidade para novos itens", afirmou o executivo.
De acordo com ele, as versões Cherry e Vanilla serão produzidas e comercializadas no Brasil por aproximadamente três meses. "Tudo depende do sucesso que o produto terá no mercado, mas edições limitadas sempre dinamizam o consumo. Caso exista um volume de vendas expressivo, é possível que eles entrem para o catálogo permanente."
A previsão, explica Cruz, é que as vendas dessas duas bebidas alcancem a marca de 24 milhões unidades (de 310 ml).
"A Coca possui diversas formulações ao redor do mundo e analisamos qual se adaptaria melhor ao gosto e ao bolso do consumidor brasileiro. Queremos nos reaproximar de alguns consumidores através das inovações, mas o aumento nas vendas é um processo mais complicado e não virá apenas pelos novos sabores", observa o diretor.
Ele também comenta que a decisão de direcionar esforços aos públicos A e B é reflexo da retração da demanda na classe C. "Durante muito tempo a classe C foi responsável pelo crescimento da categoria, mas agora o consumo brasileiro está estagnado, com tendência de queda", acrescenta Cruz.
Na avaliação do presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros, a inovação é essencial para a recuperação do mercado. "Sempre orientamos nossos associados nesse sentido. No caso da Coca-Cola, agregar valor a um produto já conhecido é uma estratégia inteligente em um momento em que os consumidores compram menos ou buscam opções mais baratas", declara. Para ele, novos sabores e embalagens podem ser soluções para as marcas. "Estamos falando de consumidores dispostos a experimentar o novo. Novidades como essas sempre aumentam as chances de atrair público para a categoria, ainda mais após um mês em que produzimos muito menos que o normal para o setor. No caso da Coca-Cola não é um movimento arriscado e pode, de fato, incrementar as vendas", avaliou o dirigente.
Cenário
Dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, apontam a produção de 6,814 milhões de litros de refrigerantes no primeiro semestre de 2016, queda de 4,16% sobre igual período do ano passado. Conforme o Sicobe, junho foi o pior mês para o setor desde 2011.
Bairros ainda prevê um segundo semestre difícil para o mercado de refrigerantes, com queda de 10% no volume produzido em relação ao mesmo intervalo de 2015.
"Não vejo como recuperar o dinamismo do setor no curto prazo, isso não vai acontecer porque nosso cenário político-econômico não está favorável", afirma o dirigente, que ainda considera "cedo" para fazer previsões mais precisas.
"Se fecharmos com os mesmos números de 2015 já estará muito bom, pois não há como crescer agora. O cenário deve continuar igual ou pior", lamenta. No ano passado, foram produzidos 14,9 bilhões de litros de refrigerante no Brasil.