quinta-feira, 08 de dezembro, 2016

Transportadoras vão buscar nicho do e-Sedex

São Paulo - Após a confirmação de que o serviço e-Sedex, oferecido pelos Correios, será encerrado a partir de janeiro, empresas de logística e courrier começam a se movimentar para atender a demanda que ficará reprimida sem o atendimento da estatal.
Na última semana, a transportadora pública anunciou o fim do serviço que oferecia descontos para lojistas virtuais realizarem suas entregas através da companhia, que detém o monopólio do setor no País.
"A decisão (pelo término) vai permitir que os concorrentes privados elevem essa demanda e ofereçam serviços até melhores que o ofertado hoje pelos Correios", observa o CEO do Rapiddo, Guilherme Bonifácio. A empresa realiza serviço on-line sob demanda para entregas expressas via motoboys.
Segundo ele, a demanda pelos serviços da transportadora deve subir já a partir de janeiro do próximo ano, logo após o término do e-Sedex. O potencial de crescimento com os varejistas "órfãos" dos Correios é de um acréscimo de 50% no volume de envios expressos feitos pela empresa logística.
"Hoje, o comércio eletrônico representa entre 5% a 10% de tudo que entregamos. Mas, diante do cenário, podemos elevar essa parcela para até 50%. Mesmo assim, nossos preços não subirão", garante.
Especialistas em e-commerce consultados pelo DCI acreditam que para o consumidor o custo do frete na compra de produtos poderá subir mais que os 30% previstos anteriormente, quando a estatal logística anunciou a medida. "Ainda pode subir mais que o previsto. Mas, antes de tudo, pode dar espaço à empresas aventureiras, que vão barganhar esses custos com os vendedores on-line, provocando perdas ou vendas piores para eles", alerta o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Rodrigo Bandeira.
Reviravolta
Para o dirigente da associação, a efetivação da medida tomada pelos Correios pode atrapalhar o crescimento orgânico do setor, um dos únicos do varejo brasileiro que ainda apresenta resultados positivos.
Por este motivo, ele sugere um diálogo maior entre representantes do comércio eletrônico e da estatal para que haja uma sensibilização da transportadora por conta do número de pequenos e médios empreendedores que devem ser prejudicados com a extinção do serviço e-Sedex.
"As pequenas empresas são as que mais utilizam o serviço. As entregadoras hoje tem capacidade para atender quem vende de 100 a 150 produtos por mês. Quem vende menos que isto, tem de recorrer aos Correios. Como ficará?", indagou Bandeira.
Um dos maiores marketplaces do setor, o Mercado Livre também vê o fim do serviço com preocupação.
"Nos últimos anos nós fortalecemos o setor logístico da empresa - Mercado Envios -, inclusive com a compra da Achado (empresa do segmento). Agora, vamos buscar estratégias para que esse pequeno vendedor tenha alternativas aos Correios", afirma o diretor de logística do Mercado Livre, Leandro Bassoi.
Uma pesquisa recente da consultoria Accenture revelou que 76% dos consumidores on-line analisaram a política de devolução do varejista antes de completar o pedido. O e-Sedex também realiza serviços de devolução e logística reversa.
Apesar de admitir que os fretes ficarão mais caros, caso a medida dos Correios se confirme, Pedro Guasti, presidente do Ebit, acredita que a competição e concorrência entre transportadoras podem gerar benefícios para os vendedores.
"Vamos ter mais opções disponíveis para entrega e empresas, muitas vezes disruptivas, surgindo nesse mercado. Isso pode ser positivo", avaliou.
DCI
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