quinta-feira, 01 de dezembro, 2016

Mercado interno vira alvo do setor de algodão

São Paulo - A cotonicultura brasileira, uma das mais exportadoras do mundo, sente o mercado externo saturado e a desaceleração nas compras chinesas. Agora, além de manter sua posição de fornecedor global, a cadeia está se movimentando para recuperar uma fatia da demanda doméstica que perdeu para os importados nos últimos anos.
Em resposta ao crescente uso de sintéticos na composição de tecidos para fabricação de peças de vestuário em geral, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) criou o Plano de Incentivo ao Uso do Algodão, cuja atual etapa é a campanha "Sou de Algodão" que busca parcerias diretamente com a indústria da moda nacional. O objetivo é aumentar em 5% o uso da pluma na cadeia têxtil em cinco anos.
"Descobrimos que somente 23% do vestuário feminino é composto por algodão. O masculino está na ordem de 64%. Nos segmentos infantil e cama, mesa e banho, este número chega a 83%", conta o presidente da associação, João Carlos Jacobsen. Daí o foco na indústria da moda.
O lançamento oficial foi realizado na São Paulo Fashion Week (SPFW), em outubro.
O mercado internacional é responsável por 60% da demanda do setor. O executivo destaca que o ganho médio dos produtores com a venda da commodity é de R$ 6 por quilo, enquanto a remuneração por uma camisa pode chegar a R$ 300 por quilo da pluma. "Essa diferença de valor é o que o País deixa de ganhar quando exportamos o algodão em pluma", explica.
No acumulado do ano, até o mês passado, o País embarcou 640 mil toneladas de algodão, volume 10,4% superior que o comercializado no mesmo período de 2015. Em contrapartida, dados do Ministério da Agricultura mostram que o preço médio do produto caiu 4%, em dólares por tonelada.
O analista da consultoria Safras & Mercado, Elcio Bento, avalia que há uma situação de aperto entre oferta e demanda lá fora, com a China reduzindo seu protagonismo nas importações globais.
Por aqui, entre as temporadas de 2010/2011 e 2015/2016, o consumo sofreu um tombo de um milhão de toneladas para 600 mil. "Grande parte das commodities não sente os efeitos da recessão doméstica, mas com o algodão é diferente. Você pode ficar um ano sem comprar roupas, mas sem comer não pode ficar", exemplifica o especialista.
Desta forma, será um desafio para o setor elevar a demanda interna enquanto o País ainda se encontra em crise. Para Bento, a retomada da indústria têxtil estará atrelada à recuperação econômica e, em consequência, à melhora no poder de compra das famílias brasileiras.
Na lavoura
A consultoria espera redução de 4% na área plantada da safra 2016/2017 e aumento de 9% em produção, em linha com as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O incremento no plantio de milho e o aumento de 33% nos custos de produção de algodão são fatores que podem ter levado à migração dos cotonicultores para outras culturas.
DCI
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