Segundo análise da Abras, nível de investimento de empresas do varejo alimentar deve cair por conta da piora das condições econômicas

A piora das condições econômicas, com a perda do grau de investimento do Brasil, deve afetar os planos de empresas do setor de consumo e do varejo. Economistas e associações preveem redução mais expressivas de investimentos a curto prazo, por causa da expectativa de aumento no custo de captação de recursos. Empresas varejistas já vinham sendo afetadas pela queda na demanda. Houve revisão em planos de crescimento e decisões de proteger caixa. "O nível de investimento por parte de empresas [de varejo alimentar] deve se reduzir. As companhias com atuação mais global, com matriz no exterior, podem até ter uma posição mais interessante hoje, porque podem acionar linhas de recursos no exterior mais baratas, e com isso, tentar ganhar mercado sobre as rivais. É uma possibilidade, mas difícil saber se devem tomar esse caminho num cenário econômico tão difícil", afirma Sussumu Honda, presidente do conselho consultivo da Abras. A Abras, há cerca de duas semanas, revisou a previsão de desempenho das vendas do setor neste ano, de empate para queda em relação ao ano passado. Com o rebaixamento da nota de crédito do País, anunciada pela Standard & Poor's, o custo de financiamento das empresas vai crescer e, hoje, não há espaço para repasse direcionado ao consumidor. Ontem (10/09), a Standard & Poor's informou que não rebaixou a nota do Grupo Pão de Açúcar, Lojas Renner, entre outras empresas, mas alertou que pode rever a perspectiva desses ratings para negativa nos próximos 90 dias. Empresas como Pão de Açúcar e Magazine Luiza já informaram revisão nos projetos de abertura de lojas neste ano, com menos inaugurações. Para o varejo, nos últimos 12 meses, o juro médio praticado em linhas para o capital de giro em bancos pulou de 25% ao ano para 35% ao ano, até julho, segundo fontes do setor.